capitulo 12

1746 Words

📓 NARRADO POR MIGUEL SANTANA O portão da base rangeu quando passei. O sol queimava o concreto do pátio, e o vento quente trazia o cheiro de graxa, pólvora e café velho. Dois anos sem pausa. Dois anos sem o luxo de respirar sem rádio chiando no ouvido. E agora, com o papel de licença na mão, eu nem sabia direito o que fazer com tanto silêncio. Entrei no alojamento e joguei a mochila em cima da cama. O quarto era o mesmo: cimento cru, beliche riscada, ventilador fazendo mais barulho do que vento. Mas aquele dia tinha outro peso. Não era só folga era o retorno. Abri o armário e comecei a dobrar as roupas com calma. Calça jeans, camisa preta, relógio que o velho me deu antes da seleção do BOPE. O som do tecido raspando o metal da cama era o único barulho ali dentro. Cada dobra par

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