Capítulo 4 – Coração de Bandido Também Ama

824 Words
Depois daquele beijo, nada mais foi igual. Ele me deixou em casa naquela mesma madrugada, exatamente às 02h13 da manhã. Disse que saberia se eu demorasse pra entrar. E eu acreditei. Porque se tinha uma coisa que Gabriel fazia bem, era me provar que estava sempre no controle. Eu entrei pela janela como tinha saído, em silêncio, com os lábios ainda queimando, o corpo mole, o coração fora do peito. Deitei na cama e olhei pro teto. Queria odiá-lo. Queria fingir que tudo aquilo era um erro. Mas no fundo… eu sabia que tinha sido o melhor beijo da minha vida. Era como se ele tivesse me colocado fogo por dentro. E agora, nada apagava. --- No dia seguinte, eu tentei agir como se nada tivesse acontecido. Acordei, tomei banho, vesti minha roupa e fui pra escola. Mas tudo em mim gritava por dentro. No celular novo, nenhuma mensagem dele. Primeira vez desde que tudo começou. Senti o estômago afundar. Talvez ele tivesse se arrependido. Talvez fosse só mais uma garota pra ele. Talvez o beijo não tivesse significado nada. E isso doeu mais do que eu queria admitir. A manhã passou arrastada. Eu m*l prestei atenção nas aulas. E no intervalo, lá estava ele: o mesmo menino de camisa azul do outro dia, se aproximando de novo. — Oi, você tá bem? — ele perguntou, sorrindo. Eu abri a boca pra responder, mas o celular vibrou. > Gabriel: “Você tem 5 segundos pra sair de perto desse moleque.” Olhei em volta. Ele não estava ali. Não à vista. Mas estava me vendo. Sempre estava. Engoli seco. — Desculpa, eu… preciso ir. — falei rápido, e saí andando sem olhar pra trás. Assim que virei o corredor, o celular vibrou de novo. > Gabriel: “Boa menina.” > Eu: “Onde você tá?” > Gabriel: “Em todo lugar.” Fechei o celular. Uma parte de mim estava assustada. Mas a outra… estava sorrindo. --- Mais tarde, já em casa, tomei banho, coloquei um short velho e uma camiseta larga. Me joguei no sofá e fiquei mexendo no celular, esperando que ele aparecesse de novo. E apareceu. > Gabriel: “Abre a porta.” Travei. > Eu: “Você tá aqui?” > Gabriel: “Sempre estive.” Corri até a janela. E lá estava ele. Encostado no portão, de moletom escuro, capuz na cabeça, cigarro na mão. Aquela presença que fazia tudo ao redor parecer menor. Abri a porta devagar. Ele entrou sem pedir. — Você sempre aparece assim? — perguntei. — Quando é meu, eu não aviso. Só chego. — E quem disse que eu sou sua? Ele não respondeu. Só caminhou até mim, devagar, e segurou meu queixo com uma das mãos. — Seu corpo ainda sente meu beijo? Meu coração disparou. — Por que você tá fazendo isso comigo? — Porque eu tô cansado de fingir que não preciso de nada. E quando te vi… percebi que precisava de você. — Você nem me conhece. — Conheço tudo que preciso. Você tem olhos de quem sobrevive em silêncio. De quem guarda dor no peito, mas sorri pra disfarçar. E eu entendo isso. Porque eu sou igual. Silêncio. Ninguém nunca tinha falado comigo assim. — Você se acha o herói? — perguntei, sem saber onde aquilo ia dar. Ele riu de canto. — Não, princesa. Eu sou o vilão. Mas até o vilão pode amar. Meu corpo arrepiou inteiro. — Então por que você tá sempre mandando? Controlando tudo? Ele se aproximou mais, colando o corpo no meu. — Porque o mundo que eu vivo é guerra. E pra proteger o que é meu… eu preciso ser o general. — E eu sou o quê, então? Um território? — Não. Você é o prêmio. Antes que eu pudesse retrucar, ele me puxou pela cintura e me encostou na parede da sala. A mão dele era quente, firme. O olhar, intenso demais pra ser ignorado. — Gabriel… isso é errado… — Errado é o mundo te deixar sozinha. Eu não vou. E ele me beijou de novo. Mais forte. Mais profundo. Como se dissesse tudo que as palavras não conseguiam. Eu tentei resistir, mas meu corpo já não era mais meu. Era dele. Meu coração já tinha se entregado, mesmo sem permissão. Quando ele se afastou, minha respiração estava descontrolada. As mãos dele ainda estavam na minha cintura. Ele encostou a testa na minha e sussurrou: — Eu nunca precisei de ninguém. Mas agora eu preciso de você. E eu não vou te perder. — E se eu quiser fugir? — Eu te acho. Onde for. Porque agora, princesa… você é minha. De verdade. --- Ele ficou comigo até o sol começar a nascer. Sentado no sofá da sala, me olhando dormir. Eu abria os olhos e ele ainda estava lá. Como um sonho que se recusa a ir embora. E pela primeira vez… eu não queria acordar.
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