capitulo 37

1766 Words

📓 NARRADO POR MIGUEL SANTANA O chão do Cruzeiro recebia a gente como ferida aberta. A cada passo, o som das botas misturava com o estalo seco das rajadas lá no alto. O morro tremia. O ar vibrava. E o cheiro… aquele cheiro de pólvora, poeira e vida por um fio. Touro vinha no meu encalço, fuzil pronto, o olhar de fera acuada. Atrás dele, o resto da tropa, em silêncio absoluto. A ordem era clara — “neutralizar” — mas dentro do meu peito só existia uma certeza: eu não vim pra matar ninguém. — “Santana, confirma o pente?” — Touro perguntou, carregando o peso da dúvida na voz. Assenti, firme. — “Confirma, mas não com bala letal.” Ele travou no meio do beco. — “Como é que é?” Virei pra ele, o suor escorrendo pelo rosto. — “Tirei o pente de guerra. Só projétil de impacto. Borracha. Dis

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