Samuel Desde que Clara me disse o que sentia, o tempo pareceu desacelerar. As horas passaram com uma densidade nova, como se cada gesto, cada palavra, cada silêncio carregasse um peso diferente. Não era mais o mesmo mundo. Era um mundo onde o amor tinha sido nomeado — e agora precisava ser vivido. Passei a noite acordado. Deitado, olhos abertos, ouvindo os sons da casa. O ranger da madeira, o vento nas janelas, o respirar dela no quarto ao lado. E dentro de mim, um turbilhão. Eu a amava. Sempre amei. Mas agora, esse amor tinha forma. Tinha voz. Tinha presença. E isso me assustava. Não pelo sentimento em si, mas pelo que ele exigia: coragem. Escolha. Enfrentamento. Pensei na nossa história. Nos anos que vivemos juntos. Nos olhares que evitamos. Nos abraços que duraram demais. Nos mome

