Matt Conheci Ian numa livraria do centro. Eu tinha saído sozinho naquela tarde, precisava de ar, de silêncio, de um tempo fora da casa. Peguei um livro de fotografia, sentei num dos bancos e fiquei ali, folheando sem pressa. Ele estava na mesma fileira, mexendo nos livros de arte. Alto, magro, cabelo preso num coque baixo, camiseta preta e calça jeans. Quando nossos olhares se cruzaram, ele sorriu. E eu senti. Não sei explicar. Mas senti. — Esse livro é bom — ele disse, apontando o que eu segurava. — Você já leu? — Já. Duas vezes. Mas nunca sozinho. A frase ficou no ar. Ele se sentou ao meu lado. Começamos a conversar. Sobre fotografia, sobre desenho, sobre silêncio. Ele me escutava com atenção. Me olhava como quem vê além. E eu, sem querer, comecei a querer ser visto. Ficamos ali po

