O Amor Do Outro Lado Do Tabuleiro

Finalmente após treinar muito por semanas, esperar por semanas, eu finalmente estava no ônibus, rumo em direção ao grandioso ginásio do Rio De Janeiro, eu estou no ônibus por horas ansiosa para chegarmos logo, meu fone tocava a música "Chega Mais" da cantora Rita Lee, um momento passa e alguém me cutuca no ombro enquanto eu me distraia com a música enquanto olhava a janela. Quando me viro, era minha amiga, Mia, na qual sempre está comigo em todas as horas que preciso. —Oi?— pergunto enquanto abaixo os fones das orelhas e os repousando em meu pescoço enquanto a vejo segurar um pacote um tanto quanto grande do salgadinho Doritos. —Quer?— Mia pergunta e balança o pacote— Você não comeu nada desde que pisou neste ônibus, e de Juiz de Fora até o Rio de Janeiro, são pelo menos duas horas de viagem. —Não precisa, eu tô bem, eu como na volta. —Falo com um sorriso gentil no rosto. Minha amiga apenas assente com a cabeça e pergunta. —Você acha que eu vou conhecer meu príncipe encantado no ginásio? —Ela diz esperançosa enquanto guarda o salgadinho na bolsa. — Não sei, mas eu só estou indo para ganhar, você deveria pensar no mesmo. —Imagine só, um branquinho com o cabelo ondulado bagunçado castanho, que gostasse de Baco Exu dos Blues igual a mim! — Deixe de sonhar Mia, estamos indo para jogar sério e ganhar, não para ficar de paqueração com qualquer um por aí. —Mas nada me impede de sonhar um pouquinho. O ônibus freia e a professora avisa a parada no ginásio, os alunos descem do ônibus e eu sou uma das últimas a sair, pelo fato de estar sentada no fundo, após sair, ambos os alunos ficaram boquiabertos ao ver o ginásio, bom, até eu fiquei. Eu entro no ginásio e havia as mesas no centro, tabuleiros de damas feminino e masculino e xadrez, feminino e masculino. haviam pessoas de outras cidades e outras escolas, minha turma do xadrez feminino sentamos nas cadeiras da arquibancada, eu logicamente me sentei só lado da Mia, Após entregar os nossos RGS a professora, um tempo depois começaram a chamar as escolas para jogar, primeiro foi o xadrez masculino e depois xadrez feminino. Ao sentar na mesa na qual ia jogar, uma garota se senta na minha frente, branca, de cabelos lisos castanhos escuros que iam até sua cintura, olhos pretos brilhantes, suas vestes eram da escola mas ela era muito bonita, pelo seu jeito quieta ela parecia ser bem tímida e delicada, eu passei um tempo a admirando até limpar minha garganta e voltar a realidade, o árbitro fez um sinal e a partida de xadrez começou, o jogo tava um silêncio árduo, a partida estava tensa, eu havia esquecido tudo que havia aprendido, eu só havia olhos para aquela garota na qual eu nem sabia o nome, só sabia que cada vez que ela me olhava, eu sentia um arrepio percorrer minha espinha por completo. Durante a partida eu já havia cometido diversas irregulares (movimentos errados ou que não estão nas regras do jogo) mas por sorte ela não havia reportado para o árbitro, e no fim da partida eu acabei perdendo feio para ela, nos demos as mãos com um aperto e saímos da mesa, minha professora ansiosa pelo resultado, eu contei a ela magoada. —Como foi Oliver?—Ela pergunta com um sorriso de orelha a orelha no rosto. —Eu perdi professora... —Minhas palavras saíram baixas, quase como um sussurro. Minha professora apenas assente com a cabeça e compreende, ela me abraça e diz palavras de conforto. —Ta tudo bem, é apenas a primeira partida, você vai ganhar a próxima. — Minha professora me diz enquanto me abraça. Eu apenas retribuo o abraço e me sento na cadeira enquanto observo Mia jogar com seriedade, mas, acabo me distraindo quando vejo a garota passar por mim e conversar com um garoto. Quando Mia termina a partida ela vem em minha direção mas antes dela chegar em mim um garoto alto a para e os dois conversam um pouco, ele entrega um papelzinho a Mia e ela sorri como se estivesse flertando com ele, cerca de dois minutos depois ela finalmente se despede e vem em minha direção. —Eu vi tudo, você gostou dele? — Pergunto como se já soubesse a resposta. —Ele é um gatinho! — Mia diz animada enquanto coloca o cabelo atrás da orelha. —E você Oliver? Achou alguém a sua altura? —Não... Ninguém... Mas eu estou aqui para ganhar e não para paquerar! — Minha voz falha no meio da frase ao lembrar da bela garota. —Você quem sabe. Continuamos a conversar na arquibancada antes de sermos chamadas para jogar contra outra escola. Entramos no centro da quadra novamente e nos sentamos em seus respectivos lugares, a garota em que joguei era bem... Burra? Mas, o jogo começou com o relógio, ganhei dela bem fácil, no meio da partida ela fez 4 irregulares na qual reportei apenas 2 para o árbitro, na qual fiquei até com dó dela, o xeque-mate que eu dei nela foi impagável. Quando saio do centro da quadra e vou até a arquibancada, vejo Mia comer o mesmo salgadinho que estava a comer no ônibus, me sento ao seu lado e sem dizer nada começo a comer junto com ela o salgadinho. Depois de mais algumas partidas, o campeonato é encerrado e a minha escola acaba pegando o primeiro lugar do campeonato, ficamos felizes e tudo, compramos sorvete numa sorveteria ali perto e voltamos ao ginásio, no qual me lembrei daquela garota que joguei, me lembro que ainda poderia pegar o número dela, então dou uma olhada na quadra e não a encontro, depois perguntei a algumas pessoas se alguma escola já havia ido embora e sim, a turma de sua escola já haviam ido embora, frustrada, acabei ficando camisbaixa o tempo todo. Depois de um tempo decidi me distrair com Mia, conversámos e tals só para distrair minha mente daquela garota, nosso ônibus finalmente havia chegado e entramos um por um, eu e Mia ficamos no fundo (Obviamente) e compartilhamos fones de ouvido na viagem enquanto conversamos, fofocamos, falamos m*l de algumas pessoas e até tiramos um breve cochilo antes de chegar na nossa escola, aonde tiramos fotos, conversamos com os alunos que estavam ansiosos pela nossa vitória, e nos divertimos. Quando esse dia agitado estava acabando, eu tinha que voltar para casa, quando cheguei, minha mãe estava na cozinha cozinhando algo diferente do habitual e meu pai estava ajudando ela, um momento bem fofo eu diria, nunca tive problemas com meus pais, sou filha única e nunca presenciei brigas ou discussões deles. —Oi mãe, oi pai.— Falo enquanto entro pela porta da frente enquanto limpo os pés no carpete e tiro os mesmos. Minha mãe vem até mim com meu pai logo atrás, assim que ela vê a medalha em meu pescoço, ela dá um enorme sorriso no rosto igualmente a meu pai que tinha suas mãos delicadamente pousadas contra os ombros de minha mãe. —Eu já vi o perfil da escola, eles postaram assim que ficaram sabendo.— Ela diz com um sorriso enquanto passa a mão em meu cabelo, o bagunçando um pouco. —Eu estou tão feliz! E para comemorar eu e seu pai estamos fazendo lasanha caseira para a janta e bolo de chocolate com brigadeiro de sobremesa! Sorrio e eles me abraçam orgulhosos, eu estava feliz também mas eles estavam exagerando um pouco.