Capítulo 8 - Histórico

2453 Words
Sophie POV Olhei para Eros sentindo meu rosto inteiro arder sem saber se o que ele estava falando era para zombar mais ainda de mim, se era por causa do álcool ainda em seu sangue ou se era para flertar. Decidi que não daria ouvidos a ele seja a intenção dele qual fosse, apenas me sentei na borda da piscina ao seu lado e coloquei meus pés dentro da água aquecida. Escutei ele rir soprado ao perceber que nem com suas afirmações exageradas ele conseguiria me convencer, mas ele também não tocou mais naquele assunto. - Por que esperou meu pai perguntar a você sobre para contar do acontecido no seu apartamento? A pergunta i****a feita por um i****a mais i****a ainda me fez revirar os olhos. Ele estava tão bêbado quando eu cheguei que mesmo que eu decidisse contar sobre o incidente no apartamento ele se esqueceria no segundo seguinte! - Você tava muito doido quando eu cheguei, te contar não levaria a nada. Respondi olhando através das janelas daquela área vendo pouco a pouco o trânsito intensificar e as pessoas acordando em seus próprios apartamentos. Deve ser legal morar em uma cobertura e poder ter essa visão todos os dias. Eros, por sua vez, deslizou para dentro da água mais uma vez e vi dar de ombros. - Mesmo assim, eu gostaria de ter ajudado. Comentou passando as mãos pelo cabelo escuro e me encarou em busca de mais respostas, mais conversa, mais do que quer que fosse que ele queria de mim. - Já ajudou, me deu um lugar seco e seguro para mim e para minha gata. Respondi honesta, não tinha ajuda mais necessária do que aquela naquele momento. - Você tem dinheiro para cobrir o prejuízo? Sabe eu posso ajudar se quiser...- Interrompi seu discurso no meio e abanei a cabeça taxativa. - Não, eu mesma vou dar conta disso. Você é meu investigado, não pode se envolver na minha vida pessoal. Tratei de traçar uma linha firme entre nós e vi ele quase soltar uma risada enquanto suas sobrancelhas erguidas denunciavam o que ele realmente sentia sobre aquilo. - Você está na minha cobertura, sentada na minha piscina usando uma camisolinha da Hello Kitty. Não acha que é um pouco tarde demais? Disse ele se aproximando da borda novamente, mas agora segurando em meus tornozelos mesmo comigo tentando chutá-lo para longe. A força daquele cara não era brincadeira. - Você não vai entrar na minha vida, Zervas. Eu vou entrar na sua. Retifiquei um pouco mais severa do que o normal me inclinando para olhar bem dentro daquelas orbes verdes que me encaravam bem humoradas. Ao ouvir isso ele não levou como uma ameaça, na verdade ele pareceu gostar bastante já que abriu um sorriso imenso que gradualmente mostrou suas covinhas profundas. - Eu sou um livro aberto, delegada. Qualquer um pode entrar na minha vida. Mas... Ele dizia despretensioso, mas suas mãos - nada despretensiosas, diga-se de passagem - subiam por minhas panturrilhas me fazendo arrepiar. - Eu não sou do tipo de cara que desiste do que quer, Sophie. Eu sou um Zervas. E sabe o que isso significa? A esse ponto mesmo que ele sussurrasse eu poderia ouvi-lo em alto e bom som já que seu rosto estava bem próximo de meus joelhos fazendo minha mente dar piruetas com a simples insinuação de que ele poderia chegar ainda mais perto. Eu não conseguia me mover, não porque ele estava me segurando forte, mas porque eu não queria. Provavelmente era isso o que mais me deixava aterrorizada sobre Eros. - Significa que eu consigo o que eu almejo. E nesse momento, esse algo é você. E depois de sibilar tais palavras, suas mãos se encaixaram atrás dos meus joelhos e me puxaram de súbito para dentro da água me fazendo quase engasgar pelo susto, pela água e pela vergonha em ouvir tais coisas. Eros estava perigosamente perto e agora me tinha assustada sob sua vantagem do elemento surpresa. - Você enlouqueceu?! Gritei com raiva afastando meus cabelos do rosto e ele fez uma careta certamente ainda afetado pela ressaca, mas logo ele sorriu novamente. - Talvez. Disse descendo os olhos para meu corpo onde a camisola que eu usava estava totalmente transparente e colada aos meus s***s que despontavam com meus m*****s eriçados pelo susto e pelo choque térmico. O empurrei fazendo ele tropeçar e acabar mergulhando e me dando a vantagem que eu precisava para nadar para fora da piscina. - Ah, não fica assim, delegada... nossa brincadeira estava tão boa! Escutei ele dizer enquanto eu alcançava uma das toalhas disponíveis no balcão da área da piscina e me enrolei com tanta raiva que poderia explodir. - Trate de ficar sóbrio porque você me deve boas respostas e vai me dar todas mais tarde! Enfuriada eu gritei saindo dalí em passos rápidos mas ainda pude ouvir ele gritar um: - Tudo o que você quiser eu te dou, princesa! Argh! Que babaca! [...] Depois de dormir um pouco mais até umas dez da manhã eu decidi que o protesto contra a minha vida de merda deveria encerrar e que eu precisava fazer algo a respeito. Primeiro fiz um relatório detalhado do dia de ontem de Eros e mandei para o comissário, depois entrei em contato com alguns pedreiros para fazer o orçamento do piso do meu apartamento mas todos eram caros demais e eu estava praticamente entrando em desespero. Eu teria que, pelos meus cálculos, ficar pelo menos um mês morando com Eros para juntar aquela grana e isso excederia o tempo da investigação sobre ele! Naquele mau humor que eu estava, encontrá-lo na cozinha tomando whey no lugar do almoço já vestido como quem iria correr me deu mais raiva ainda. - Você não vai a lugar algum. Apontei para ele me sentando no balcão e vi uma de suas sobrancelhas subirem. - Acordou pior, foi? Perguntou colocando o copo na lava-louças. - O que aconteceu com o seu histórico médico? Por que ele está zerado? Peguei o meu notebook e o coloquei sobre o balcão mostrando a ele a página onde deveria estar o histórico médico dele mas não estava. Ele pareceu atônito por alguns segundos, mas logo sua postura relaxada e seu eterno sorriso de canto voltaram. - Provavelmente porque eu não me feri. Deu de ombros abrindo a geladeira para pegar uma garrafa d'água. Bufei irritada com a maneira que ele me tratava como se eu fosse tão i****a ao ponto de acreditar naquilo. - Impossível, você é um atleta de MMA não tem como você não ter nem um hematoma sequer. Exclamei até mesmo gesticulando um soco em meu próprio rosto e ele riu exasperado. - Se não tem nada é porque não houve nada. E mesmo que tivesse, no que isso ajudaria na investigação? Questionou dando um gole na água e eu cruzei meus braços. - Isso me provaria que você não é um viciado. Pontuei fazendo ele se engasgar com a água e eu semicerrei meus olhos para a cena patética dele tossindo até voltar ao normal. Ele respirou fundo algumas vezes e colocou as mãos sobre o balcão de inox onde eu apresentava a ele o próprio histórico apagado. - Olha, delegada, eu faço testes toda vez que uma luta é marcada. Se eu tivesse problemas com drogas eu nunca poderia lutar! Disse em um tom de voz sério e agora em seu rosto não havia mais nenhum sinal de sorrisinho sarcástico ou aquele bom humor eterno no qual ele vivia. A maneira como ele estava mentindo descaradamente para mim era algo que estava fazendo meu sangue ferver. Como ele pode dizer em um momento que me daria tudo o que eu quisesse e na hora que eu peço uma única resposta ele mente na cara dura?! - Então por que a p***a do seu histórico está em branco?! Bati com as mãos no balcão com raiva e ele se afastou um pouco rindo surpreso. - Que palavreado feio, delegada. Por que está tão obcecada por isso? Franziu o cenho. - Sua irmã me disse que vocês foram sequestrados, nos históricos médicos deles está registrado os golpes, contusões, cortes... Por que justamente no seu não tem nada?! Disparei as informações e ao passo que eu ia falando, seu rosto se tornou mais e mais sério, ao ponto de que não havia mais sinal algum de que ele estava sorrindo no início daquela conversa. - Ah, claro que tinha um dedo de Daphne nisso... Bufou passando uma de suas mãos por seu rosto e depois ajeitou a bermuda de lycra que usaria para sua corrida, quase atraindo meus olhos para aquela armadilha que era seu corpo. Mas eu não podia desistir agora, eu conseguia farejar algo e eu não desistiria até saber o que tanto Eros Zervas estava tentando esconder. - Algum problema? Tem algo a esconder? Algo tão importante que a polícia não pode saber? Pressionei ao ponto de vê-lo finalmente me olhar irritado, seus olhos verdes arregalados e suas mãos pressionadas contra o balcão. - Sim! Sim, c*****o! Algo humilhante e que acabaria com a minha carreira! Feliz?! Gritou ele jogando a garrafa que bebia contra a parede da cozinha molhando tudo e saiu enfurecido pela porta da frente. - Espera... Eros! Chamei mas já era tarde. [...] Eros POV - Sabe, eu não quero te pressionar nem nada, mas seu irmão precisa do nosso apoio. Tinha feito uma pausa em um parque para atender a ligação de minha mãe e respirei fundo o ar ainda gelado da manhã. - Mama, o maior apoio eu já dou. O financeiro. Você sabe que minha agenda é estreita. Rolei meus olhos entediado. Eu sabia que tudo isso era uma merda, meu irmão era jovem demais para tudo o que ele estava passando e que ele era introspectivo demais para nos falar como ele realmente se sentia, mas o que mais eu poderia fazer? Eu pagava os melhores médicos, clínicas, tratamentos, terapias... tudo o que pediam para ele eu dava! Não havia nada no alcance de minhas mãos que eu não fazia por Linux. Mas nem tudo ele nos contava. - Eros, você não pode pular um único treino para visitar o Linux? Ah, claro. Mais uma vez aquele papo de visitar meu irmão como uma maneira de me prender lá por pelo menos um par de dias. Desgrudei a camisa de compressão do meu corpo suado um pouco enquanto me remexia no banco da praça onde estava sentado. - Eu fui aí ontem! Você só está inventando uma desculpa para me ver depois da briga que eu tive com o baba né? Suspeitando de suas reais intenções eu questionei e ouvi ela suspirar como se tivesse sido pega no pulo. - Ele não está errado, Eros. Seu lugar é aqui onde nós podemos te proteger. Mais uma vez todo aquele papo de que eles precisavam me proteger. Mas eles não podiam. Agora éramos três adultos com visões de mundo diferentes e que não eram iguais as deles. O que eu poderia fazer se aquele maluco que nos sequestrou estava a solta novamente? Agora eu tinha recursos que antes eu não tinha, assim como a idade que me deixou mais maduro sobre tudo. - Eu sou um adulto agora, tenho seguranças armados e carros blindados. Não preciso que meus pais vigiem o meu sono. Aleguei e ouvi sua interjeição irritada. - Que sono, Eros? Desde quando você dorme? Você não me engana, pode tentar, mas nunca consegue. E, estando certa, ela me fez ficar com cara de tacho como eu sempre ficava ao conversar com ela. - Para a sua informação, eu dormi muito bem ontem! Ótimo, Eros. Agora ela vai esfregar na sua cara isso. - Depois de encher a cara, né? Meu filho, isso não é vida. Você é um atleta, não pode arriscar sua saúde. Dito e feito. Respirei fundo e pensei nas probabilidades baixíssimas de eu dar uma festa daquelas novamente. - Isso não vai acontecer novamente, agora a delegada tá cem porcento na minha cola. Confessei coçando a nuca mesmo sabendo que papai já devia ter contado a ela sobre isso. - Isso é ótimo. Eu dei uma olhada nos antecedentes dela e ela é uma menina sofrida, trate ela com respeito ou eu raspo sua cabeça no tapa! A ameaça nada velada me fez estremecer apenas de pensar em irritar minha mãe. Mas eu não tinha nenhuma intenção de magoar ou machucar Sophie. Na verdade, ela me deixava intrigado. Se eu passasse por ela na rua ou se ela fosse minha fã eu certamente nunca olharia para ela dessa forma, mas pelo fato de ela ter completa aversão a minha imagem eu acho divertido provocá-la. Sem contar que sua beleza parecia cada vez mais chocante em meu ver. Não sabia que pessoas ficavam mais bonitas a cada dia que passava até conhecê-la. - Que lindo, mama. Também te amo, viu? Preciso treinar, até mais tarde. Apressei o fim da conversa e minha mãe suspirou mais uma vez. - Eros, não esquece de ligar para o Linux pelo menos, me promete que vai fazer isso. Pediu ela em um tom mais brando e eu passei a mão por meu rosto não querendo muito fazer isso. - Tá bom, prometo. Te amo, repassa minhas desculpas ao baba. Pedi sabendo que meu pai não visualizaria minhas mensagens tão cedo. - Não sabe como ele é? Já te perdoou, só tá de birra. E depois de nos despedirmos eu voltei a correr pelo quarteirão indo de volta para o Grécia não esperando dar de cara com uma nuvem imensa de paparazzi do lado de fora. Assim que eles me avistaram foi como um enxame de abelhas vindo em minha direção. Respirei fundo, dei o meu melhor sorriso e acenei para todos enquanto meus seguranças saíram do prédio para me ajudar a entrar. - O que está acontecendo aqui? Perguntei a um deles ao finalmente conseguir entrar em meu próprio prédio e ele apontou para uma poltrona de couro onde Simon estava sentado com seu ipad em mãos, e pela expressão em seu rosto, coisa boa não era. - Posso saber o que significa isso, senhor Zervas? Ele me mostrou o ipad que mostrava a seguinte notícia: Notícia urgente! O lutador mundialmente conhecido como Hades tem um possível caso amoroso com a delegada encarregada da investigação contra ele sobre tráfico de drogas. Até onde o trabalho e a corrupção vão? Leia o artigo abaixo. Aquilo estava em letras garrafais e uma foto de Sophie chegando de mochila e com a gata na mão no Grécia não ajudava em nada. Argh... que merda!
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