Matt
Era fim de tarde quando João entrou no quarto com uma xícara de chá e aquele silêncio que sempre me acalma. Soraia havia saído para uma reunião com o grupo de apoio, e eu estava ali, deitado, com o corpo mole e a cabeça pesada. Não era dor física. Era cansaço emocional. Um daqueles dias em que tudo parece mais difícil, mais lento, mais distante.
João se aproximou devagar, como quem já sabe que o espaço precisa ser respeitado. Sentou-se na beira da cama, me ofereceu o chá, e ficou ali, sem pressa, sem perguntas.
— Está doendo? — ele perguntou, com a voz baixa.
— Não exatamente. É como se eu estivesse esperando algo que não chega. Como se meu corpo pedisse colo, mas o mundo estivesse ocupado demais.
Ele assentiu. Me tocou o braço com delicadeza. E eu senti. Senti que aquele gesto j
