NARRADO POR TOURO: O Fogo da Perdição A respiração dela bateu na minha boca, uma lufada quente e doce que carregava o perfume embriagante da sua pele, misturado ao cheiro metálico da viela e ao desejo latente que nos envolvia. Eu senti o corpo dela vibrar, não apenas na palma da minha mão que segurava sua cintura, mas em cada fibra do meu ser. Era uma sinfonia de urgência, um presságio do inevitável. E foi isso. O estalo na minha mente foi ensurdecedor, um grito mudo que aniquilou qualquer resquício de razão. O último fiapo de sanidade, aquele pedaço minúsculo que se agarrava à minha identidade de Rafael, pediu baixa permanente. Eu não era mais o homem que planejava, que ponderava. Eu era Touro, um animal guiado por instintos primitivos, por uma fome ancestral despertada por ela. Minhas

