Cobra narrando Três horas. Três horas com aquela mina encostando em mim, sem tremer. Três horas ouvindo o zumbido da agulha batendo na minha pele, cada traço que ela puxava com calma, sem pressa, mas sem hesitar. Três horas sentindo a leveza da mão dela e, ao mesmo tempo, a precisão de quem não tá ali de brincadeira. Ela tem mão firme. Leve, mas firme. Não é só uma tatuadora. É artista. E eu conheço artista quando vejo. A Maya trabalha em silêncio. Não tenta puxar assunto. Não força i********e. Faz o dela. Concentração pura. E isso me intriga mais do que qualquer palavra bonita. Porque a maioria tenta me agradar. Tenta se mostrar útil. Sabe quem eu sou e quer garantir espaço. Ela não. Ela age como se não tivesse medo. Mas eu vejo no olho dela que tem. Só que ela escolheu n

