Capítulo 4

4361 Words
10 anos depois – 2004. Depois de passar anos estudando e me aplicando para ser bem-sucedido, finalmente eu tinha conseguido. Os anos na Cornell me ensinaram a superar meus limites. No primeiro ano na universidade foi diferente de tudo do que eu já tinha feito na vida. E o mais incrível era que os caras eram todos descolados e não ligavam a mínima para meu jeito nerd. Todos estavam preocupados em serem os melhores em seus cursos, e curtir cada festa regada a muita cerveja e música. Não fiz parte de nenhuma irmandade ou coisa do tipo. Não precisei disso. Minha transformação foi gradual e lenta. No segundo ano, eu já não era mais o mesmo trouxa. E isso foi muito bom, porque assim eu descobri quem era o verdadeiro Daniel Valdez. Hoje não me vejo mais com acnes, o aparelho deu lugar a um sorriso que muitos diriam ser até mais que perfeito. Meus óculos foram substituídos por lentes de contato, deixando meus olhos verdes ainda mais vivos, e os meus cabelos parecidos com de um modelo de capa de revista. Eu realmente tinha me tornado um cara muito bonito. Acho que consegui ir além do que um dia poderia imaginar, pois o sangue latino que corria em minhas veias e artérias, me deixou ainda mais persuasivo nos meus objetivos, principalmente em ficar ainda mais bonito e ganhar dinheiro. Há seis anos, eu treinava Kung Fu e me firmei na academia, trabalhando a parte dos músculos. Meu corpo estava mudado, e o que antes eram apenas ossos e pele, agora, eram músculos bem definidos. Sem contar que eu tinha muito orgulho dos meus atributos naturais. Antes minha pele tinha um brilho esquisito e era oleosa, agora apresenta um bronzeado natural graças a uma dieta balanceada que sigo rigorosamente e a minha visita a Jamaica. E como minha vida em dez anos tinha mudado? Simples. Me formei e criei uma empresa em conjunto com a minha sócia, Kristen Connelly. Ela era o que chamamos de braço direito. Desde o dia que nos conhecemos, nos identificamos para o mundo dos negócios. Não era um tipo de celebridade no mundo dos negócios, mas estava me dando bem com Kristen ao meu lado. O que poderia falar dela? Uma mulher decidida e inteligente. Aliás a mais inteligente da Cornell. Além de inteligente, uma bela mulher. Morena, alta e de olhos cor de mel. O tipo de mulher que quando entra em um ambiente, todos param para observar a forma como anda, o jeito que mexe o cabelo, e, até a marca de roupa que usa. Kristen tinha os lábios mais lindos que já tinha visto em uma mulher, desde que deixei minha antiga cidade. Mas apesar de ter me tornado um homem muito bonito, e ter certeza que ela era uma mulher linda, e que talvez pudéssemos nos tornar um lindo casal, eu nunca tinha olhado para Kristen com outros olhos. Ela era quem me livrava das sanguessugas que eu normalmente levava para o meu apartamento, para dar aquele trato. Ela era clássica e tinha uma postura profissional invejável. Afinal, um de nós dois tinha que ser o mais sensato, e não era eu. Éramos bons no que fazíamos. Tínhamos nossos produtos distribuídos na Ásia e pela África, além de mantermos uma grande loja no centro de Nova Iorque. Produtos de beleza, ou como dizia Kristen: Produtos mágicos que realçam a beleza escondida. A ideia de montar este negócio foi dela. Todos os produtos eram cuidadosamente monitorados por ela e por mim. Eu fui sua cobaia nos tempos de universidade, e por isso que eu além de ser seu sócio, também era o rosto da Connelly & Valdez. Tinha que ser assim. Nova Iorque era uma cidade agitada, e me acostumei com ela, que além de ser perfeita para os nossos negócios, era perfeita para minha nova vida agitada. Foi nela que reconstruí minha vida. Eu tinha um escritório bem mobiliado com móveis em carvalho e aço, e um apartamento com uma vista incrível da cidade. Ainda pensava no que tinha me acontecido, e ainda doía pensar que a mulher, a única mulher que amei, me destruiu por dentro. Os olhos de Elle perturbavam meus sonhos e desde aquele dia, não conseguia ter um relacionamento sério com ninguém. O relacionamento mais sério que tive com uma mulher, tinha sido com Kristen, e não tínhamos nada além da amizade. Perdi minha virgindade em uma noite chuvosa, com uma colega de Kristen, e depois disso, nunca mais parei. Nunca mais parei para tentar ter algo sério com alguma mulher, ou servir de ombro amigo. Aquele Daniel, bonzinho, já não existia mais. Confiava apenas nela e na minha mãe e em mais nenhuma mulher. — Pensando na vida? — perguntou Kristen, entrando na minha sala. De terno cinza justo ao corpo e salto alto preto e brilhoso, que a deixa anda mais longilínea e clássica. Me deu seu melhor sorriso, o que não era novidade, porém tinha algo novo nela. Tinha cortado os cabelos na altura do pescoço, ou como ela chamava: Chanel. — Gostei do cabelo. — a elogiei lhe devolvendo o mesmo sorriso caloroso — Ficou muito linda. — Eu agradeço seu elogio. — disse ela, se sentando na cadeira e cruzando as pernas bem definidas — Você tem uma correspondência, sabia? — Não. — olhei para ela confuso — É... — falei olhando o envelope em cima da mesa — Não tinha visto — franzi o cenho. — Não vai abrir? — me olhou com expectativa. — Por que você está tão interessada nele? — pergunto sorrindo. — Olhe o endereço... — apontou para o envelope. Peguei o envelope e logo entendi o motivo da ansiedade de Kristen. — Vamos, abra... — Seja lá o que for, não deve ser importante. — falei ríspido, mas ela sabia que não era com ela. — Valdez... — temperou a garganta — Com certeza deve ser importante. Se não fosse, não estaria na sua mesa. — cruzou os braços e semicerrou os olhos para mim — Se você não abrir esse maldito envelope, eu abro. — fuzilei Kristen com os olhos na medida em que segurava o envelope para abri-lo. — Certo. — suspirei pesadamente, ainda irritado — Seja lá o que for, não vou me importar. — rasguei a lateral do envelope e tirei o papel que nele havia. Li com atenção, mas ao ler cada palavra, me transportei para aquele dia tão triste. — O que tem escrito aí? — perguntou ela, descruzando os braços com curiosidade. — Algo que nunca pensei que aconteceria. — falei passando a mão no rosto e me virando, para não demonstrar minha fraqueza. Por um instante pensei que não conseguiria segurar as lágrimas que queriam brotar, mas respirei fundo e suportei a dor que se formava no meu peito. — Daniel... — me chamou com carinho, ao se levantar, vindo em minha direção — Olhe para mim... — não queria olhar para ela e neguei com um movimento da minha cabeça — Estou pedindo para você olhar para mim. — Leia a carta. — falei me virando, um pouco tenso. Ela pegou a carta da minha mão e começou a ler com atenção. — Nossa! — exclamou, voltando a me olhar — Você vai. — enfatizou. — Não vou. — falei irritado. — Eu jurei... — Ah! Daniel... — suspirou — Já sei desse blábláblá eu jurei nunca mais voltar e tal e coisa... — disse ela, revirando os olhos — Mas naquela cidade não existe só essas pessoas que lhe fizeram m*l. Seus pais moram lá e você nem os vê direito, ao não ser que eles venham passar as férias aqui, o que é uma raridade. — pôs as mãos na cintura, decidida — Está na hora de voltar. — Se dependesse da minha vontade, eles estariam morando comigo... E não teriam que pisar os pés nunca mais em Burnet. — É. Eu sei disso também. — segurou meus ombros — Você não é mais o mesmo Daniel que saiu de lá. — falou me olhando com atenção. — você agora é um Daniel seguro, ao menos eu acho que é. — sorriu para mim. — você venceu na vida, e se tornou um dos solteiros mais cobiçados de Nova Iorque... Se tornou um homem lindo, que faz qualquer uma suspirar por onde passa. E vou dizer uma coisa, se não fossemos muito amigos, eu teria comido você de várias maneiras... O livro do Kama Sutra teria que ser reeditado. — Você me dá medo às vezes sabia? — brinquei com ela — Detesto aquela cidade. — falei com sinceridade. — Coloque sua melhor jaqueta de couro e pegue seu porche, e vá correndo para essa reunião dos dez anos... — incentivou me abraçando — Não deixe que seu passado abale o homem no qual você se transformou. Ah! E não se esqueça de pôr uma calça bem apertada, para fazer todas as mulheres daquela cidade desmaiar pela sua b***a sexy, essas suas pernas musculosas e o volume generoso que você tem. E não estou falando da sua carteira. — Você precisa realmente de tratamento — abracei-a com carinho —, mas se eu vou, você vai comigo. — falei sério e ela se afastou rápido. — Não! — rebateu espantada, se afastando do meu abraço — Não vou mesmo. — balançou o dedo em sinal negativo. — Sim, você vai. — puxei pelo braço — você vai, porque em todos esses anos, eu nunca fiz nada sem sua aprovação e nunca fiz nada sem ter você por perto a me apoiar. Você é a minha melhor amiga, é sua obrigação ir comigo. — Às vezes você me irrita. — resmungou quase rosnando — esse papo de amiga é covardia. d***a! Seu insuportável. — bufou e virou o corpo para sair da sala, parando apenas para falar — Eu vou, mas você não perde por esperar. — saiu da sala pisando firme e fechando a porta com força. — Eu sei que você me ama. — gritei, rindo da cara f**a dela. — Vá se f***r, seu m***a! — retrucou, abrindo a porta, com mau humor fingido, voltando apenas por um instante para estirar a língua, fechando a porta com força. Voltei minha atenção para a vista que eu tinha da janela, para observar a cidade. Olhei o brilho das luzes se espalhando e deixando-a ainda mais linda. Suspirei pensando como iria ser a minha chegada e o que aconteceria naquela reunião dos dez anos. Mesmo depois de conseguir tudo, eu ainda me sentia incompleto. Mas, eu não ia deixar isso transparecer. Apenas Kristen sabia dos meus medos, e continuaria assim. Eu ia pisar e humilhar todos eles. Com esse pensamento, um sorriso m*****o se espalhou na minha boca. Dois dias de viagem, 1.791 milhas, e se não tivéssemos parado em Dallas, Tennessee, Kentucky e na Pensilvânia, teríamos chegado com apenas vinte e seis horas de viagem. Parecia que o tempo havia parado e nada tinha evoluído. Kristen odiava avião, e apenas entrava em um, quando o assunto era muito dinheiro, e tinha que ser em outro continente, ou do contrário, nada feito. Apenas algumas coisas aqui e ali estavam diferentes em Burnet. De longe, avistei uma enorme placa com o nome do Estevan. Estevan Motors escritos em letras vermelhas e um carro ao lado com as rodas em chamas. Kristen estava do meu lado com seu leque jogando jatos de vento sobre seu rosto. O ar condicionado do carro estava ligado, entretanto, ela sempre fazia isso para parecer mais interessante. Ela dizia que era para ela ter nascido em outra época, onde a elegância estava em um abrir e fechar de um bom leque. Nunca entendi o porquê de ela precisar desses artifícios, já que ela era uma mulher incrível. Lógico que ambos no tempo da universidade, não éramos daquele jeito, mas hoje, estávamos superando o nível que a sociedade deseja para pessoas bonitas. Éramos deslumbrantes, e eu tinha consciência disso. Passei direto. Visitaria Estevan depois. Por isso, continuei seguindo para a casa dos meus pais. A mesma fachada branca e o gramado bem cuidado mostravam que o meu pai tinha se ocupado bastante desde a última vez que estive em casa. Minha mãe quase paralisou quando me viu na porta e o meu pai ficou pálido. O rosto dela só mudou quando ela olhou para Kristen, saindo de detrás da minha sombra e estendendo a mão para complementá-la. — Sr. E Sra. Valdez. — Kristen cumprimentou cordialmente alargando o sorriso. Kristen adorava meus pais e eu não me incomodava com isso. Adorava o fato de considerar ela uma irmã, já que eu era filho único, e meus pais considerá-la uma filha. — Por que você não nos avisou que viria? — perguntou minha mãe, arrumando o avental de babado e estampando com bolinhas. — Foi a Kristen quem me convenceu a vir mãe. — respondi abraçando-a com força. — Abençoada seja essa linda moça... — disse minha mãe, me deixando de lado e segurando a mão de Kristen. — Não tem porque me agradecer, senhora Valdez. — falou Kristen sorrindo afetuosa para ela. — Ah, querida! — exclamou dona Penélope com carinho — pode me chamar apenas de Penélope. Você sabe disso. — Então... — resmungou meu pai, olhando para mim — Quem você teve que m***r, para convencê-lo a voltar? — perguntou meu pai brincando, enquanto apertava a mão de Kristen e abria um sorriso. — Nova Iorque inteira, senhor Valdez. — semicerrou os olhos com divertimento e assentiu com a cabeça. — Oi pai... — falei indo na direção dele — Saudades do seu bom humor. — Não me venha com essa, garoto. — ele brincou, me puxando para um abraço e me esmagando com seu aperto de urso — Você está bonitão! — disse ele, apertando os músculos do meu braço, logo me abraçando — Você tomou fermento? Na última vez que fomos lá, você não estava assim. Meu pai era um homem forte, de boa aparência, para não dizer muito bonito e robusto. Acho que era bem parecido com o que eu iria ficar no futuro. Tecnicamente, éramos bem parecidos. Só que eu era bem mais alto que ele. — Não pai. — respondi sufocado — Eu preciso respirar. — tentei puxar ar para os meus pulmões. — Ernesto... — reclamou minha mãe olhando para ele — Solte o garoto, assim você vai quebrar todos os ossos do corpo do nosso filho. E ele nem chegou direito em casa. — Tomara que vocês tenham vindo para ficar o resto da semana... — disse minha mãe segurando meu rosto e com esperança nos olhos, quando meu pai finalmente resolveu me soltar — Está tão bonito quanto o seu pai. — disse ela sorrindo, piscando o olho sem a menor discrição para o meu pai. — Sim, senhora Valdez... Quer dizer, Penélope — se corrige Kristen — Daniel não faria essa desfeita com os pais dele. Não é? — me olhou fixo e sabia que ela estava me repreendendo pelos anos que passei sem aparecer em casa. — Não me olhe assim. — rebati nervoso — Você sabe o real motivo pelo o qual voltei para essa cidade... — Os dez anos... — retrucou minha mãe cabisbaixa e meu pai a abraçou com carinho. — Não fique assim querida. Nosso filho está aqui, e nada vai estragar esse dia. — ele a afastou, mas manteve o braço em seu ombro para poder olhar para mim — Certo? — Certo. — respondeu minha mãe, se afastando e pegando minha bolsa — Você vai dormir no quarto de hóspede... — O que houve com meu quarto? — perguntei confuso. — Nada. Seu quarto é maior e melhor. Então...— respondeu simplesmente, dando de ombros — A Kristen vai dormir nele. — m*l chegou, é já está usurpando meu lugar! — resmunguei ajudando a pegar as malas e subir com elas. — Fazer o quê? Seus pais me amam. Sofra com isso. — debochou Kristen ajudando minha mãe, que estava com um sorriso de orelha a orelha, por ter a casa movimentada novamente. Era bom estar de volta a casa onde cresci. O mesmo papel de parede, a mesma mobília... Nada havia mudado exceto pela cama do quarto de hóspedes, que estava maior. Na parede do corredor ainda tinha a moldura com uma foto minha, com aquele terno horroroso. Eu estava com aquele sorriso horrendo, achando que aquele dia seria o melhor da minha vida. Querendo dançar com Elle e que todo o mundo explodisse. Na noite em que esqueci até que Catharine exista. Eu teria que pedir desculpas por ter lhe deixado lá, sozinha. Para minha sorte, Estevan conseguiu levar ela para casa em segurança. — Nossa... — assoviou Kristen, me pegando de surpresa — Seus pais ainda guardam essa foto? Isso deveria estar guardado, ou sido queimada. Sei lá..., acho que até enterrada. — brincou. — Não. — olhei com firmeza para Kristen — Não devia estar escondida... — voltei a olhar a foto — Ela me faz lembrar o quanto eu fui bobo, e quanto eu evolui. — Desculpa. — pediu segurando meu braço — Vamos correr? O final de tarde está perfeito para nos exercitar. Fiquei com a b***a dormente na viagem. — mudou de assunto. — Vamos. — me chamando para correr, era um motivo para alargar o meu sorriso, pois ela sabia que para mim, não havia nada melhor do que esquecer meus problemas correndo — Você vai comer poeira. — Não se eu correr mais que você. — falei indo para o quarto, para trocar de roupa. Não demorei mais que cinco minutos para me arrumar. Ao contrário de Kristen, que sempre demorava. — Pronta? — perguntei colocando os fones no ouvido. Eu tinha acabado de comprar o mais novo Ipod, e tinha carregado com 5 giga de músicas para praticar exercícios ao ar livre. A batida pulsante da música começou a entrar no meu cérebro e comandar minhas terminações nervosas. Amava escutar música enquanto corria. — Prontíssima! — responde animada, já olhando para frente e com aquele olhar competitivo que só ela tinha. Minha vantagem era que eu conhecia a cidade, e sabia para onde ir. Se ela se perdesse, todos conheciam meus pais e ela saberia se informar, então, eu ia a fazer comer poeira — E você precisa mesmo correr sem camisa? — perguntou indignada, revirando os olhos — Assim você vai provocar alguns acidentes, com sérios riscos de ter pessoas – mulheres – mortas nas estradas... E ambulâncias espalhadas para atender todas... — Você sabe que tenho que deixar os músculos respirarem, afinal, eu sou o rosto da nossa empresa. — respondi me exibindo e estufando o peitoral de maneira engraçada — E não vai acontecer nenhum acidente, ao não ser que eu tire o resto das roupas... Aí sim, pode chamar a S.W.A.T. — Burro! — gritou ela, correndo na minha frente e gargalhando ao mesmo tempo. Me enganou direitinho — Agora quero ver você me alcançar! — gritou novamente. A observei correr na minha frente como uma verdadeira maratonista, mas os anos de treinamento e Kung Fu me ajudaram a ter uma resistência melhor que antes. Disparei sem dó nem piedade, em uma corrida ritmada e rápida. Eu praticamente a humilhei, ao ver que estava correndo atrás de mim com desespero. Chegou um momento em que virei à esquina e não a vi mais. Exagerei. Adorava aprontar com a Kristen. Continuei correndo e olhando para trás, quando de repente esbarrei em alguém. Cai no chão com o esbarrão. Quando olhei para ver se a pessoa estava bem, meu mundo parou. Meu pulso acelerou, minha respiração desapareceu e minha boca ficou seca. Era ela. Linda. Seu corpo havia mudado um pouco. Estava mais cheia, com mais curvas mais desenhadas e s***s fartos. Seu cabelo estava grande, até o meio da sua cintura. Mas tinha algo errado. Ela estava usando uma roupa de garçonete do Burg King e parecia extremamente irritada. Mas, ainda assim, não deixava de ser uma linda mulher. — Você não olha por... — ela parou de falar assim que olhou para mim. Por um momento achei que ela havia me reconhecido, mas logo percebi que não. Ela estava literalmente babando por mim e resolvi me aproveitar da situação. Eu tinha a plena certeza que ela estava me olhando de cima a baixo, e prendendo a respiração, já que eu estava sem camisa e apenas com a calça de corrida alinhada abaixo do meu quadril, e a minha braçadeira que continha meu Ipod. — Me desculpe. — pedi ao me levantar, indo na direção dela — Segure minha mão, assim eu posso lhe ajudar. — ela estava paralisada, e resolvi eu mesmo pegar ela pelo braço, para ajudá-la a se levantar — Tudo bem com você? — perguntei alisando seu braço, fingindo estar procurando algo de errado. Eu senti uma energia, que nem mesmo quando éramos amigos, sentia. — S-sim. — gaguejou abrindo e fechando os olhos em um tipo de tic nervoso. — Eu estou um pouco atrasada, e não te vi. — diz baixando a visão — Eu que devia pedir desculpas... — sei o motivo pelo qual ela não olha para mim. Sim, é isso que eu quero. Que ela ficasse derretida por mim em apenas olhar meu corpo. — Bom. — comecei a falar — Se quiser, podemos sair para jantar, assim você não vai precisar pedir desculpas por um erro que não cometeu. — Eu... — começou, mas Kristen chegou bem na hora, completamente sem ar. — Alcancei você... — falou ofegante — Bem que poderia me dar um pouco dessa sua energia... — ela parou de falar quando olhou para Elle. — Desculpa, Kristen. — falei estendendo a mão — Essa é... — olhei para Kristen, franzindo o cenho, pedindo para ela não falasse que sabia quem era ela — Quer dizer... Qual é o seu nome? — Ah... — falou ela sem jeito, se arrumando, depois que a fiz ficar de pé — Elle Austin. — Vi os olhos de Kristen se arregalarem em câmera lenta e tentei me controlar para não rir da cena. — Kristen Connelly. — cumprimentou estendendo a mão para Elle. Ela se controlou para não abrir aquela boca grande que ela tinha, e agradeci a Deus por isso. Pois normalmente ela logo depois de se apresentava para alguém, comentava que era minha sócia. Já era algo automático: Kristen Connelly, sócia do Valdez. — Bom, vou deixar meu número. — lembrei que não tinha em que anotar, mas a super Kristen sempre andava com caneta e um bloquinho de anotar e me estendeu. Ela tinha sempre em mãos para o caso de surgir uma ideia nova, para as campanhas que estariam por vir. Olhei agradecido para ela, pois ela sabia da minha real intenção, sem contar que não tinha como eu andar com caneta e bloquinho de papel. Aonde eu iria guardar? Anotei o número e a entreguei, e ela ficou olhando para mim sem saber o que dizer — Espero a sua ligação. — puxei Kristen no sentido contrário e voltamos a correr. Ela seria uma mulher muito maluca, se não ligasse para mim. Maluca ou cega. Depois de alguns metros, já longe de onde eu tinha esbarrado em Elle, Kristen me empurrou para cima de uma cerca de madeira velha adornada de galho secos, com força. Saltei e cai na grama, já que se eu não fizesse isso, teria que pagar uma cerca nova, além de ficar todo arranhado. — O que você vai fazer? — perguntou ela me fuzilando com os olhos e pondo as mãos na cintura — Pensando bem, o que diabos você pensa que está fazendo? — Me divertindo. — expliquei rindo e me levantando, dando de ombros — Você tinha que me empurrar para cima de uma cerca cheia de galhos? Bem que poderia ser para cima da cama da loira, não é? — debochei dela. — Minha vontade é de jogar você de cima de um penhasco. O quanto mais alto, melhor. — rosnou e eu me diverti ainda mais — Você tem certeza que vai apenas se divertir? — semicerrou os olhos, formando uma linha fina nos lábios. — Tenho. — joguei o braço em torno do seu pescoço quando me levantei, e comecei a induzi-la a caminhar junto a mim — Vai ser só um pouco. Prometo não fazer muito estrago... — Dani... — suspirou — Não é apenas uma diversão, ela é a famosa Elle da sua vida... A Elle que fez você sair desta cidade, todo melado de tinta vermelha e tudo mais... — fez o gesto do parêntese, enquanto citava o nome dela — Isso não é mesmo só diversão. Você pode se machucar e machucá-la também. — Ela me fez sofrer mais, se me lembro bem. Mas, prometo voltar às dez. — gargalhei. — Você viu como ela olhou para você? — perguntou levando a mão até sua boca, incrédula e divertida mudando o foco da conversa — Ela praticamente comeu você com os olhos. Acho que mais um pouco e ela voaria em cima de você e tiraria o resto de roupa que você ainda tem. — Vi. — respondi assentindo — E eu vou aproveitar e me lambuzar com a minha diversão. — Cuidado... — advertiu com a voz séria — Cuidado para não se machucar... — Você me conhece... — falei bagunçando o cabelo dela — Sabe que sou bom no que faço... — Conheço? — disse ela me olhando desconfiada — E eu não sei o quanto você é bom no que faz, e nem quero saber. — adoro Kristen. Pra quê ter qualquer outro amigo, se posso tê-la ao meu lado? Baguncei seu novo corte de cabelo, pois eu sabia que isso a irritava muito. — Você sabe que dá trabalho arrumar a d***a desse cabelo... — ela reclama. — Então vamos correr, fracote. — falei mexendo no cabelo dela novamente, correndo na sua frente — Me alcance se puder! — gritei.
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