📓 NARRADO POR REINALDO SANTANA (REY) O relógio do QG marcava meia-noite e uns quebrados. A fumaça do cigarro subia lenta, misturada ao cheiro de graxa e pólvora. Do lado de fora, o Cruzeiro parecia calmo mas eu sabia que era aquele tipo de calma que vem antes do trovão. Pardal encostou na parede, rádio chiando no ombro, os olhos varrendo o mapa aberto na mesa. — “Chefe, tá tudo pronto. Os meninos fecharam as bocas, os olheiros tão no alto. Falta só o teu sinal.” Assenti devagar, olhando pro nada. O barulho distante do helicóptero já cortava o céu do morro. — “As nossas mulheres tão fora do morro, Pardal.” — falei, sem levantar o tom. — “E é por isso que hoje a gente pode pensar com a cabeça, não com o coração.” Ele franziu o cenho. — “Cê acha que vai precisar tanto assim?” Trague

