Capítulo 6

1617 Words
Estevão, embora estivesse em choque, não conseguia tirar os olhos de Maria. – Você... Você...! – dizia ele. – Calma, homem! – disse Maria. – Parece que está olhando pra um fantasma! – ela sorri ironicamente. – Com licença, um minuto. – disse ela, tomando a liberdade de usar o telefone. – Alô? Lupita?... Pode trazer aquele copo com água que lhe pedi, por favor. Obrigada. Segundos depois, Lupita entra com a água e entrega à Estevão. – Aqui está, senhor. – disse Lupita. – Obrigado! – disse Estevão, bebendo quase tudo de uma única vez. – É melhor você beber devagar, ou pode se engasgar. – disse Maria. – Pode ir, Lupita, obrigado. – disse Estevão. A secretária sai e deixa Estevão e Maria sozinhos novamente. – Mas quem é você, afinal?! – perguntou Estevão. – Ué?... Pensei que tivesse lhe dito o meu nome ainda pouco?... Sou irmã da Marcela, Maria. – Sim, eu sei!... Quero dizer... Marcela já havia me dito que tinha uma irmã, mas não que era... – Gemia? – completou Maria. – Pois é. Está chocado? – Um pouco, sim. – É perfeitamente natural. Marcela e eu causavamos esse efeito nas pessoas, já que somos tão parecidas. – Parecidas?! Vocês são idênticas! – Nem tão idênticas assim. – disse Maria com um ar de mistério. Depois de recomposto do susto, Estevão resolve saber o que Maria quer depois de tantos anos sumida da vida de Marcela. – Mas então?... Será que posso saber o motivo do seu aparecimento tão repentino? – ele pergunta. – Nossa! Você é um homem que vai direto ao ponto, Estevão San Roman!... Eu gosto disso!... Bem, eu passei todos esses anos fora do país e longe da minha irmã. – E onde esteve por tantos anos? – Isso não vem ao caso, agora. – ela é direta. – O que interessa, é o que me trouxe de volta a esse país. – E o que foi? – Preste muita atenção, Estevão, e que isso fique bastante claro pra você. Eu retornei ao México por três motivos. O primeiro, saber realmente o que aconteceu com a Marcela. – Marcela morreu em um acidente de carro. – Isso é o que você diz. – rebate Maria. – Como é?! – O segundo motivo, quero conhecer e ter um convívio com os meus sobrinhos, afinal, eles são a minha única família agora, e tudo o que me restou da Marcela. – Espere um momento...! - E o terceiro motivo, mas não menos importante, eu vou fazer você pagar pela sua traição com a minha irmã. – disse Maria disparando um olhar fulminante em Estevão. – O que?! Como sabe disso?! – ele se espanta. – Então quer dizer que é verdade? – Claro que não! Eu amava a Marcela! Nunca lhe fui infiel, jamais! – exclamou Estevão. – Estevão... Estevão. – disse ela bem calmamente. - Não perca seu tempo. Guarde as suas explicações pra quem acredita em você, o que não é o caso aqui.... Bom, eu tenho outros assuntos importantes a resolver, preciso ir. Só vim me apresentar e conferir o que foi que minha irmã viu em você. E infelizmente, eu não consegui descobrir. – disse com uma pitada de ironia. – Passar bem. – disse ela se levantando para sair. – Ei! - disse Estevão. – Você chega assim de uma vez, me enchendo de exigências e ameaças e acha que vai embora desse jeito?! – Não se preocupe, Estevão. Eu não vou embora. Você vai me ver muitas vezes, de agora em diante. Até mais. – disse Maria saindo da sala. Ao sair, ela vai direto ao elevador. Enquanto a porta se fecha, Afonso, que vinha passando pelo corredor, olha para dentro do elevador. – Marcela?! – disse ele. O elevador se fecha. – Não, senhor. – disse Lupita. – Essa que saiu é a senhora Maria, irmã da senhora Marcela. – Ela é a irmã da Marcela?! – exclamou Afonso. – Sim, senhor. – Gemia?! – Sim, senhor. Eu entendo o seu choque. Imagine o do senhor Estevão. – Ela estava falando com Estevão? – Acabou de sair da sala dele. Afonso, imediatamente, entra na sala de Estevão. – Estevão, está tudo bem? – ele pergunta. – Você a viu? – disse Estevão. – São exatamente iguais! Mas como isso possível?! – exclamou Afonso. – Não, meu amigo! Essa mulher que acabou de sair daqui não tem nada igual à Marcela! – disse Estevão furioso. – Ela é debochada, arrogante e prepotente!... Quem ela pensa que é?! – Pelo jeito, a conversa de vocês não foi nada boa! – disse Afonso. *** Apartamento de Alice. A campainha toca. Alice abre a porta. – Tereza? – disse Alice. – Como vai, Alice. – responde Tereza com o semblante bem sério. – Entre. – disse Alice. – A que devo a honra dessa visita! – ela diz com ironia. – Me poupe, Alice. – disse Tereza. – Você não gosta de mim e nem eu de você. Então vamos parar com a falsidade. – Como quiser. – disse Alice. – O que você quer? – Eu vou ser direta. Quanto você quer pra sair, definitivamente, da vida do Estevão? – O que?! *** De volta às Empresas San Roman. Sala de Estevão. Ele e Afonso conversam. – Quer dizer que ela disse isso?! - exclamou Afonso. – Sim! Você acredita?!... Ainda por cima, me ameaçou dizendo que vai me fazer pagar pela suposta traição que cometi com a Marcela! – disse Estevão. – E como foi que ela soube dessa história? – Isso é o de menos, Afonso!... A questão é que ela, assim como a irmã, acredita nessa história de traição que nunca houve, você sabe. – Sim, eu sei. – Ah, mas se ela pensa que vai virae nossas vidas do avesso, ela está muito enganada! – disse Estevão. *** De volta ao apartamento de Alice. – Tereza, – disse Alice. – Eu prefiro acreditar que você não perdeu o seu juízo, ainda, e não vou levar em consideração essa sua proposta indecente. – E o que é que uma mulherzinha vulgar como você entende de decência?! – Pelo menos, não sou eu que estou apaixonada pelo meu primo, não é? – Alice não ficou por baixo. – O que?!... Como você se atreve?! – indigna-se Tereza. – Não me venha com essa, Tereza! Você pensa que eu não percebo, que ninguém percebe! Você é apaixonada pelo Estevão, sim! – Cala essa boca! – esbravejou Tereza. – O que foi, Tereza?? A verdade dói não é?... Sabe, eu fico imaginando, o quanto deve ser difícil pra você morar na mesma casa que o Estevão. Ver aquele homem circulando de um lado para o outro, dormir no quarto ao lado, quando na verdade o que você queria era estar no quarto dele, na cama dele, nos braços dele!... É como morrer de fome na porta do açougue! – Eu disse pra você calar essa boca, sua rameira! - disse Tereza dando um t**a na cara de Alice. Alice revida. – Eu posso ser rameira, mas é comigo que o Estevão vai se casar! E logo eu serei a dona e senhora daquela casa! E a primeira coisa que vou fazer quando isso acontecer é colocar você pra fora de lá, assim como vou colocar agora pra fora do meu apartamento! Fora! – disse ela jogando Tereza pra fora. – Isso não vai ficar assim, sua desgraçada! – gritava Tereza. – Não vai! *** Igreja Nossa Senhora de Guadalupe. Sacristia. Padre Manoel cuidava de seus afazeres, quando Estevão aparece. – Bom dia, Padre. – Bom dia, filho! – responde o Padre. – Eu não esperava vê-lo. – Digamos que, o meu assunto é delicado. – disse Estevão. – Espero que eu possa ajuda-lo, filho. – Padre, quem é Maria, realmente? Não foi difícil para o Padre Manoel imaginar que se Estevão foi procura-lo, era porque Maria já havia aparecido para ele. *** De volta às Empresas San Roman. Sala de Afonso. Afonso não podia tirar o rosto de Maria de sua mente. Principalmente, porque ele era igual ao de Marcela, seu amor secreto. "Maria!... Então a tão famosa irmã de Marcela é gemia!... Talvez, jogal-aa contra o Estevão seja mais fácil do que eu imaginei!" pensava Afonso com um sorriso. *** De volta à sacristia da igreja. – Então você já conheceu a Maria? – disse o Padre. – Sim. Ela foi muito "amável" comigo! – disse Estevão irônico. –O que eu não entendo é por que o senhor me escondeu que a irmã de Marcela era sua gemia! – E que diferença isso faz? – Faz toda a diferença, Padre!... Tem ideia do susto que tomei quando a vi?! ... Era como se eu estivesse vendo a Marcela. – Maria e Marcela podem ter a mesma aparência, mas são diferentes. – Quanto a isso, o senhor nem precisa me dizer, eu pude perceber muito bem! – disse Estevão aborrecido. – Vocês discutiram? – Ela é arrogante e cheia de si! Entrou na minha sala me acusando de coisas, fazendo exigências! – Não a leve a m*l, filho. Maria é uma mulher que já sofreu muito na vida, e sofreu mais ainda quando soube da morte da irmã. – Se gostava tanto assim da Marcela, por que nunca retornou pra ela? – Isso é uma coisa que eu sugiro que você pergunte a ela.... Estevão, o que Maria quer, realmente, é conhecer os sobrinhos, conviver com eles. – Isso jamais!... Até eu saber o que essa mulher quer entrando em nossas vidas depois de tantos anos, ela não vai se aproximar dos meus filhos!
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