Capítulo 62. Encenação?

368 Words
Sophie caminhava entre os convidados, mantendo o mesmo sorriso discreto de sempre, mas por dentro o coração ainda batia rápido. O toque dele. O calor da respiração de Theodore contra a pele do pescoço. E, pior, o arrepio involuntário que ela sentiu aquele que ele com certeza percebeu. "Ridículo, Sophie." — pensou, pegando uma taça de champanhe da bandeja de um garçom e virando um gole rápido. "Era só uma encenação. Uma provocação. Ele fez aquilo por causa de Alexander, nada mais." Mas quanto mais tentava se convencer disso, mais sua mente voltava à sensação exata do toque dele firme, quente, intencional. Ela precisava de ar. Sophie saiu do salão antes que Theodore a chamasse ou que algum fotógrafo a interceptasse. Passou pelos corredores até alcançar as portas de vidro que levavam ao jardim do hotel, um refúgio silencioso, onde as luzes suaves das lamparinas se misturavam ao som distante da música do evento. O vento frio da noite tocou seu rosto, trazendo algum alívio. Ela respirou fundo, caminhando até uma das fontes de mármore. Ali, longe dos olhares e das aparências, ela finalmente relaxou os ombros. Por alguns minutos, ficou apenas ali ouvindo o som da água cair, tentando apagar a lembrança da sala cheia, dos olhares, do beijo. Mas Theodore ainda estava em sua mente. "Ele não tinha o direito de me tocar daquela forma…" Um leve sorriso irônico surgiu nos lábios dela. "Mas ele fez, e eu deixei." Ela suspirou, encostando-se ao parapeito da fonte, olhando o reflexo trêmulo das luzes na água. Desde que o conheceu, Theodore a irritava, a desafiava, a provocava… e, de algum modo, a atraía. A força dele, o controle, o jeito como parecia sempre um passo à frente tudo aquilo mexia com ela mais do que admitiria em voz alta. "Eu não posso deixar que ele perceba isso. Ele já tem poder demais sobre mim como está." Mesmo dizendo isso a si mesma, o corpo dela ainda guardava o eco daquele beijo rápido, mas capaz de quebrar sua armadura por um instante. E no silêncio do jardim, Sophie finalmente reconheceu o que mais a perturbava: não era o gesto de Theodore… era o quanto ela quis que durasse mais.
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