O restaurante do hotel, tal como todo o hotel, era super luxuoso e cheio de pessoas de posse, consegui a última mesa do restaurante e me acomodei ali enquanto esperava pelo meu pedido, entretida no celular.
– olá tudo bem? me desculpe incomodá-la, eu posso ocupar esse lugar? É que todas as mesas estão ocupadas e eu só tenho essa hora para poder almoçar_ um homem para do meu lado e sorri cordial.
– ah, claro, sem problemas, pode se sentar_ aponto para a cadeira vazia na minha frente.
– muito obrigado_ se senta e logo é atendido para poder fazer seu pedido_ eu sou o Vinícius Mashor, muito prazer_ estende a mão para mim.
– prazer, Gabriela Summer_ aperto sua mão.
– eu realmente estou muito agradecido por ter me deixado sentar aqui, eu sempre me esqueço que as horas voam nessa cidade_ ele sorri meio sem graça.
– não se preocupe, não precisa agradecer, eu sei bem como é correr contra o tempo.
– empresária de sucesso?_ sugere.
– quem dera, sou apenas uma médica cirurgiã.
Ele esboça um sorriso impressionado_ nossa, estou diante uma figura mais louvável ainda, uma salvadora de vidas.
Eu tive que rir_ falando dessa forma me sinto uma super heroína_ confesso.
– e é, os médicos são do bem.
– não sei se concordo muito, mas enfim, e você? Em que grupo se encontra?
– eu sou um mero empresário do ramo da arquitetura, herdando o império da família.
– ah, agora deu para entender a razão do tempo não ser muito seu amigo, alguém sempre dizia para mim que empresário é inimigo do tempo.
– essa pessoa é muito sábia, sinceramente as vezes eu acho que o tempo corre contra mim_ fala rindo.
– seus pedidos_ uma das garçonetes pousa meu cheeseburger com fritas na mesa e depois um prato de bife grelhado para o homem do outro lado da mesa_ bom proveito_ fala se retirando.
– bom apetite_ ele fala para mim.
– obrigada, igualmente_ falo segurando meu Cheeseburger e dando uma dentada mais que satisfatória nele.
Me permiti apreciar aquela criação fenomenal que fazia em minha boca uma explosão de sabores a cada dentada, comi tudo com muito gosto e após terminar peguei outra coisa que eu havia pedido e voltei para o escritório.
– voltei, tal como você preveu_ fecho a porta e me aproximo de sua mesa.
– eu falei para não comer na minha sala, não me escutou?_ pergunta assim que pouso o pacote e o copo na mesa.
– eu trouxe para você, sei que não almoçou ainda, por isso pedi um hambúrguer e como não sei que bebidas você toma ou gosta, peguei a coca que é um clássico, e te trouxe_ caminhei até o sofá e me sentei.
– por quê?_ me olha confuso.
– meu Deus, não entendeu? Você não comeu, eu trouxe algo para comer, simples assim_ dou de ombros.
– e por que se deu a esse trabalho?_ arqueia a sobrancelha.
– que trabalho? Eles é quem prepararam, eu só pedi e carreguei até aqui_ falo óbvia, mas logo me dou conta da real intenção da pergunta e começo a rir_ que foi? Nunca ninguém trouxe um hambúrguer sem você pedir?_ coloco meu braço no apoio de braço e então encosto minha cabeça em minha mão.
– apenas uma pessoa cuida de minha alimentação, por isso ninguém me traz nada sem pedir_ fala olhando atentamente para o pacote a sua frente.
– ah, você acredita que possam te envenenar? Não se preocupe_ me levanto e vou até o pacote.
– tá fazendo o que?_ pergunta quando me vê abrindo o pacote.
– te garantindo que não tem veneno algum em seu hambúrguer, eu vou dar uma mordida nele, me autoriza?
– a vontade_ assim que ele responde, com a ajuda do guardanapo pego no pedaço de pão recheado e dou uma mordida, sentindo o saber da carne dançar em minha língua.
– oh, isso é muito bom_ falo depois de engolir o que estava em minha boca_ aqui está sua prova de que eu não envenenei seu hambúrguer_ dou um gole na Coca-Cola_ e nem sua bebida_ pouso tudo e dou um sorriso de deboche para ele.
– interessante_ ele se levanta e some porta afora, uns segundos depois regressa e se senta em seu lugar, pegando no hambúrguer e começando a comer.
– Lorenzo, quanto tempo eu tenho que te pertencer até que a dívida do meu pai seja quitada?_ pergunto calmamente.
– toda sua vida_ responde antes de dar outra mordida em seu hambúrguer.
– sério? Toda minha vida é muito tempo, você precisa ter um limite, eu ainda quero ter uma vida normal, me casar, ter filhos, viver feliz_ argumento.
– então o que você sugere?_ fala sem me encarar.
– se em um ano eu pagar tudo que meu pai deve, você me deixa ir embora e deixa minha família em paz?
– depende.
– de que?_ olho confusa para o moreno.
– se você conseguir conquistar meu coração, acha mesmo que eu vou deixar a pessoa que "amo"_ fez aspas com os dedos_ ir embora?_ arqueia a sobrancelha.
– e se eu não te conquistar?
– aí eu penso no seu caso_ dá de ombros.
– eu preciso de uma resposta mais do que só um "vou pensar no seu caso" para me agarrar.
– suas suposições tem muitas variáveis, não posso te dar outra resposta além dessa, então não insista_ termina seu hambúrguer e sua bebida.
Eu solto um suspiro e recosto minha cabeça no sofá_ que droga.
– ah Gabriela, para o que você quer voltar? Para seu pai bêbado e viciado? O mesmo que nunca te aceitou como filha dele? Para seu ex namorado e amigo que te traiu com outra? Eu estou te dando uma segunda chance de recomeçar, deveria aproveitar_ fala jogando o pacote e o copo no lixo.
– segunda chance? Aproveitar? Não me faça rir, eu sou praticamente sua escrava, não posso respirar se você não deixa, não posso fazer nada sem sua autorização, o que eu deveria aproveitar?
– aproveite a vida boa, sua rotina continua praticamente a mesma pelo que eu saiba, trabalho e casa, apenas aproveite o nível mais alto de vida_ dá de ombros.
– sério? Você é mesmo um i****a_ me levanto irritada_ nós podemos não ter toda a riqueza que você tem, mas pelo menos nosso dinheiro era honesto_ falo na frente dele, que esboça um sorriso presunçoso, mês deixando mais irritada ainda.
– caso não se lembre, seu irmão está preso, e ele não é lá muito honesto viu_ fala com deboche.
– não fale do meu irmão, porque diferente de vocês, ele está pagando por seus crimes, e você hein? Já pagou por todas as merdas que faz? Ou acredita que por ter esse hotel de luxo e usá-lo para fazer lavagem de dinheiro, a polícia nunca vai descobrir tudo?_ pergunto com sarcasmo.
Ele segura meu rosto e faz eu olhar direitinho para seus olhos_ não teste minha paciência garota.
– ou o que? Você vai me bater? Me matar?
– se eu quiser te machucar é muito mais fácil do que você imagina, eu só preciso acabar com tudo o que você ama Gabriela, não me provoque, você não vai gostar de me ver irritado com você_ apertou meu rosto.
– me solte_ falo prendendo a vontade de chorar.
– ou o que? Você vai chorar?_ me olha de forma debochada e depois solta meu rosto de forma brusca.
– eu odeio você.
– finalmente, já estava farto dessa sua cabecinha cheia de ideias idiotas_ me olha de baixo a cima.
– fique sabendo, que se você tocar em um fio só de cabelo dos meus irmãos, eu não terei nada a perder e vou pagar na mesma moeda_ falo friamente.
Ele sorri de canto_ vamos para casa_ pega suas chaves na mesa, seu casaco na cadeira e então sai pela porta, me deixando com vontade de matar ele e enterrar seu corpo numa vala qualquer, como se não valesse nada.
Mas decido respirar fundo, me acalmar e então seguir atrás daquele psicopata, antes que ele faça alguma merda e eu tenha mesmo que cumprir com uma ameaça feita ao chefe da máfia.