Cobra narrando Em todas as conversas que eu tive com a Maya, essa foi a primeira vez que eu enxerguei verdade nos olhos dela. Não aquela verdade fabricada, ensaiada, moldada no medo. Mas uma verdade crua, quase involuntária, que escapa sem pedir licença. E eu sou mestre nisso. Ler gente. Medir a mentira pelo tempo da respiração, pelo tremor sutil da pupila, pela quebra mínima no tom de voz. Eu sei quando estão me enganando. Sei quando estão fugindo de uma resposta. E ela tá fugindo. Tá tentando me manter afastado do que importa. Só que, nessa última conversa, mesmo sem querer, ela deixou rastro. Deixou pegada. E eu sou caçador. Se não fala, eu descubro. E vai ser assim. No silêncio. No gesto. A tatuagem é o esconderijo dela, mas também é o mapa. A zona de conforto dela. Onde a voz dela

