📓 NARRADO POR MIRELA COSTA
O relógio marcava quatro e quarenta e cinco.
O pátio ainda respirava neblina.
Mas o inferno começaria ali.
— “Formação!” — gritei.
O eco da minha voz ricocheteou nos muros do batalhão.
Os recrutas se alinharam às pressas, tropeçando nas próprias botas.
Uns tremiam. Outros fingiam firmeza.
Eu não queria nenhum dos dois.
Queria os que aprendiam a engolir o medo sem precisar provar que são bravos.
— “Hoje não tem aula.” — falei, caminhando devagar entre eles. — “Hoje tem seleção.”
O silêncio que veio depois cortava o ar.
— “Quem não aguentar o peso da farda, sai agora. Sem explicação. Sem vergonha. Só sai.”
Ninguém se moveu.
Ótimo. Ia ser pior pra eles.
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O treino começou com o básico.
Corrida com colete, mochila de vinte quilos, fuzil nas costas.
