João
Ian começou a aparecer com frequência. Primeiro aos sábados, depois nas quartas, e logo estava ali em quase todos os dias em que Matt não saía. Ele chegava com calma, trazia pão de fermentação natural, às vezes frutas, às vezes nada. Sentava na varanda, conversava com Matt por horas, e depois ia embora com um abraço longo. No começo, parecia leve. Mas aos poucos, a casa começou a mudar de ritmo.
Na terça, cheguei do mercado e encontrei Ian na cozinha, cortando legumes com Matt. Soraia estava na sala, lendo, mas com o corpo tenso. Cumprimentei os dois, guardei as compras, e fiquei observando. Ian já sabia onde ficavam as facas, onde guardávamos os temperos. Já se movia como quem pertence.
— Vai jantar com a gente? — perguntei, tentando manter o tom neutro.
— Se não for incômodo — e
