📓 NARRADO POR MIRELA COSTA
Eu tinha saído do morro como quem sai de uma operação: inteira por fora, um caos calculado por dentro.
Já era madrugada avançada quando estacionei no galpão abandonado que eu usava como ponto morto.
Assinei o encerramento da operação falsa — “Caveira Fantasma” — e desliguei tudo.
Mas a cabeça…
a cabeça não desligou.
Eu fiquei sentada ali, no banco do carro, olhando pro nada, ainda sentindo o som do baile latejando no peito como ferida recente.
E foi só quando fechei os olhos que percebi a merda:
Ele apareceu de novo.
Na memória.
E veio nítido, como se eu tivesse deixado brecha pra ele entrar.
O dono do morro.
O desertor.
O predador.
Miguel Santana.
Abri os olhos na hora, irritada comigo.
— “Que p***a é essa, Mirela?” — murmurei, sem paciência.
Eu
