Presságios de um Ano Novo

857 Words
O domingo tinha chegado. Acordei, fiz a minha higiene bucal e chamei o Léo para avisar que já estava indo embora — precisava me preparar para a semana que ia começar. — Quando chegar em casa, me avisa? — ele pediu. — Sério?! A minha casa fica a nem 800 metros da sua — falei, jogando a bolsa no ombro. — Sim! Já que a senhorita não quer que eu te leve, esse vai ser o combinado. Revirei os olhos, concordei com a cabeça, dei um beijo rápido de despedida e saí do quarto dele. Descendo as escadas, dei de cara com o Theo e o Lucas jogando videogame no sofá. Theo percebeu e levantou para se despedir. — Olha só! Já indo embora? — Pois é. As aulas voltam amanhã, preciso deixar tudo organizado. — Quer uma carona? Eu já ia sair mesmo — disse ele, mexendo nos bolsos. — Não, tranquilo! Moro no começo da rua, bem pertinho. Mas obrigada. Lucas, que ouviu a oferta, ficou visivelmente incomodado. Quando abri a porta para sair, ele veio atrás de mim. — O que tá rolando entre você e o Theo? Não tô curtindo essa aproximação. Soltei uma risada sarcástica. — Você não tem que curtir nada. Até onde eu sei, sou livre e desimpedida. — Theo até seria um bom pretendente… Se ele quisesse, por que não? Dei de ombros, terminei a conversa e segui o meu caminho. Chegando em casa, cumprimentei a minha mãe rapidinho e fui direto para o meu quarto. Minha mãe é médica em um dos hospitais mais renomado da região, o que garantia para gente um ótimo plano de saúde. Sempre fomos só nós duas — meu pai faleceu quando eu tinha dois anos. Não lembro quase nada dele, só algumas fotos que encontro no porão. Ela trabalha no setor de trauma e, depois da promoção, m*l parava em casa. Mesmo assim, sempre tivemos uma relação leve, cheia de respeito e cumplicidade. Deitei na cama e mandei mensagem para o Léo avisando que cheguei bem. Logo depois, recebi mensagem da Milena, que estava fazendo intercâmbio na África. A previsão de volta era início de fevereiro — e eu já estava morrendo de saudades. Léo e Milena eram as minhas pessoas favoritas no mundo. Só que, como sempre gostou de fazer surpresa, a gente nunca sabia exatamente quando ela chegaria nos EUA. — Hello, minha It girl favorita! Como está? — Ai, que saudade de você!!! — respondi, quase gritando de alegria. — Amanhã à noite estou de volta! Quero você e o Léo no aeroporto me esperando. — Pode deixar! Só me manda as infos do voo e o portão de desembarque. O voo dela chegaria às 19h40 — perfeito, porque eu não precisaria faltar na escola. Decidi contar a novidade ao Léo pessoalmente. Queria ver a reação dele na hora. Antes do intercâmbio, nós três éramos tão grudados que até sabíamos a cor da roupa íntima um do outro. Quando ela contou que ia realizar o sonho de estudar na África, ficamos mega orgulhosos. E o tempo voou — um ano depois, Milena estava voltando para terminar o último ano escolar com a gente. ******* Acordei às 06h45. A ansiedade me fez levantar antes do despertador. Fui direto ao banheiro me arrumar para o primeiro dia do último ano. Coloquei o uniforme (nada incrível, mas também não era um terror). Agradeci mentalmente por ele ser preto com o logo branco — pelo menos, básico. Passei só um rímel, um lip tint pra realçar os meus lábios e prendi o cabelo de um jeito que deixasse os meus cachos, formados por dormir com ele molhado, ainda mais definidos. Desci para tomar um café rápido, já que de manhã o meu apetite some, e recebi mensagem do Léo: “Daqui 5 min o Lucas tá encostando aí.” Como o Léo ainda estava tirando carteira de motorista, o querido irmão mais velho dele era nosso motorista oficial. Respondi com um simples “ok”. Quando chegamos à escola, Léo se despediu do irmão e saiu do carro. Quando fui abrir a porta, Lucas segurou o meu ombro, me fazendo virar para ele. — Não acha que tá muito arrumada para o primeiro dia? Olhei para ele com desdém. — Arrumada? Eu tô de uniforme! — disse, tirando a mão dele do meu ombro. — Léo é muito sonso… Eu tô de olho em você. Principalmente com os meus amigos. — Relaxa, Lucas. Se eu tiver algo com algum deles, você vai ser o primeiro a saber — falei, e saí do carro. Léo me esperava, franzindo a testa. — O que vocês estavam conversando? — Nada demais. Seu irmão sendo… seu irmão. Ele soltou um suspiro confuso. — Tenho uma novidade gigantesca para você! Sabe quem tá de volta hoje? — One Direction que não é. Dei um tapa leve no braço dele. — A Mi! Ela volta hoje à noite. E nós vamos buscar. — p**a merda! Que felicidade! Aquela desgraçada nem me mandou mensagem. Deixa ela! Dei risada do jeito que ele falou dela, e entramos para a sala.
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