Capítulo 2

703 Words
Durante toda a viagem permaneci em silêncio, pensativa, fingi estar dormindo para tentar ouvir algo, porém meus pais também ficaram em silêncio por todo o caminho. Abri os olhos algumas vezes para apreciar a paisagem. Nossa alcateia era uma das maiores, uma floresta densa e vibrante se estende por quilômetros, repleta de árvores altas e imponentes, cujas copas formam um vasto teto verde que filtra a luz do sol, criando um jogo de sombras e reflexos dourados no solo úmido. O ar é fresco e carregado com o aroma da terra molhada, misturado ao perfume das flores silvestres e do musgo que cresce entre as raízes retorcidas. Após uma hora de viagem vejo uma pequena e linda cachoeira, com pequenos riachos serpenteando por entre as pedras cobertas de líquen, seu murmúrio suave se misturando ao som das folhas balançando com a brisa, nessa hora jurava ter ouvido alguém me chamado para a cachoeira. A floresta é um santuário de vida e mistério, um reino onde a natureza reina soberana e o tempo parece seguir um ritmo próprio. Chegamos após uma hora e meia de viagem, era uma casa simples, porém aconchegante. Cercada por árvores imponentes e vegetação densa, ergue-se uma charmosa casa de madeira, com sua estrutura rústica perfeitamente integrada à natureza ao redor. O telhado inclinado, coberto de telhas escuras e musgo esverdeado, protege a pequena varanda, onde uma cadeira de balanço repousa ao lado de vasos com flores diferente, tulipas, as preferidas da vovó, rosas-brancas e vermelhas, margaridas, vovó amava flores. Ao redor da casa, o som suave de um riacho cortando as pedras se mistura ao canto dos pássaros e ao farfalhar das folhas ao vento. Vejo a vovó sentada em sua cadeira de balanço, como se soubesse a hora que chegaríamos. – Vovó, cheguei! Digo correndo para casa com os braços abertos para um quente e longo abraço. -Oi mãe, como a senhora está? Minha mãe diz com os olhos pesados de lágrimas não derramadas. - Dona Soraia? Meu pai olhando para todos os lados, menos para minha avó, a casa continua do mesmo jeito desde a última vez que estivemos aqui. - Gosto dela desse jeito Harry, não pretendo mudar, nem me mudar, minha vó diz não demonstrando nenhuma reação, sem me tirar do seu abraço apertado. - Vamos entrar, está começando a ficar muito frio aqui fora. Comemos na cozinha, o jantar já estava pronto quando chegamos, todos nos conversamos na sala após o jantar. A meia-noite batemos parabéns, comemos bolo que avó havia feito e uns docinhos preparados por mim e mamãe. - Querida, hora de dormir, vamos? Minha mãe diz se levantando do sofá. - Mas já? Mãe está muito cedo, posso ficar acordada mais um pouco? Digo fazendo beicinho. - Hora de criança irem para cama, amanhã teremos tempo para explorar tudo. Com a batalha perdida me despeço de todos e minha mãe me acompanha até minha cama, em um dos quartos de hóspedes. Acordo sentindo muito calor, levanto da cama querendo um copo de água, caminha em direção à cozinha e percebo que meus pais e vovó continuam na sala, ouço minha avó falar meu nome e paro olhando por entre a parede: - quanto tempo faz que a marca apareceu? -Uma semana minha mãe responde, olhando para meu pai que confirma com balançando a cabeça. - Tão cedo? A sua apareceu com 18 anos, ela percebeu alguma coisa? - Não, mas ela suspeita que está diferente, ela percebe quando alguém está mentindo perto dela, sente quando uma pessoa vai morrer... - Você sabe que eles vão saber e vão procurar por ela, não é Georgina? - Dona Soraia, a senhora não pode fazer a mesma poção que fez para Georgina? Meu pai diz com uma voz de desespero. - Não é tão simples assim, se eu fizer a poção eles vão saber e vão começar a procurar por ela cedo demais, a poção e pode retardar ela conhecer o companheiro dela. - Pode fazer a poção mãe… minha mãe diz com lágrimas nos olhos. - Tenho todas as ervas, entrego a vocês antes de irem embora, ela vai beber! Minha avó respondeu olhando em minha direção, ela sabe que ouvi a conversa.
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