Ester - O Resultado de um contrato

Capítulo Dois

— Olha que fofa! - Dizia Kiara. — Quando era criança era tão linda e inocente.

— Ai tia, que vergonha. - Ester reclamou.

— Vergonha de namorar não tem! Está com vergonha de que? - Kita dizia de forma estridente. Havia se passado quinze anos desde o nascimento de Ester e as meninas, e Ben, estavam na cozinha conversando.

— De mim? Ah! Que fofa! Com vergonha do tio Ben? - Benjamin brincava apertando de leve a bochecha de Ester.

— Tio? Haha! Faz cócegas que tem mais graça! - Ester zombou.

— Olha o respeito! - O jovem disse. Ben, com seus dezenove anos, brincava com a adolescente de quinze. A rotina da casa dos O'Jill não é diferente. Quando não é Ben e Ester engalfinhados, é Elena e Ester. Mas a loira sempre está no meio.

— Mãe, as crianças já começaram com o discurso de ódio de todo dia. - Elena dizia. Sentada no balcão da cozinha com três livros de diferentes matérias, seu estojo preto, e seu caderno ilustrado com flores de variadas espécies.

— Quem chamou essa criança pra conversa? - Retrucava Ester a encarando com as sobrancelhas arqueadas.

— Você também tem esses problemas com as meninas? - Lya comentava com Kiara. A morena estava sentada à mesa vendo o álbum de fotografias das meninas de Lya, enquanto a Sanger picava uma salada para o jantar.

— Eu vou resumir isso aí a apenas um nome: Arabella. - respondeu Kita.

— Vai lá atender, tampinha. - Ester disse a Elena. A campainha tocou e Ester estava ocupada demais para atender. Ela estava no meio da conquista. Pela manhã vestiu sua melhor roupa para conquistar Ben. Colocou seu short jeans curto e sua blusa marrom solta de mangas compridas. Os ombros ficaram totalmente de fora. Deixou seu cabelo cacheado solto e passou uma maquiagem leve mas bonita. Seu melhor perfume e cremes.

— Vai lá você! Não sou sua empregada! - Rebatia Elena.

— Quem dera se fosse, porque aí eu já teria te dispensado. - Rebateu Ester a encarando.

— Vocês querem mesmo que eu resolva isso? - Lya encerrou a questão assim. - Mas alguém tem que atender a porta.

— Deixa que eu vou, tia. - disse Ben.

— Aí! Tem um tal de Thomas lá na porta. Não deixei entrar pois não sabia se conheciam. Tem comida ai? — Yuri caminhou adentrando a casa dos O'Jill.

— Yu, sempre comendo? - Dizia Elena. A morena, rapidamente passou a mão no cabelo tentando ajeitá-lo. Apertou mais seu r**o de cavalo e acertou seu óculos redondo preto.

— Não. Às vezes eu estou na igreja, aí lá não dá pra comer! - Rebateu Yuri com um sorriso de lado. Passou a destra sobre a cabeça de Lena e caminhou até as tias. Depositou um beijo na bochecha de Lya e depois na de Kita.

— Thomas? Quem é Thomas? - Questionou Benjamin.

— Thomas? Ah! Thomy! - Ester completou alegre.

— Quem é Thomy? - Benjamin perguntou com desdém.

— Thomy Nonti. - Disse a loira.

— Nonti?

— É! Nonti! Nonti interessa! - Disse a loira e saiu rebolando.

— É aí que você vê a mentalidade da criança. - Rebateu Benjamin. No mesmo instante Ester deu meia volta e chegou bem perto dele, tão perto que podia sentir sua respiração.

— Posso te mostrar a criança. - Disse a garota. Ben apenas ouviu e se manteve parado.

— Cresce mais dez centímetros e aí nós conversamos! - Ele rebateu dando leves tapas em sua cabeça. Ester ficou na ponta dos pés quase alcançando sua boca. Elena limpa a garganta e Yuri olha para o casal. Ester revira os olhos e sai da cozinha rebolando.

De alguma forma a loira o conquistaria. Assim ela pensava. Ester gostava de Ben desde o baile de formatura dele. Na verdade, ela descobriu que o amava naquele dia. Foi quando ficou com tanto ciúmes que fez um pequeno escândalo com a garota estragando assim a noite de Ben. Não que o pequeno príncipe fosse fazer algo a mais. Mas o ciúme a deixava cega, a não ser o fato de que ela o queria para sempre. E assim tudo começou.

(...)

— Tia. Olha isso! O cara está quase partindo ela no meio. Tia, a senhora não vai fazer nada? - Ben interrogava a Lya enquanto observava Ester e seu amigo 'Nonti' na maior química.

— Ben, o que quer que eu faça? Já dei conselho, já avisei, já fiz tudo que podia. Agora eu entreguei na mão de Deus. E Ele falou que é pra deixar que ele vai cuidar. - Ela explicava. Ver sua loirinha, como a chamava quando criança, em vários relacionamentos mesmo com tão pouca idade, com palavras de baixo calão, com atitudes que ela reprova e fazendo coisas que a mãe antes desconhecia, a deixava triste, chorava aos pés do Senhor quando dobrava o seu joelho defronte a cama. Em silêncio as gotas caiam. Mas na frente dos outros, até de seu marido, ela omitia.

— Então até depois! Te vejo na escola! - Lena se despedia de Yuri enquanto caminhava em direção a porta de entrada. Ela abriu a porta para o amigo que logo passou. Subiu na moto e foi embora. - O desentupidor de privada. Vai caçar uma louça pra lavar! - Gritou para a irmã.

— Ornitorrinco! Vai caçar um banho e para de tomar conta da vida dos outros.

— Claro baleia! Diferente de você eu sou limpa, não é tio Ben!

— Me bota nesse rolo não! - respondeu.

— Some garota! - Disse Ester. Antes que Lena fechasse a porta Benjamin a segurou e encarou por alguns segundos o jovem que estava com Ester.

— Es! Você não tem uma louça pra lavar não? - Disse.

— Vocês querem ser minha mãe? - Disse brava. — Só pode!

— Ester, eu realmente acho que é sua a louça do almoço. E olha, está chegando a hora do jantar e a louça ainda está lá. Não me faz falar de novo. - Lya, ouvindo a pequena discussão, manifestou-se atrás de Benjamin observando a menina abraçada a um jovem que também estava de moto.

— Vou lavar agora, mãe. - Disse Ester. A loira virou para seu "amigo" e o beijou na frente de Ben. Ele, por sua vez, revirou os olhos e olhou para a rua.

— Oi Nicole! - Gritou o rapaz. Rapidamente Ester saiu do beijo e analisou toda a extensão da rua à procura de sua arqui rival. - Assim ela chamava - Ester olhou para trás deparando com um belo sorriso de Benjamin. Um sorriso vitorioso.

Com um beijo rápido na bochecha de Thomas, Ester se despede e entra empurrando o braço de Ben.

— Olha o respeito com seu titio! - O jovem fala.

— É só uma batalha, querido, mas não a guerra! - Ela rebate. — Mãe, o Ben quer me ajudar com a louça, pode?

— Eu o que? - Benjamin abre a boca e semicerrou os olhos.

— Ótima ideia! Ajuda ela que termina rapidinho. - Kita diz.— De repente na pia vocês se resolvem assim como um certo casal.

— Kita... - Lya a repreende.

— Tia Kita, a senhora é um gênio! - Disse Ester sorrindo vitoriosa para Ben. Essa era uma guerra constante entre eles. Os dias eram resumidos a isso: Ester em sua conquista contínua e Ben em sua negação.