📓 NARRADO POR MIGUEL SANTANA O dia começou abafado, com o ar pesado de quem carrega mais do que o corpo devia. A base ainda fervia com o rescaldo da última operação helicóptero no pátio, cheiro de combustível no ar, homens rindo alto pra esconder o cansaço. Enquanto a tropa se dispersava, eu subi pro andar de cima. Sala do comando. Porta de madeira gasta, cheiro de café frio e papel velho. O coronel Nogueira tava lá, encostado na mesa, uniforme impecável, olhar de quem mede o homem antes da patente. Era meu superior direto e o tipo de homem que não dá ponto sem nó. — “Capitão Santana.” — ele falou sem levantar muito a voz, mas o tom pesava. — “Tá cedo demais pra pedir pra falar comigo. O que houve?” Fiquei firme, costas retas, mãos atrás. — “Solicitação de férias, senhor.” Ele e

