O domingo tinha chegado. Acordei, fiz a minha higiene bucal e chamei o Léo para avisar que já estava indo embora — precisava me preparar para a semana que ia começar.
— Quando chegar em casa, me avisa? — ele pediu.
— Sério?! A minha casa fica a nem 800 metros da sua — falei, jogando a bolsa no ombro.
— Sim! Já que a senhorita não quer que eu te leve, esse vai ser o combinado.
Revirei os olhos, concordei com a cabeça, dei um beijo rápido de despedida e saí do quarto dele.
Descendo as escadas, dei de cara com o Theo e o Lucas jogando videogame no sofá. Theo percebeu e levantou para se despedir.
— Olha só! Já indo embora?
— Pois é. As aulas voltam amanhã, preciso deixar tudo organizado.
— Quer uma carona? Eu já ia sair mesmo — disse ele, mexendo nos bolsos.
— Não, tranquilo! Moro no começo da rua, bem pertinho. Mas obrigada.
Lucas, que ouviu a oferta, ficou visivelmente incomodado. Quando abri a porta para sair, ele veio atrás de mim.
— O que tá rolando entre você e o Theo? Não tô curtindo essa aproximação.
Soltei uma risada sarcástica.
— Você não tem que curtir nada. Até onde eu sei, sou livre e desimpedida. — Theo até seria um bom pretendente… Se ele quisesse, por que não?
Dei de ombros, terminei a conversa e segui o meu caminho.
Chegando em casa, cumprimentei a minha mãe rapidinho e fui direto para o meu quarto.
Minha mãe é médica em um dos hospitais mais renomado da região, o que garantia para gente um ótimo plano de saúde. Sempre fomos só nós duas — meu pai faleceu quando eu tinha dois anos. Não lembro quase nada dele, só algumas fotos que encontro no porão.
Ela trabalha no setor de trauma e, depois da promoção, m*l parava em casa. Mesmo assim, sempre tivemos uma relação leve, cheia de respeito e cumplicidade.
Deitei na cama e mandei mensagem para o Léo avisando que cheguei bem.
Logo depois, recebi mensagem da Milena, que estava fazendo intercâmbio na África. A previsão de volta era início de fevereiro — e eu já estava morrendo de saudades.
Léo e Milena eram as minhas pessoas favoritas no mundo.
Só que, como sempre gostou de fazer surpresa, a gente nunca sabia exatamente quando ela chegaria nos EUA.
— Hello, minha It girl favorita! Como está?
— Ai, que saudade de você!!! — respondi, quase gritando de alegria.
— Amanhã à noite estou de volta! Quero você e o Léo no aeroporto me esperando.
— Pode deixar! Só me manda as infos do voo e o portão de desembarque.
O voo dela chegaria às 19h40 — perfeito, porque eu não precisaria faltar na escola.
Decidi contar a novidade ao Léo pessoalmente. Queria ver a reação dele na hora.
Antes do intercâmbio, nós três éramos tão grudados que até sabíamos a cor da roupa íntima um do outro. Quando ela contou que ia realizar o sonho de estudar na África, ficamos mega orgulhosos.
E o tempo voou — um ano depois, Milena estava voltando para terminar o último ano escolar com a gente.
*******
Acordei às 06h45. A ansiedade me fez levantar antes do despertador. Fui direto ao banheiro me arrumar para o primeiro dia do último ano.
Coloquei o uniforme (nada incrível, mas também não era um terror). Agradeci mentalmente por ele ser preto com o logo branco — pelo menos, básico.
Passei só um rímel, um lip tint pra realçar os meus lábios e prendi o cabelo de um jeito que deixasse os meus cachos, formados por dormir com ele molhado, ainda mais definidos.
Desci para tomar um café rápido, já que de manhã o meu apetite some, e recebi mensagem do Léo:
“Daqui 5 min o Lucas tá encostando aí.”
Como o Léo ainda estava tirando carteira de motorista, o querido irmão mais velho dele era nosso motorista oficial.
Respondi com um simples “ok”.
Quando chegamos à escola, Léo se despediu do irmão e saiu do carro. Quando fui abrir a porta, Lucas segurou o meu ombro, me fazendo virar para ele.
— Não acha que tá muito arrumada para o primeiro dia?
Olhei para ele com desdém.
— Arrumada? Eu tô de uniforme! — disse, tirando a mão dele do meu ombro.
— Léo é muito sonso… Eu tô de olho em você. Principalmente com os meus amigos.
— Relaxa, Lucas. Se eu tiver algo com algum deles, você vai ser o primeiro a saber — falei, e saí do carro.
Léo me esperava, franzindo a testa.
— O que vocês estavam conversando?
— Nada demais. Seu irmão sendo… seu irmão.
Ele soltou um suspiro confuso.
— Tenho uma novidade gigantesca para você! Sabe quem tá de volta hoje?
— One Direction que não é.
Dei um tapa leve no braço dele.
— A Mi! Ela volta hoje à noite. E nós vamos buscar.
— p**a merda! Que felicidade! Aquela desgraçada nem me mandou mensagem. Deixa ela!
Dei risada do jeito que ele falou dela, e entramos para a sala.