Matt Foi João quem me mostrou. Estávamos revisando os comentários do blog, organizando os relatos por temas, quando ele parou diante de um texto anônimo. Leu em silêncio. Depois me olhou com um misto de surpresa e cuidado. — Acho que você deveria ver isso. Peguei o celular. Li devagar. “Sou mulher. Amo alguém que não posso amar. Alguém que vive comigo. Que cresceu comigo. Que carrega o nome de irmão. Mas que é, para mim, tudo que o mundo não permite.” “Julguei Matt. Porque ele tem coragem. E eu só tenho medo.” “Mas hoje, quero começar a existir. Nem que seja em silêncio.” O coração disparou. A mente se embaralhou. A dor que eu havia sentido no encontro com Clara voltou, mas agora com outra forma. Não era raiva. Era compreensão. — Você acha que foi ela? — perguntei. João assentiu.

