Beaumont& McGoldrick Grup- centro de NY
07/09/2022 10:00h
Sala de reuniões privadas.
O ambiente era moderno, silencioso e sofisticado o contraste perfeito entre os estilos dos dois.
De um lado da mesa, Sophie digitava em seu tablet, sem sequer levantar o olhar. Do outro, Theodore observava calmamente, girando um anel de ouro entre os dedos com as iniciais B&M símbolo de um acordo que, em breve, se tornaria algo muito mais público.
— Precisamos definir a data. — disse ela, sem emoção na voz. — Os jornais já estão especulando, e se deixarmos o assunto crescer sem controle, vamos perder o domínio da narrativa.
Theodore cruzou os braços, relaxado.
— Que interessante ouvir isso de você. — disse, com um leve sorriso. — Achei que odiava “narrativas manipuladas”.
Sophie ergueu os olhos, fria.
— Eu odeio ser manipulada. São coisas bem diferentes.
Ele sustentou o olhar dela por um momento, antes de soltar o anel sobre a mesa. O som metálico ecoou, leve, mas marcante.
— Então vamos ao ponto: o contrato exige um noivado público antes do casamento, certo?
— Exatamente. — respondeu ela, secamente. — Um noivado formal, com cobertura da imprensa e assinatura de adendo de parceria. O suficiente para convencer os acionistas e o mercado de que a fusão é mais do que um movimento corporativo.
Theodore se levantou, caminhando devagar até o painel de vidro, onde a cidade se estendia sob o céu cinzento de Nova York.
— Você quer algo simples e estratégico. — disse ele, olhando o próprio reflexo. — Mas o público quer espetáculo, e convenhamos que os Beaumont sempre entregaram exatamente isso.
— Eu não estou aqui para entreter o público. — rebateu Sophie. — Estou aqui para proteger minha empresa, ou melhor, as nossas empresas.
Ele se virou, encarando-a.
— E eu estou aqui para salvar nossas empresas e também meu nome. Então, se vamos fingir um noivado, que seja convincente. Luxuoso. Impossível de ser questionado.
Sophie fechou o tablet, cruzando os braços.
— Faça sua proposta.
— Um evento conjunto. — começou ele, andando devagar em volta da mesa. — No Grand Palais, em Paris. Lançamos a nova linha da coleção conjunta — Legacy & Future — e encerramos o desfile com o anúncio oficial do nosso noivado. Público, impecável… grandioso.
Ela o observava se aproximar, o tom dele sempre controlado, a confiança irritantemente natural.
— Você quer transformar um contrato em performance de gala, que interessante, Beaumont. — Respondeu Sophie
— Quero transformar uma mentira em algo que todos queiram acreditar. — respondeu ele, parando a poucos passos dela. — É o que nós dois fazemos de melhor, não?
Sophie segurou o olhar dele, sem recuar.
— E quanto tempo pretendemos segurar essa farça ?
Theodore inclinou a cabeça, um meio sorriso no canto dos lábios.
— O suficiente para o mercado acreditar… e para você se acostumar a fingir.
Ela soltou um riso breve, sarcástico.
— Você realmente se acha irresistível, não é?
— Eu não preciso achar, McGoldrick. — respondeu ele, abaixando o tom. — Eu apenas observo como você reage quando tento te contrariar.
Sophie respirou fundo, endireitando a postura, e voltou a falar com frieza executiva:
— O evento em Paris funcionará. Eu cuido da logística, da imprensa, do marketing. Você cuida da imagem.
Pausa.
— E mantenha suas provocações fora dos flashes.
Theodore sorriu, satisfeito com a decisão.
— Fechado. — disse, estendendo a mão.
Ela hesitou por um instante antes de apertar a dele, seguido por um breve revirar de olhos. Ela odiava admitir, mas no fundo se divertia com o jogo entre eles.
O toque foi rápido, mas o suficiente para reacender a tensão que nenhum contrato era capaz de apagar.
Quando Sophie recolheu a mão, Theodore completou em tom baixo, quase um sussurro:
— Noivado falso ou não, vai ser o evento do ano.
Sophie o encarou com um meio sorriso enigmático.
— Só lembre, Beaumont… às vezes, o público se apaixona pela mentira mas quem conta a história sempre escolhe o final.
Ele riu baixo, satisfeito.
— Então vamos ver quem escreve melhor, eu ou você.
O silêncio que seguiu foi denso, quase elétrico.
No vidro atrás deles, refletia-se a imagem dos dois lado a lado perfeitos, perigosos e destinados a transformar um contrato em um espetáculo que o mundo inteiro veria.