Três horas em ponto.
A cidade dormia, mas o inferno abria os olhos.
As viaturas cortavam o asfalto como lâminas.
Sem sirene.
Sem piedade.
O som dos pneus no chão molhado era a única oração que subia naquela madrugada.
Dentro do caveirão, o cheiro de suor, graxa e pólvora misturava-se com a respiração contida dos homens.
Eu estava na frente, colete ajustado, fuzil no colo.
O rádio chiava, mas eu só ouvia o próprio coração batendo no ritmo da guerra.
— “Dois minutos pro ponto zero.” — avisou Nunes.
Assenti sem olhar pra trás.
— “Sem glória. Sem medalha. Só missão.”
Quando a viatura freou, o mundo desacelerou junto.
Portas se abriram.
Botas tocaram o chão.
O silêncio era absoluto.
— “Formação delta. Entrem em linha. Ninguém dispara sem ordem.”
Apontei pro beco.
Escuro, estre
