A chuva

1222 Words
Cap.2 Conforme corria, o alarme fica cada vez mais baixo, minhas pernas já estão cansadas a muito tempo, mas eu as obrigava a continuar correndo. Não presto atenção por onde passo, mas sabia que estou em um lugar completamente morto, podia sentir a energia do local com meus pés descalços. Fui acostumada a viver sem sapatos a minha vida toda, então podia sentir alguns tipos de energias pelos meus pés. Era a primeira vez que estava aqui fora e o que percebi, aqui não havia vida. Minha respiração ofegava, meu corpo suava e por um momento quis parar pra tomar fôlego, mas sabia que não podia fazer isto, pois tinham pessoas me caçando. Eu corri o máximo que consegui, até minhas pernas fraquejarem e meu corpo não aguentar mais, tento continuar correndo, mas não havia mais forças. Meu corpo cedeu pelo cansaço, então caí de joelhos em meio ao nada, puxei o ar para os meus pulmões, que arderam ao receber mais uma vez aquele ar tóxico. Então resolvi tentar puxar o ar novamente, desta vez puxei o ar mais devagar, deixando com que meu pulmão se acostumasse com ele. Olhei para o céu e a escuridão o tomava, está em uma cor marrom, como se houvesse uma poeira grossa sobre o mesmo. Preciso achar um abrigo, antes que eles consigam me achar, não podia deixar que eles me levassem de volta para aquele lugar, depois daquele homem arriscar sua própria vida para me salvar. Com certa dificuldade e ainda tomada pelo cansaço me levantei do chão, desta vez não corri, ainda estava sem fôlego para isto, caminhei de forma rápida na mesma direção que antes corria. Devo ter passado longos minutos caminhando, as pernas latejavam forte, em meio a escuridão da noite agora, tento a todo custo enxergar para onde estou indo. Ao longo deste caminho esbarrei em várias árvores, caí diversas vezes, tinha os joelhos ralados e as mãos também, mas não vou desistir tão fácil assim. Eu caí mais uma vez, só que desta vez caí encima de algo, tinha um cheiro horrível, um odor nada agradável, as minhas mãos estão apoiadas sobre o que tinha me feito cair. Era algo gosmento, desagradável de se tocar, em meio a noite meus olhos tentaram focar o que estava tocando. Assim que consegui meu corpo caiu sentado no chão e me afastei o mais rápido que conseguia, fazendo com que minhas costas se chocassem com o que deduzi ser uma árvore. Havia acabado de tocar em uma pessoa morta, o que vi foi horrível e ficaria em minha mente por dias. Não conseguia distinguir se era um homem ou uma mulher, porque a cabeça está esmagada com total violência e o corpo estava aberto de um jeito que era impossível explicar. Me levantei o mais rápido que podia daquele local, limpando minhas mãos sobre a madeira pobre de uma árvore, por conta do odor forte, meus olhos lacrimejam, o que tornava impossível focar alguma coisa a minha frente naquele momento. Sabia que precisava sair dali, alguma coisa havia atacado aquela pessoa, alguma coisa ou até alguém, em um lugar como este, nunca se sabe o que pode ter acontecido. Andava a mais de horas, minhas pernas doíam, minha cabeça latejava de um jeito que nunca havia doído antes, parecia que iria explodir a qualquer momento. É mais uma vez meu corpo se chocou sobre algo, aquilo me faria ficar com vários hematomas pelo corpo. Desta vez não me levantei, sentei no chão e fechei meus olhos por alguns segundos, tentei prestar atenção nos sons, se tinha alguém a minha volta, mas não havia ninguém. Estou cansada, isto e uma certeza, poderia tirar um cochilo, provavelmente as pessoas só começariam a me caçar novamente de manhã. Acho que não conseguiria andar nem se quiser, meu corpo já está muito cansado e estou andando por horas, ele pede por pelo menos alguns minutos de descanso. Repouso minha cabeça sobre a árvore e mantenho meus olhos como minutos atrás, fechados, querendo ou não por conta destes malditos sentidos, nunca tinha conseguido dormir sem ser totalmente sedada ou algo do tipo. Uma luz forte atingiu meu rosto, meus olhos foram obrigados a serem abertos, mas logo foram obrigados a se fecharem por conta dos raios de sol que os atingiam. Eu havia pegado no sono, não por alguns minutos, mas por algumas horas, porque agora já devia ser de manhã e aquelas pessoas devem estar atrás de mim de novo. Com os olhos ainda fechados prestei atenção em tudo a minha volta, ouvi algo ao longe, alguns passos, por mais que estivesse difícil e o corpo ainda estivesse dolorido, ainda as cegas por conta do sol, me obriguei a levantar. Não era tão fácil assim se levantar como antes, quando se tinha vários hematomas pelo corpo, joelhos ferrados pela quantidade de tombos e o corpo fraco, por poucos horas sem água e sem comida. Difícil mesmo, foi me obrigar a andar rápido e com o tempo a correr quando percebi que os passos ficavam cada vez mais próximas de mim. O céu que antes tinha um sol forte, começou a se tornar cinza em tons dourados no meio do dia, um estrondo alto foi escutado por toda floresta e de repente o céu brilhou fortemente. Um raio logo em seguida surgiu, atingindo uma árvore que estava próxima a mim, sendo derrubada no chão em seguida pelo forte impacto do mesmo. Meus sentidos começaram a ficar mais apurados que o normal, olhei para o céu escuro e dourado mais uma vez, raios eram jogados para todos os lados. Por um momento pude escutar gritos, pessoas que assim como eu, agora precisavam de um abrigo. Depois de ouvir aqueles gritos de desespero, tive a certeza que precisava correr mais rápido em busca de um lugar para me abrigar, sabia que estava em perigo, se um daqueles raios me acertasse, seria a minha morte. Por um momento minha vontade foi correr até aquelas pessoas, pedir que eles me levassem para aquele lugar de volta, querendo ou não, talvez lá estivesse mais bem protegido do que aqui fora. Mas assim como aquela sensação veio rápida, também passou de forma rápida. Voltei a correr em meio ao barulho dos trovões e das árvores que eram atingidas e caíam logo em seguida. Senti algo cair sobre minha mão direita e em seguida queimar, quando olhei na mesma o local tinha ficado vermelho e a pele não demorou a estar machucada, ganhando um pequeno buraco naquele lugar. Aquela chuva não podia ser algo tão mortal assim ou podia, porque se fosse preciso achar um lugar o mais rápido possível. Corri por um bom tempo em meio aos raios e os pingos da chuva que tinham feito vários buracos em minha roupa, também vários machucados por minha pele. Até que enfim consegui achar um lugar para me abrigar, uma caverna úmida e m*l iluminada, agora a chuva caí com força, podia escutar os trovões e quando algum raio caía perto da entrada da caverna, ela era completamente iluminada. Estou sentada em um canto da caverna, encolhida e tapando os ouvidos, todos aqueles sons, tudo deixava meus sentidos loucos. Eu sabia o que estava prestes a acontecer, em qualquer momento eu perderia os sentidos e desmaiaria, sabia que não demoraria muito pra isto acontecer.
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