Cadê o Iwa-Chan?

"Por seus 140 metros de largura, esta avenida é conhecida como a avenida mais larga do mundo!" Foi o que ele disse. "Atravessa o centro da cidade desde o bairro da Constitución até a Av. del Libertador. Foi inaugurada em 1937 e desenhada originalmente pelo prestigiado paisagista Carlos Thays, ou acho que é assim que se pronuncia... Enfim, estão vendo? São mais de 1000 jacarandás! Aposto que nem sabiam que essas árvores existiam! Além delas temos ceibos e cerejeiras, doadas pelo Japão, eu me sinto em casa aqui!" Foi o que ele, alegremente disse. "Tem esse enorme obelisco que agora não chama a atenção, mas em breve será um show, então por enquanto, foquem-se na via. O desafio de quem a cruza, habitualmente, é fazer isso caminhando de uma ponta a outra de uma só vez e sem que os semáforos interrompam!" Foi o que o desgraçado do Oikawa disse, e sim, realmente era difícil manter-se concentrado diante daquele enorme obelisco, mas seria mesmo necessário ficar para trás por tão pouco? Era o que Iwaizumi se perguntava ao notar que estava perdido no meio de tantos desconhecidos. Naquele momento ele tinha certeza de três coisas, a primeira é que não deveria ter saído do apartamento apenas para conhecer a cidade, a segunda, era que seus amigos eram o suficiente para não repararem que ele havia ficado para trás, e a terceira, claramente a mais importante, era que Tooru Oikawa era o maior do mundo inteiro. "Aprecie a paisagem!" Foi o que os seus amigos pediram que ele fizesse ao notar sua cara trancada, pois claramente estava aborrecido demais com a situação. Mas bastou encarar o enorme obelisco da avenida por três míseros segundos para perder de vista aqueles três. — Maldita hora, onde raios eu estou! — Repreendeu-se. Derrotado e sentindo-se exausto de tanto procurar por eles, apenas se sentou onde podia naquela enorme avenida. De quem havia sido a ideia de visitarem Oikawa nas férias? Do outro lado da avenida, encontravam-se Hanamaki, Matsukawa e claro, Oikawa. Não era preciso muito para perceber o quanto Tooru estava desesperado com aquela situação, até porque o moreno parecia estar em um ataque de pânico enquanto puxava seus próprios cabelos com as mãos. Matsukawa era o mais calmo dos três, sem dúvidas, ainda assim, isso não significava que ele estava bem com a situação, e ver Oikawa desesperado não ajudava em absolutamente nada! — Gente... Cadê o Iwa-Chan? — perguntou pela décima vez, o que irritou ainda mais o Hanamaki que insistia em ligar para Iwaizumi sem sucesso algum. — Você pode parar de perguntar essa d***a?! — gritou digitando novamente o número de Hajime. — Desligado! Bom trabalho, Hajime! — refilou. — O Iwa-Chan vai me m***r! — O que não era mentira, mas ouvir Tooru dizer aquelas coisas o tempo todo ainda era irritante! — Oikawa, se acalme! — Matsum pediu frustrado. — Pensa, você é o único aqui que conhece essa cidade e que fala espanhol, então se recupere antes que anoiteça! — pediu. — Isso! — Makki guardou seu celular. — Onde foi a última vez que o vimos? — Era a melhor pergunta que ele poderia fazer no momento. — A pior parte é que eu não me lembro... — Passou a mão pelos cabelos enquanto tentava se acalmar, Matsum era muito atento, mas admitia seu erro dessa vez. — Será que ele distraiu-se com algum monumento? — Makki tentou lembrar. — Cara, estamos falando do Iwaizumi... — Em momento algum Hajime havia demonstrado interesse por qualquer atracção que viram durante todo o caminho, principalmente porque Tooru as apresentava de forma estranha. Eles inclusive aconselharam Iwaizumi a apreciar a paisagem antes dele sumir. — Hum... Será que ele se distraiu com uma mulher? — Dessa vez Tooru se manifestou com a resposta que julgava ser óbvia. — Makki... Estamos falando do Iwa-Chan! Nem que fosse a mulher mais sexy do mundo ele olharia para ela! — Tentou explicar. — Mas essa é a forma como você o enxerga, e não a realidade! — Matsum rebateu fazendo Tooru pensar na probabilidade por alguns segundos. — Dane-se, o Iwa-Chan vai me m***r! — Concluiu. — E nós vamos juntos nessa... — Matsukawa lembrou. — Er... Tooru... — Oikawa olhou para ele na hora. — É impressão minha ou aquela torre está brilhando? — perguntou apontando para o obelisco do outro lado da avenida. — Wow... — Os olhos de Takahiro brilharam por vislumbrar tamanha beleza. O céu ficava cada vez mais escuro pela hora, mas ao contrário, a cidade ao redor deles ficava cada vez mais colorida e iluminada. Rapidamente Tooru lembrou-se o porquê de gostar tanto daquela avenida. Não era a confusão, não era a extensão e nem mesmo a fama e os desafios que ela carregava, eram os momentos mágicos que a mesma proporcionava especialmente em eventos como aquele, mas isso ele não poderia explicar apenas andando por aí com os amigos, eles teriam que ver com os próprios olhos para entenderem a sensação. — Isso é tão... — Tooru divagou por um instante antes de lembrar. — É isso mesmo! — gritou começando a correr na direcção do obelisco. — O quê? Espere, Oikawa! — Hanamakki gritou indo atrás dele com Issei. O ex-capitão atravessou a primeira passadeira sem dar a mínima, pois tinha certeza que no momento algum ouviu as reclamações de Iwaizumi enquanto tentavam atravessar a enorme avenida de uma única vez. — Logotipo Anda! — Parou de correr assim que se deparou com mais uma passadeira e um semáforo vermelho para os pedestres. Ele nem mesmo reparou que os outros dois passaram mesmo a tempo de não serem atropelados, pois o sinal vermelho para peões acendeu com eles no meio. — Não corra que nem um para lá e para cá, quer que nós os dois fiquemos pelo caminho? — Matsukawa praticamente gritou com ele, embora não fosse a intenção. — Matsum, entenda, o Iwa-Chan... — Foi interrompido pelo moreno. — Você prefere que eu te mate no lugar dele?! — Agora sim, a paciência do garoto estava se esgotando. — Seria bem melhor... — respondeu surpreendentemente tranquilo, o que deixava mais claro quanto medo Tooru tinha de Hajime. — Vocês os dois, já chega! — Hanamaki interrompeu. — Estão chamando atenção desnecessária e perdendo o foco! Nesse momento, o sinal iluminou-se com a cor verde e Tooru não pensou duas vezes antes de atravessar correndo, fazendo os dois que ficaram para trás suspirarem pesadamente antes de irem atrás dele mais uma vez. — Gente, cadê o Iwa-Chan? — perguntou após parar de correr. — Eu jurava que ele seria atraído pelo obelisco iluminando! — Takahiro apenas revirou os olhos antes de perceber o óbvio. Aquele enorme obelisco não parecia nada demais até começar a escurecer e ele se iluminar daquele jeito, mas Oikawa estava certo em uma coisa, todo aquele show de cores era bem atrativo, e era por isso que Hajime só poderia estar por perto. — Vamos dar uma volta por aqui, conhecendo o Iwaizumi como conheço, ele deve estar mesmo por aqui... — Não era difícil, mas cada um pensou em um motivo diferente ao chegarem nessa conclusão. Matsukawa acreditava que Iwaizumi ficaria em um ponto de referência para ser encontrado mais rápido. Hanamaki sabia que passaram por aí e que aquele era o último sítio onde o viram. Mas Oikawa pensava que seu amigo apenas foi atraído pelas cores do obelisco como uma mosca. — Ei, vocês! — Os três olharam para a direcção de onde vinha a voz conhecida. — Iwaizumi! — Admiraram com a presença do garoto que tanto procuravam. — Iwa-chan! — Tooru se jogou nele, o abraçando do seu jeito. — Argh! Quando você vai parar de ser tão meloso? — Irritou-se com o gesto que com certeza não sentiu falta... Bom ... Talvez só um pouquinho... — E você, como conseguiu se perder de nós? — Era a vez do Hanamaki se irritar. — Sei lá, talvez eu tenha me perdido porque estou em uma cidade de um país que não conheço, ou talvez porque todo mundo que se dispôs a me ajudar não fala japonês, ou porque estou cercado no meio de tanta gente? — Engolindo seco, Oikawa afastou-se do amigo, o conhecia tão bem que soube na hora que se um deles abrisse a boca seria o fim deles. — Ah, claro que não foi por isso — Cruzou os braços. — Eu não me perdi dos meus amigos, pelo contrário, eles me perderam de vista após gentilmente me pedirem para apreciar a paisagem. — repreendeu os três que não possuíam mais argumentos. — A culpa foi do Makki! — Hanamaki olhou incrédulo para o traidor que chamava de amigo. — Ele me distraiu com suas perguntas super aborrecidas... — Minha culpa? — Matsukawa o segurou para que ele não brigasse com Tooru. — Foi o Matsum que encheu o nosso saco para conhecermos a cidade após você sugerir! — Antes que Oikawa respondesse, Issei o fez. — Espera aí, eu fiz isso porque estavam todos estressados no apartamento do Oikawa... — Agora a culpa é do meu apartamento por ser pequeno? Gente eu moro sozinho! — Choramingou. — Já chega! — Hajime ordenou e todos calaram. O medo do que ele poderia dizer ou fazer era notável nos três e sim, Iwaizumi poderia dizer ou fazer qualquer coisa no momento, mas estava cansado demais para aquilo. — Vocês os três são igualmente — Aproximou-se deles que pensaram em fugir, mas não o fizeram. — Mas por enquanto... — Ele os fez encararem o cenário detrás deles. — Apreciem a paisagem! — Pediu tranquilo. A cidade estava iluminada, o cenário era chamativo e lindo, com certeza visitar a Avenida 9 de Julho ao final da tarde, foi a melhor ideia que seus três amigos tiveram. Mas visitarem Oikawa durante as férias, foi a melhor ideia que ele teve.