Capítulo 2

1865 Words
A cerimônia foi difícil para Estevão, como em todos os anos. Ele amava sua falecida esposa como nunca pensou que amaria outra pessoa na sua vida. " Ah, meu amor! Não sabe a falta que você me faz!" pensava ele. Tereza, como sempre, não saia de perto dele, o que gerava ainda mais as suspeitas de Helena. - Essa sua sobrinha não "dá ponto sem nó", Emiliano! - disse ela. - Você pega no pé da Tereza demais, mulher. Por que isso? - questionou Emiliano. - Em que mundo você vive, Emiliano?... Será que só eu e Luíza percebemos? - disse Helena. - Perceberam o quê? - Que Tereza é apaixonada pelo Estevão. - Não diga bobagens, Helena! Tereza e Estevão são primos. - disse Emiliano. - E desde quando isso é empecilho pra alguma coisa? Os tempos são outros, Emiliano. - disse Helena. - Vocês duas estão exagerando. Ciúmes de mãe e de filha. - Depois não diga que não avisei. - disse Helena. Do outro lado, Luíza também tinha a mesma conversa com os irmãos. - Olha só pra ela! Será que a Tereza pensa que eu sou i****a?! - disse Luíza. - Luíza, pare com isso! Você tá vendo coisas onde não existem! - disse Henrique. - Eu também acho que é piração da sua cabeça, maninha! - disse Pedro. - Vocês dois não sacam nada! A Tereza tá tentando usurpar o lugar da nossa mãe, como dona e senhora da casa. Ela já até se comporta como tal, é só ver como ela dá as ordens aos empregados na ausência do papai. - Eu ainda acho que é exagero seu, Luíza. Você deveria ser mais grata a Tereza por tudo que ela tem feito por nós. - disse Henrique. - Relaxa, maninha! Sabemos muito bem, as preferências do papai. A tal de Alice. Não é Henrique? - Cala a boca, Pedro! - disse Hernrique estranhamente nervoso quando Pedro falou o nome de Alice. - Já chega, vocês dois! Estamos numa igreja, por favor! - disse Luíza, controlando os seus irmãos. *** Mais tarde, todos já se encontravam em casa. Estevão resolveu ir tomar satisfações com o filho Pedro, sobre o seu atraso na cerimônia. - Agora que todos, finalmente, estão em casa, eu quero saber, Pedro, onde foi que você se enfiou durante toda a noite, que nem em casa você dormiu! - disse Estevão visivelmente irritado. - Eu saí. - responde Pedro secamente. - É só isso que vai me dizer?! Que saiu?! - E o que mais quer que eu diga, pai?... Tinha uma festa, uns amigos me convidaram, eu aceitei e a festa acabou se estendendo. - disse Pedro. - O dia de hoje era importante pra todos, sabe disso! - Não! O dia de hoje era importante pra você! Você sempre manda fazer essa cerimônia, ano após ano, e pra quê?...Pra que você se sinta menos culpado pelo que houve com a mamãe?! - Pedro, pare com isso! - disse Luíza. - O papai não teve culpa de nada, foi um acidente, Pedro! - disse Henrique. - Ele sabe muito bem do que eu estou falando! Não sabe, pai? - instigou Pedro. - Cale-se, Pedro! Nem você sabe do que está falando! Não tente distorcer as coisas pra justificar a sua imaturidade e falta de responsabilidade! - exclamou Estevão. - Vocês dois querem parar com isso! Acabamos de sair de uma igreja! - disse Helena. - Foi um dia duro pra todos nós, vamos sentar e nos acalmar. - disse Emiliano. - Eu não vou ficar aqui!... Vou sair. - disse Pedro. - Você não vai a lugar nenhum antes de se desculpar com todos pela sua atitude! - disse Estevão. - Eu não tenho que pedir desculpas por nada! - disse Pedro. - Pedro, eu não estou brincando com você! Peça desculpas a todos! - ordenou Estevão. Pedro não disse nada. Pelo contrário, olhava para o seu pai com impáfia. Até que... - Eu peço desculpas a todos, menos a você. - disse olhando para Estevão. - E quer saber da verdade?... Quem deveria ter estado naquele carro era você! Todos olhavam para Pedro, chocados. - Pedro, não diga isso! - exclamou Luíza. - Perdeu o juízo?! Como pode dizer uma coisa dessas com o papai?! - disse Henrique. Pedro dá as costas a todo mundo e sai. Estevão se senta no sofá e leva as mãos à cabeça. - O que é que eu faço com esse rapaz, meu Deus?! - Para o Pedro, uma mãe faz muita falta, Estevão. - disse Tereza, que até o momento não havia se pronunciado. - Sim, Tereza. Pedro sente falta da NOSSA mãe! - disse Luíza alfinetando. - Isso não é desculpa para o comportamento dele! - disse Emiliano. - Você e Henrique também sentem falta da mãe de vocês, e nem por isso se comportam assim! - O que eu não entendo vovô, é que o Pedro não era assim com o papai. Ele começou a mudar de uns tempo pra cá. - disse Henrique. - Pedro ainda está com a cabeça muito confusa, sem saber o que quer da vida. - disse Helena. Estevão se levanta e vai para o escritório. *** Em Aruba. Já era noite, quando batem a porta do quarto de Maria. Ela vê quem é pelo olho mágico e abre a porta. - Alberto? Oi. - Oi, Maria. Eu posso entrar? - Claro. Por favor, entre. Mas eu pensei que nos veríamos só amanhã. - Eu precisei vir, Maria. O assunto é muito importante. - O que houve? - ela pergunta um pouco apreensiva. - É sobre a sua irmã. - Marcela? - Maria chega a abrir um sorriso. - Você a encontrou? Onde ela está, Alberto? - Maria... Sua irmã... Ela... - Alberto procurava as palavras - Ela está morta. O sorriso de Maria se desfaz instantaneamente. Dando lugar a um semblante de dor, como se tivessem acabado de enfiar uma faca em seu coração. - Morta?!... Não! Não pode ser!... - disse levando as mãos a cabeça - Eu quero ver a minha irmã, Alberto! Eu quero a Marcela! Quero vê-la!... Não! Ela não pode estar morta! Não pode! - ela não queria acreditar. Maria se desesperava, ela ajoelha no chão, grita, chora. - Por que, meu Deus?!... Será que eu já não fui punida o bastante?!... O senhor agora leva a minha irmã também?! Alberto abraça Maria e se compadece de sua dor. - Maria, eu sinto muito. De verdade. - Marcela!!... Marcela!! - ela gritava o nome de sua irmã. *** De volta Cidade do México. Pedro vai até o túmulo de sua mãe. - Me perdoa, mãe. Hoje eu me atrasei. Mas eu nunca deixaria de ir a sua missa. Eu sinto tanto a sua falta! Por que você teve que nos deixar, por quê?! - disse ele com lágrimas nos olhos. Na Mansão San Roman. Estavam na sala Emiliano, Helena e Tereza conversando. - Todos os anos a mesma coisa. - disse Tereza. - Ele chega da cerimônia e se tranca naquele bendito escritório! - Deixe ele Tereza. - disse Emiliano. - Sim. Estevão ainda sofre muito com tudo o que houve. - disse Helena. - Eu sei, tia, mas já faz quinze anos que ela morreu. Estevão está vivo, precisa recomeçar a sua vida. - diz Tereza. - Nisso, eu concordo com Tereza, Helena. O nosso filho é jovem. Tem todo o direito de se casar de novo. Nesse momento aparecem Henrique e Luíza. - Mas isso jamais, vovô! - disse Luíza. - Jamais vamos admitir uma outra mulher nessa casa, na casa que foi da nossa mãe! - Pega leve, Luíza! - disse Henrique. - É isso mesmo, Henrique! - ela continua. - Nosso pai pode até ter os casos dele por aí, nós não nos importamos, desde que respeite a casa da nossa mãe! Mas se casar e nos dar uma madrasta?! Isso eu não aceito! - Luíza, filha... - tentou ponderar Helena. - Não, vovó!... Por favor, não insista. Luíza sobe para o quarto. - Não ligue pra ela, vovó. Luíza é muito impulsiva. - disse Henrique abraçando sua avó. - Tudo bem, meu querido. - disse Helena. No escritório, Estevão moía e remoía as lembranças do dia em que perdera sua esposa. #Flashback Estevão on# - Como pôde ter feito isso comigo, Estevão?! - exclamou ela. - Querida, por favor, eu juro que não sei de quem é esse bilhete e nem sei como foi parar no bolso do meu patetó! Acredite em mim! - disse ele tentando se aproximar dela. - Não chegue perto de mim, Estevão! Estou cansada das suas mentiras!... Aqui está a prova da sua traição! "Obrigada pela noite deliciosa que passamos juntos! " - disse ela lendo o bilhete. - Quer dizer que essa era sua reunião importante até tarde?! - Mas eu estava numa reunião até tarde, eu juro! - disse Estevão. - Você não se cansa de mentir?! - exclamou ela. - Eu te dei o meu amor, o meu carinho... Estevão, eu te dei filhos! Nem nos nossos filhos pequenos você pensou?! - Meu amor, me escuta, por favor. - disse ele a segurando pelos braços. - Me solta! - ela se desvencilia dele. - Há quanto tempo você me engana, Estevão?? - Querida, por favor... - Eu estou te perguntando, Estevão, há quanto tempo você me engana?? Seja homem ao menos nisso e me responda! Há quanto tempo?! - perguntou ela. - Eu nunca te traí, jamais! Você não tem nenhuma razão pra desconfiar de mim! Eu sempre te amei! - disse Estevão. - É mentira! - ela gritava ainda mais. Ela sai do quarto, desce as escadas e pega as chaves do carro. - Querida, espere, por favor! Vamos conversar! Espere! - O tempo da conversa acabou, Estevão! - ela esbraveja e sai. #Flashback Estevão off# "Naquele mesmo dia, horas depois, eu soube do seu acidente! ... Por quê, meu Deus, por quê!" pensava Estevão. A cada lembrança dolorida, uma lágrima caía. O que mais machucava, mais atormentava Estevão, era o fato de sua esposa ter morrido o odiando por acreditar que ele havia lhe sido infiel. *** Em Aruba. No hotel. Maria estava mais calma, porém ainda não estava conformada. - Como foi esse acidente, Alberto? Quando foi? - ela pergunta. - Pelo que andei me inteirando dos fatos, Maria, parece que foi um acidente de carro há quinze anos. - Quinze anos?... Isso quer dizer que foi cinco anos depois de eu ter sido presa? - Exatamente. - ele responde. - Talvez aí esteja a resposta do porquê ela nunca foi me visitar na cadeia.... Alberto, preciso que me faça mais um favor. - Claro. O que quiser. - Preciso de uma passagem para o México. Para amanhã cedo. - Maria, você tem certeza?... Não é melhor esperar um pouco?... Afinal, você acabou de saber sobre sua irmã. - ponderou Alberto. - Não, Alberto. Eu preciso voltar ao México imediatamente. Eu quero saber, exatamente o que aconteceu com a minha irmã. - disse Maria. Maria estava decidida. Porém, o que ela poderia esperar nesse seu retorno ao seu país?
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