Prólogo Bella
Essa história não é um conto de fadas, ela provavelmente não terá um final feliz. A história da minha vida! Isabella Carvalho, ou Bella para os mais íntimos. A jovem mais calma e feliz do morro. Com um sorriso lindo no rosto estou sempre prestando atenção em tudo e apoiando aos idosos e crianças. Adoro violetas e fazer trabalho voluntario.
Confesso que a minha vida não é de toda fácil, não conheci o meu pai, mas tive um padrasto, ele casou-se com a minha mãe e juntos tiveram uma filha chamada Linda, a minha mãe adora dar esses adjetivos para as filhas.
Meu convívio com o meu padrasto não é o melhor desse mundo. Ele é um homem asqueroso que viveu me espiando todo esse tempo, me causando desespero. Porém, nunca tive coragem de contar para minha pobre mão sobre isso.
No morro as coisas eram complicadas, nessa favela tinha um dono e ele era sinistro, todos o conheciam como a Fera do morro, esse era o apelido dele e ninguém sabia do seu nome verdadeiro.
Porém, as opiniões sobre ele eram muito divergentes, ao mesmo tempo que ele traficava e era severo com as pessoas do morro que andavam longe do estatuto criado por ele, também era bondoso e ajudava as pessoas que necessitavam.
Hoje era um dia especial para o morro do Alemão, pois ele iria comemorar a a******a de uma ONG para ajudar as crianças carentes. Estava animada para participar da festa.
Vesti um vestido longo, soltei meus longos cabelos castanhos e deixei meus olhos verdes bem delineados. Queria muito participar e vero sorriso nos rostos das crianças. Assim que desci as escadas encontrei o Marcio no sofá, ele era um encostado que vivia do meu dinheiro, do dinheiro da mãe e da filha dele, que ele explorava.
— Nossa, Bella! Desse jeito aqueles bandidos vão ficar tudo maluco por você — disse com maldade.
— Eles são bem mais respeitadores que você — grunhir com raiva.
— Você é tão bonita! A mulher mais bonita da favela. A p**a da sua mãe deve ter dado para um homem bem bonito para você nascer tão gostosa. Seu corpo é divino, sem roupa é muito mais bonito — disse me causando arrepios.
O assédio do Marcio era algo que me causava asco, odiava aquele homem com todas as minhas forças e o meu maior desejo era conseguir um emprego que pague mais para que eu consiga sair dessa casa, com a minha mãe e a Linda.
— Eu tenho nojo do tipo de homem que você é — gritei saindo daquele lugar.
Hoje seria um dia feliz e eu nunca iria deixar nada, nem ninguém interferir nisso. A ong do morro será inaugurada e eu serei feliz demais lá.
Seguir caminhando pelo morro, eu era muito popular naquele lugar, todos os moradores daquela região gostavam de mim, eles estavam sempre falando comigo. Enquanto caminhava em silêncio fui surpreendida por um homem que eu não conhecia.
— Isabela? — indagou me surpreendendo.
— Quem é você, o que quer comigo? — questionei sem jeito.
— c*****o, bem que aquele velho falou que ela era perfeita. Uma deusa dessa eu quero para mim. Fiz um excelente negócio, VP — brincou com outro homem me deixando confusa.
— Quem é você o que quer comigo? Do que está falando? Não consigo entender — disse sem jeito.
— Garota, não consegue entender o que eu quero? Você é filha do Marcio e ele me deve muito dinheiro. Agora você é minha — segurou minha cintura me deixando nervosa.
— O que? Não! Como tem coragem de falar isso? Eu não vou com você — empurrei correndo.
— Volta aqui garota! — gritou e eu continuei correndo.
Meu desespero aumentou quando me choquei um uma muralha humana, coberta de tatuagens, com seus olhos frios e calculista. Cair no chão pensando que era o meu fim, o Fera era o dono do morro e ele era justo nos b.os, mas com certeza não faria nada por mim.
— Desculpa — disse com a voz tremula.
Antes que ele pudesse dar uma resposta o homem apareceu gritando:
— Volta aqui, garota! Quem pensa que é para correr… — ele paralisou.
— Fera, perdão! Não quero causar problemas no seu morro. Vim para pegar a garota — falou e ele arqueou a sobrancelha.
— Que papo torto é esse? Quero entender — cruzou os braços.
— Papo torto? Essa garota é minha, o Marcio deve droga para o Vidigal e ele disse que a mina iria pagar a divida — explicou e eu me tremi.
— Como eu vou pagar? Eu não tenho dinheiro — sussurrei me tremendo.
— Quer levar a garota? Ela vai pagar pelo erro do cuzão? Sua divida é com ele, não com ela — vociferou Fera.
— Mano, você não pode mandar na gestão do meu morro, resolva a p***a do seu morro — o homem enfrentou ele que deu um sorriso anasalado.
— A Isabella mora na p***a do meu morro! Então essa historia é da minha conta. Você invadiu o meu morro para afrontar moradora e eu quero ouvir dela o que vai acontecer. Solta a fita ou mina, quer ir com ele? — perguntou com os olhos frios
— Senhor, eu não sei de nada! Falei sem jeito — ele me deu a mão para que eu resolvesse.
— Ou vocês dois, para o bem de vocês, não queiram uma guerra comigo. Se encostarem nessa mina, eu vou matar os dois e isso não é brincadeira — afirmou nervoso.
Aquele homem me surpreendeu quando vociferou isso, não esperava que ele fosse me defender, ele nunca se envolve em B.O que não é dele.
— Fera! Você não pode se envolver nisso. A mina é minha. Vim para… — ele não conseguiu concluir, foi acertado por uma faca.
— Vai continuar me desafiando, c*****o — vociferou gravando mais a faca no abdômen do homem. — Se encostar nessa mulher, juro por Deus, que lhe mato. Entendeu? — puxou a faca de vez. — Vai Isabella, levanta e procura o caminho da sombra, se liga para não virar saudade — falou me surpreendendo com a atitude dele.
Me levantei com as pernas tremulas, ainda não conseguia entender o que estava acontecendo comigo, mas o medo tomou conta de mim, fazendo com que eu caísse de joelhos assim que me aproximei da entrada da pracinha.
O Fera passou por mim e logo em seguida os dois homens machucados me surpreendendo com o estado deles.
— Garota, isso não vai ficar desse jeito — falou o homem enquanto caminhava. Não tinha como permanecer tranquila diante daquela situação.
Meu coração acelerou e mesmo sem força, eu me levantei e corri para a ´praça, lá estava acontecendo a inauguração da nova ONG. Fiquei em silêncio no meio das pessoas apenas observando a festa. Meu coração estava acelerado, as lagrimas molharam meu rosto.
— Bella, o que está acontecendo? — indagou meu melhor amigo João.
— João, eu estou ferrada, pois o meu padrasto acha que pode me destruir! Ele foi capaz de me oferecer para os caras que ele deve e se não fosse pelo Fera, eu estaria ferrada — sussurrei.
—Isa, você precisa me escutar! Se continuar aceitando tudo vai acabar se ferrando! Por favor, vamos embora, aceite o meu pedido de casamento, nós dois podemos ficar juntos se essa for a sua vontade. Confie em mim e juntos vamos embora desse morro — tocou meu rosto.
— A minha mãe e a minha irmã. Como vou deixar elas com esse monstro? Eu queria muito seguir contigo, mas como vou deixar a minha família? Me desculpa, João — disse sem jeito.
Sabia que aquele homem gostava de mim, eu pensava muito em uma possibilidade de ficarmos juntos, mas tinha ciência de todos os problemas que enfrentaremos juntos e isso pode ser motivo de separação, pois o João quer a mim, não os meus problemas.