Uma prova de amor

926 Words
Os dois não se falaram no outro dia, nenhuma mensagem, o que era estranho, pois Luna sempre mandava bom dia e boa noite. Nicolas não pensou muito sobre isso, sabia que receberia uma mensagem em algum momento. Estava abraçando Evah no corredor do colégio, com a mão em torno da cintura dela, esperando o professor chegar, após o intervalo. No corredor em frente ao que estava, o da outra turma, Nicolas vê Luna indo para a sala. Ela estava sozinha, digitava no celular. Nicolas sabe que Luna não tem muitos amigos, imaginou que agora mesmo receberia uma mensagem. Não recebeu e o dia se passou sem outro boa noite, ou um novo bom dia. Na quarta-feira, Nicolas deixou seus amigos no pátio e foi atrás da garota para descobrir o que estava acontecendo. Sabia onde encontrá-la, ela estava em um corredor sozinha, sentada no chão, digitando no celular. O corredor estava meio vazio, mas havia pessoas que circulavam e nada desviava a atenção de Luna do celular. Ela estava de fone. O moreno se enfureceu, marchou até a garota distraída e tomou o celular de suas mãos. Luna teve o instinto de se levantar e recuperar o celular, mas quando seus olhos bateram em Nicolas, ela sorriu. E foi tão natural. O garoto não reparou. No instante em que o viu, o céu abriu. Uma dose de dopamina acabara de abastecer o seu cérebro. Nicolas se deparou com o Word, 15 páginas e um monólogo incompleto sobre niilismo. Ele deu uma lida rápida no trecho que Luna estava escrevendo e se voltou para ela. – O que é isso?           – Estou tentando escrever um livro. – Luna respondeu ficando de pé. Nicolas sorriu para ela e retirou seus fones de ouvido, não falaria com Luna de fones. Ela estava mascando chiclete, um vício de um ano para cá. Mascava sempre na escola. Na maioria das vezes que saía na rua e se alguém batesse na porta, inconscientemente, colocava na boca. Era tão mecânico que não aproveitava mais o gosto. – Eu gostaria de ler. – Sério? – Nicolas pôde ver os olhos de Luna brilhando e achou adorável. Ele achou que Luna estivesse o evitando, ou sei lá. E Luna estava. Porém, Nicolas em sua frente era impossível de evitar, ela não conseguiria. Virtualmente era mais fácil. Cara a cara... qualquer um poderia ver seu rabinho balançando de alegria. – Por que não? – Era uma pergunta retórica, mas, bem, porque, para fazer isso, você precisa parar de fazer outra coisa e... Bem, ler. – Não precisa, se não quiser. – Luna estava sorrindo demais por muito pouco. Ela é muito fácil de agradar. – Quer dizer, é besteira. Um pouco de subjetivismo e drama existencial. – Ela soltou uma risadinha. – Eu não leria, se eu não quisesse. – Nicolas murmura. Luna não soube como interpretar, se foi grosseiro, ou não. Se ele queria ler, ou se estava dizendo que não se importava, se isso faria Luna ver estrelinhas. – Calma, não saia do Word, antes de salvar. – Luna pede e o moreno rapidamente salva a história e fecha o aplicativo. Entrou no w******p, checando as pessoas com quem Luna falou nas últimas 48 horas. – O que está fazendo com a minha cabeça? – Luna soltou a frase sem pensar. Nicolas a olhou rapidamente com um resmungo, em dúvida. – Eu estava triste. – Ela constatou com indignação. O garoto está com as sobrancelhas franzidas esperando ela completar o raciocínio. – Eu estou triste. E aí você me faz rir. – Por nada, ela pensou em completar. Nicolas voltou a atenção para o celular com um sorriso vaidoso. – Então, eu deixo você feliz... – Ele diz lendo as mensagens e, com uma risada, diz: – É uma declaração? – Não. – Ela respondeu rápido. Nicolas já disse uma vez, não queria um relacionamento sério com ela, então nada de gosto-de-você, sorrisinhos bobos, ou chameguinho, ouviu? – O Miguel de novo… Nicolas está lendo o chat, a última mensagem é um bom dia de Miguel. Então Nicolas acordou sem um bom dia, mas esse i****a ganhou um. Ele está lendo e cansa, passa o dedo na tela rapidamente e o chat rola para baixo, e de novo, e de novo. – Ele é legal comigo. – Luna engasga, sentindo um frio na barriga. Está revivendo a conversa com Miguel em sua cabeça, lembrando se disse algo errado. Luna tenta manter Evah em mente, há dois dias ela foi à casa de Nicolas, Miguel e ela nunca nem saíram fora da escola. Não era traição, eles não eram exclusivos, não tinha porque ficar nervosa. – Por que está triste? Ou estava. Graças a mim. – Ele ri presunçoso. Olhando-a de relance. Por sua culpa também. – Nada, hm... Bloqueio criativo. – Ele te chamou para sair. – Luna assentiu. – Você vai? – A voz de Nicolas indicava que havia uma resposta correta. Ela hesitou, deu de ombros. Olhando para os lados, enquanto Nicolas a encarava. – Tudo bem por você? – Luna perguntou. Ela queria tanto que Nicolas dissesse que não, queria tanto que Nicolas quisesse exclusividade, mesmo que continuasse com Evah. Porque isso significaria que Nicolas gostava dela, que fazia questão. O lance com Evah seria só passageiro e logo os dois seriam exclusivos. – Tanto faz. – Ele resmungou. – É bom ter alguém, você é muito carente. – Ele cuspiu as palavras e devolveu o celular. – Vá a minha casa hoje. – De que horas? – As sete.    
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