Capítulo 30. Data do noivado

726 Words
Beaumont& McGoldrick Grup- centro de NY 07/09/2022 10:00h Sala de reuniões privadas. O ambiente era moderno, silencioso e sofisticado o contraste perfeito entre os estilos dos dois. De um lado da mesa, Sophie digitava em seu tablet, sem sequer levantar o olhar. Do outro, Theodore observava calmamente, girando um anel de ouro entre os dedos com as iniciais B&M símbolo de um acordo que, em breve, se tornaria algo muito mais público. — Precisamos definir a data. — disse ela, sem emoção na voz. — Os jornais já estão especulando, e se deixarmos o assunto crescer sem controle, vamos perder o domínio da narrativa. Theodore cruzou os braços, relaxado. — Que interessante ouvir isso de você. — disse, com um leve sorriso. — Achei que odiava “narrativas manipuladas”. Sophie ergueu os olhos, fria. — Eu odeio ser manipulada. São coisas bem diferentes. Ele sustentou o olhar dela por um momento, antes de soltar o anel sobre a mesa. O som metálico ecoou, leve, mas marcante. — Então vamos ao ponto: o contrato exige um noivado público antes do casamento, certo? — Exatamente. — respondeu ela, secamente. — Um noivado formal, com cobertura da imprensa e assinatura de adendo de parceria. O suficiente para convencer os acionistas e o mercado de que a fusão é mais do que um movimento corporativo. Theodore se levantou, caminhando devagar até o painel de vidro, onde a cidade se estendia sob o céu cinzento de Nova York. — Você quer algo simples e estratégico. — disse ele, olhando o próprio reflexo. — Mas o público quer espetáculo, e convenhamos que os Beaumont sempre entregaram exatamente isso. — Eu não estou aqui para entreter o público. — rebateu Sophie. — Estou aqui para proteger minha empresa, ou melhor, as nossas empresas. Ele se virou, encarando-a. — E eu estou aqui para salvar nossas empresas e também meu nome. Então, se vamos fingir um noivado, que seja convincente. Luxuoso. Impossível de ser questionado. Sophie fechou o tablet, cruzando os braços. — Faça sua proposta. — Um evento conjunto. — começou ele, andando devagar em volta da mesa. — No Grand Palais, em Paris. Lançamos a nova linha da coleção conjunta — Legacy & Future — e encerramos o desfile com o anúncio oficial do nosso noivado. Público, impecável… grandioso. Ela o observava se aproximar, o tom dele sempre controlado, a confiança irritantemente natural. — Você quer transformar um contrato em performance de gala, que interessante, Beaumont. — Respondeu Sophie — Quero transformar uma mentira em algo que todos queiram acreditar. — respondeu ele, parando a poucos passos dela. — É o que nós dois fazemos de melhor, não? Sophie segurou o olhar dele, sem recuar. — E quanto tempo pretendemos segurar essa farça ? Theodore inclinou a cabeça, um meio sorriso no canto dos lábios. — O suficiente para o mercado acreditar… e para você se acostumar a fingir. Ela soltou um riso breve, sarcástico. — Você realmente se acha irresistível, não é? — Eu não preciso achar, McGoldrick. — respondeu ele, abaixando o tom. — Eu apenas observo como você reage quando tento te contrariar. Sophie respirou fundo, endireitando a postura, e voltou a falar com frieza executiva: — O evento em Paris funcionará. Eu cuido da logística, da imprensa, do marketing. Você cuida da imagem. Pausa. — E mantenha suas provocações fora dos flashes. Theodore sorriu, satisfeito com a decisão. — Fechado. — disse, estendendo a mão. Ela hesitou por um instante antes de apertar a dele, seguido por um breve revirar de olhos. Ela odiava admitir, mas no fundo se divertia com o jogo entre eles. O toque foi rápido, mas o suficiente para reacender a tensão que nenhum contrato era capaz de apagar. Quando Sophie recolheu a mão, Theodore completou em tom baixo, quase um sussurro: — Noivado falso ou não, vai ser o evento do ano. Sophie o encarou com um meio sorriso enigmático. — Só lembre, Beaumont… às vezes, o público se apaixona pela mentira mas quem conta a história sempre escolhe o final. Ele riu baixo, satisfeito. — Então vamos ver quem escreve melhor, eu ou você. O silêncio que seguiu foi denso, quase elétrico. No vidro atrás deles, refletia-se a imagem dos dois lado a lado perfeitos, perigosos e destinados a transformar um contrato em um espetáculo que o mundo inteiro veria.
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