📓 NARRADO POR REINALDO SANTANA (REY)
Subi as escadas devagar, cada degrau pesando como se o chão tivesse virado chumbo.
A conversa com o Miguel ainda martelava na cabeça o som da voz dele, a firmeza, o maldito tom de quem acha que pode mudar o mundo sozinho.
A porta do quarto tava entreaberta.
Lívia tava lá, sentada na beira da cama, ainda com o olhar perdido pra parede.
Manu dormia, o corpo pequeno todo enroscado no lençol, como se o sono dela fosse o último pedaço de pureza que restava nesse lugar.
Fechei a porta com cuidado.
A luz do abajur deixava tudo num tom amarelado, calmo.
Calmo demais pro inferno que já batia na nossa porta.
Me aproximei dela em silêncio, toquei o ombro e falei baixo:
— “Vem cá, feiticeira.”
Ela me olhou com aquela mistura de medo e desconfiança, mas v
