📓 NARRADO POR MIGUEL SANTANA
(Anos depois da invasão)
Anos se passaram desde aquela noite em que o Cruzeiro virou campo de guerra.
O som dos tiros já não ecoa, mas o silêncio que ficou é o mesmo pesado, atento, vivo.
O tempo me ensinou que paz demais só serve pra disfarçar o próximo conflito.
E eu aprendi a viver nesse intervalo entre o que o morro esquece e o que o Estado finge perdoar.
A invasão virou história.
Meu nome, manchete velha.
Mas ainda ecoa nas bocas certas: “Miguel Santana, o Predador.”
Pra uns, lenda.
Pra outros, traidor.
E pra quem me conhece de verdade… só o homem que ficou pra segurar o que sobrou.
Meu pai e minha mãe saíram daqui faz tempo.
Foram pro interior, pra uma casinha pequena, cercada de verde e silêncio.
Dizem que Rey Santana agora planta e colhe,
