Estevão conversou com Afonso sobre suas intenções de se casar com Alice. Afonso, é claro, deu todo o apoio.
– Sinceramente, meu amigo, eu te dou a maior força. Você é um homem jovem e está sozinho há muito tempo.
– Eu sei. – disse Estevão. – Mas me preocupo com a reação dos meus filhos. Henrique nem tanto, ele sempre tratou a Alice de forma bem cordial; para Pedro tanto faz o que eu faço ou não da minha vida, ele não está nem aí! Mas a Luíza... Essa sim é o problema, já que ela demonstrou abertamente que não gosta da Alice.
– E nem de mulher nenhuma que se aproxime de você, não é?
– Luíza sente muita falta da mãe. As duas tiveram pouco convívio. Então ela acha que nenhuma mulher está a minha altura pra ocupar o lugar da Marcela.
– Marcela é insubstituível.... Porque é a mãe dos meninos, é claro. E você a amava muito. Mas, seus filhos precisam entender que você não pode passar o resto da sua vida sozinho. Eles já estão crescidos, e logo vão estar fazendo suas vidas. E você, como fica?
– Quer saber, Afonso?... Hoje mesmo vou pedir Alice em casamento. - decidiu Estevão. - E se meus filhos, ou outros não gostarem é problema deles!
– É isso mesmo, Estevão! Seja dono e senhor da sua vida.
***
Enquanto isso, na sua sala, Henrique se condenava por não ter conseguido se segurar com Alice. Ele ficava lembrando dos momentos que tiveram, e depois vinha em sua mente às vezes que vira seu pai com ela. Sua consciência doía e seu coração ficava apertado por estar cometendo essa traição com seu pai.
– Eu sou o ser mais desprezível que pode existir na face da terra!
***
Mansão San Roman.
Tereza estava em seu quarto penteando seus cabelos enquanto olhava para o espelho, parecia se recordar de alguma coisa.
#Flashback Tereza on#
– Você não pode deixar isso assim, Marcela!... Primeiro as cartas, agora esse bilhete...! Estevão está te traindo e nem tem a decência de disfarçar! - disse ela.
– Como Estevão pôde fazer isso comigo?!... - dizia Marcela aos prantos. - O que eu faço, Tereza?!
– Confronte ele! Exija a verdade e diga que não vai mais aceitar essa situação!
– É isso mesmo, Tereza! De hoje não passa! Estevão vai me ouvir e vai ter que me dizer a verdade!
#Flashback Tereza off#
"Ah, Marcela! Te enganar foi tão fácil, (ela sorria)!... E logo, logo Estevão vai estar nos meus braços!" pensava Tereza.
***
De volta às Empresas San Roman.
Estevão pediu para que Henrique fosse até a sua sala.
– Mandou me chamar, pai? – disse ele.
– Sim, filho. Entre, por favor. Sente-se.
– O que foi, pai? Parece importante.
– E é, Henrique. ... Eu tomei uma decisão, e quero que você seja um dos primeiros a saber, e que também me ajude com seus irmãos, principalmente com Luíza.
– Claro, pai. Pode contar comigo sempre. Mas o que é?
– Eu resolvi pedir Alice em casamento.
Henrique sentiu como se uma pedra enorme tivesse caído sobre sua cabeça. Ele não sabia o que dizer.
– Filho?... Por favor, fala alguma coisa!
– Desculpe, pai. É que... Foi a surpresa. E quando foi que o senhor decidiu isso? – pergunta Henrique.
– Eu já vinha pensando nessa possibilidade há algum tempo. Mas agora estou decidido.
– E o senhor acha que essa é uma boa decisão?
Estevão estranhou.
– O que foi, filho? Pensei que gostasse da Alice, que fosse me apoiar?
– Não, pai. Não se trata disso. Eu tenho muita simpatia pela Alice. E acho que o senhor tem todo o direito de recomeçar a sua vida, mas...
– Então vai me ajudar com seus irmãos?
O que Henrique podia fazer? Contar a verdade ao pai? Que estava tendo um caso com Alice. Não! Aquilo partiria o coração de Estevão. E Henrique amava seu pai demais para fazer tal coisa.
– Sim, pai. Pode deixar que eu te ajudo com aqueles dois. – ele respondeu.
– Muito obrigado, filho. Sabia que podia contar com você. - disse Estevão sorrindo.
***
Apartamento de Alice.
A mesma acabara de sair do banho quando o telefone toca.
– Alô?... Olá!... O que tem ele?... Sério?! Ele vai fazer isso mesmo?! – ela sorri. – Não se preocupe, eu vou saber disfarçar bem!... Certo! Nos falamos depois! Tchau!
Quem será a pessoa que ligou?
***
Apartamento de Maria.
Maria, depois de ter descansado bem da viagem e de ligar para Alberto para lhe dizer que chegara e estava tudo bem, resolveu se arrumar e sair.
Queria dar uma volta pela cidade, reconhecer lugares e comhecer outros novos. E também aproveitou para dar uma estudada no seu alvo. Pediu para o taxista parar em frente às Empresas San Roman.
– É aqui, senhora. – disse o motorista.
– Caramba! - espantou-se ela. – É esse prédio inteiro aí?!
– Sim, senhora. Parece que o tal de Estevão San Roman é um figurão das empresas de investimentos.
- Investimentos, é? Interessante!
– A senhora vai descer?
– Não. Pode seguir. Só queria saber onde era. Obrigada.
"Ainda não!... Mas o nosso encontro será mais cedo do que pensa, Estevão San Roman!" pensava Maria.
***
À noite.
Apartamento de Alice.
Estevão chegara como o combinado, e Alice o recebe com um beijo.
– Boa noite, meu amor! – disse ela.
– Boa noite. Nossa! Que recepção! – ele sorri.
– Eu fiz um jantarzinho pra nós dois.
– Ótimo! Eu vou adorar!
– Mas antes, que tal você tomar um banho bem relaxante? – disse ela lhe disparando um olhar mais do que sedutor.
– Relaxar?... Eu vou gostar mais ainda! – disse ele a puxando pela cintura e dando-lhe um beijo.
Depois de um momento de paixão entre os dois, ambos estão jantando quando Alice inicia o assunto.
– Estevão, acho que precisamos definir mais a nossa relação. Olha, eu te amo, mas às vezes, penso que não tenho muito significado na sua vida.
– Não diga isso. Significa na minha vida mais do que pensa.
– Eu chego a duvidar.
– E se eu te provar?
– Provar? Como?
– Alice, quer se casar comigo? – disse Estevão lhe mostrando um anel de noivado.
Ela finge uma cara de surpresa e abraça Estevão.
"Ah, homens! São tão fáceis de manipular quando estão apaixonados!" pensava ela.
***
Dia seguinte.
Mansão San Roman.
Todos estavam na mesa para o café da manhã: Estevão, Henrique, Pedro, Luíza e Tereza, já que os pais de Estevão e sua prima Carolina ainda não haviam chegado da fazenda.
– Filho, – disse Estevão à Henrique. – Você já deu a notícia aos seus irmãos?
– Notícia? Que notícia? – perguntou Luíza.
– Não, pai... - ele diz um pouco sem jeito. – Estava esperando que o senhor falasse primeiro.
– Claro, claro. É melhor mesmo. - concordou Estevão.
– Lá vem "bomba" quer ver? – disse Pedro.
– Que notícia tão importante é essa, Estevão? – pergunta Tereza.
– Quero dizer à todos que vou me casar com Alice. – disse ele.
Luíza e Tereza ficaram atônitas. E pela primeira vez concordaram em alguma coisa.
– O que?! – disse Tereza.
– O senhor perdeu o juízo, papai?! – disse Luíza.
– "Bomba"! ... Eu não falei, Henrique? – disse Pedro.
***
Enquanto isso, na principal agência bancária da cidade, Maria tomava conhecimento do dinheiro que sua irmã havia lhe deixado.
– Tudo isso?! – surpreendeu-se Maria ao olhar os valores.
– Bem, senhora, sua irmã passou cinco anos seguidos depositando várias quantias na sua conta. – disse o gerente. – E nesses últimos quinze anos correram os juros, juros sobre juros... E assim vai. Hoje, podemos dizer que a senhora tem uma pequena fortuna.
– Meu Deus! Mas nem eu imaginava que fosse tanto!... Me diga uma coisa, alguém mais sabe que ela depositava esse dinheiro pra mim?
– Não, senhora. Somos altamente sigilosos nesse aspecto. Por isso sua irmã nos escolheu.
– Certo. Isso é muito bom. – disse Maria.
O mundo dá voltas. De ex-presidiária a mulher rica e bem sucedida. Definitivente, a vida de Maria deu uma guinada de 360°.
***
De volta à Mansão San Roman.
A tempestade tendia a piorar.
– Mas como é que você foi pensar em se casar com essa mulher, Estevão?! – disse Tereza.
– Eu não estou pensando, Tereza, a decisão já está tomada. E não me leve a m*l, mas gostaria que se mantivesse a margem desse assunto.
Tereza ficou furiosa com a colocação de Estevão.
- Mas eu não fico! – disse Luíza. – Isso é inaceitável, papai! Não faz nem dois dias da missa da mamãe, e o senhor vem, com a maior naturalidade do mundo, dizendo que vai se casar com aquela mulher?!
– Filha, por favor...
– Luíza, pára de fazer drama! Todo mundo já sabia que o papai tava pegando aquela tal! – disse Pedro.
– Me respeite, que eu sou seu pai, Pedro! – exclamou Estevão.
– Agora vai querer bancar o moralista! Era só o que faltava! – Pedro rebate.
– Pedro, pare de ficar jogando "lenha nessa fogueira"! – disse Henrique.
– Muito me admira você, Henrique! Aceitar uma coisa dessa! – disse Pedro, jogando uma indireta ao irmão.
– Quer calar essa boca, Pedro! – exclamou Henrique.
– Já chega! Todos! – esbravejou Estevão. – Eu não estou pedindo permissão a vocês. Estou apenas notificando o fato. E pronto. Assunto encerrado!
– Ah, é assim então?! – desafiou Luíza.
– Exatamente! – disse Estevão.
Luíza disparou.
– Pois se o senhor insistir em colocar aquela mulher aqui dentro, eu vou embora desta casa! – disse Luíza saindo.
– Ei, maninha, espera! Pára de dizer besteira! Volta aqui! – disse Pedro indo atrás da irmã.
– Deeculpe, pai. Não pensei que a reação da Luíza seria tão explosiva. – disse Henrique.
- Mas também pudera, Henrique! – disse Tereza. – O seu pai vem com uma notícia dessa!
– Isso não é desculpa, Tereza! A Luíza precisa parar de ser mimada e caprichosa! Ela não tem mais idade pra isso! – disse Estevão.
***
Mais tarde.
Empresas San Roman.
Uma mulher adentra o recinto. Chamava a atenção de todos por quem passava. Ela sabia que não era somente por sua beleza, mas pelo que o seu rosto representava.
Um rosto que muitos achavam que nunca mais o veriam.
Ela pega o elevador e vai até o andar da presidência.
– Com licença. Bom dia. – diz a mulher.
– Bom... Dia! – responde a secretária, que ficou mais branca que uma folha de papel.
Em sua sala, Estevão estava tentando se concentrar no trabalho e esquecer o seu início de dia r**m. m*l sabia ele que as coisas iam ficar piores. O telefone toca.
– Diga, Lupita.... Quem?!... Pois mande ela entrar.
– Mas, senhor, ela... – tentou dizer Lupita.
– Lupita, eu estou cheio de trabalho! Não me faça perder mais tempo! Mande essa senhora entrar de uma vez!
Do lado de fora da sala...
— Ele disse que... Que vai recebe-la. – disse Lupita tentando se recompor do susto.
– Obrigada.... Ah, Lupita.
– Senhora?
– Peça um copo d'agua. – disse a mulher. – O seu chefe vai precisar. – ela sorri.
Estevão segurava alguns papéis quando a porta se abriu. Ele não viu a figura que acabara de entrar em sua sala.
– Bom dia. – a mulher diz.
Ele levanta a cabeça como se aquela voz lhe fosse familiar, e de repente os papéis que segurava caem no chão.
– Mar... Mar... ! – ele balbucia, mas as palavras não saem.
– O nome que procura é Maria. Maria Fernandez. Eu sou a irmã da Marcela.
Estevão estava em choque. Quando Marcela lhe disse que tinha uma irmã, nunca lhe passou pela cabeça que fosse gemia.
O mesmo rosto, a mesma beleza. Era como se ele estivesse olhando para sua esposa novamente, depois de quinze anos.
Porém, logo Estevão descobriria que Maria e Marcela, apesar de terem a mesma aparência, eram mulheres completamente diferentes.