Clara
Depois que Matt saiu, fiquei sentada no sofá por horas. A casa estava silenciosa, mas dentro de mim havia um ruído que não cessava. A conversa com ele havia me atravessado como uma lâmina suave: não cortou com violência, mas abriu o que estava fechado há tempo demais.
Matt não me julgou. Não me confrontou. Não me expôs. Ele me escutou. E isso, para alguém como eu, que vive escondida atrás de p************s, foi como respirar pela primeira vez.
Passei a noite relendo os comentários do blog. Os meus. Os dele. Os de outras pessoas que, como nós, vivem afetos que não cabem no mundo. E pela primeira vez, senti que talvez eu também pudesse caber.
Mas caber exige coragem. E eu ainda não sabia se tinha.
Na manhã seguinte, acordei com o coração apertado. Meu irmão estava na cozinha, prep
