Mary congelou, e sua respiração começou a ficar curta. Olhou rapidamente para os braços e puxou as mangas para baixo com pressa, tentando disfarçar.
— Ah… eu bati quando estava saindo do banheiro ontem à noite, só isso.
— Mas uma porta não faria isso no seu braço — disse Hana, olhando para ela.
— É verdade, não parece que foi uma porta — acrescentou Emma, com um tom preocupado.
Mary desviou o olhar. Tentou disfarçar com um sorriso, sustentando a mentira.
— Eu só me machuquei na porta mesmo — afirmou Mary, com um tom convincente.
Até então, Yuri observava tudo em silêncio.
— Isso acontece… já aconteceu comigo várias vezes. Bater em alguma coisa e depois ficar roxo.
— Verdade. Às vezes nem sentimos na hora, só depois — completou Aurora, tentando aliviar o clima. — Depois de algumas horas, fica roxo e dói.
Emma olhou para Mary mais uma vez, preocupada, mas acabou cedendo.
— Se você diz que foi só isso… tudo bem. Só promete que vai cuidar desse roxo no seu braço.
Mary assentiu com a cabeça.
— Pode deixar, eu vou cuidar sim. Obrigada.
Todos pegaram suas coisas e caminharam em direção ao carro. Hana andava devagar, não convencida de que aquele machucado tivesse sido causado por uma porta.
Dentro do carro, a conversa entre Emma, Aurora e Yuri preenchia o ambiente com risadas e piadas leves. No banco da frente, Hana ouvia tudo em silêncio. De tempos em tempos, olhava pelo espelho e desviava o olhar para Mary.
Algo não parecia certo. Mary parecia nervosa, como se tivesse medo de que alguém descobrisse algo. Estava tudo errado demais para passar despercebido. Mary tentava disfarçar com um sorriso.
— Você tá bem, Mary? Parece um pouco nervosa — perguntou Hana de repente.
— Ah… eu tô bem, sim. Só que o dia foi um pouco cansativo.
Hana ficou desconfiada, mas não insistiu. Murmurou:
— Tá… tudo bem. Se precisar de ajuda, é só falar.
Mary apenas acenou com a cabeça, mas ficou pensando nas palavras de Hana o caminho todo. Parecia que ela queria descobrir o que realmente tinha acontecido.
Quando chegaram à casa de Aurora, o grupo ainda ria das piadas de “tiozão” de Yuri. As luzes da varanda estavam acesas. O céu estrelado dava um clima agradável à noite.
— Gente, acho que a gente devia fazer isso mais vezes. Esse dia foi incrível, ainda mais que terminou com sorvete — disse Emma, animada.
— Verdade! Vamos marcar outro dia pra sair, talvez numa pizzaria. Mas dessa vez, quem vai pagar é a Hana, né, Hanazinha? — provocou Yuri.
— Ai, não me chama assim! E podem confiar que eu vou pagar, viu — respondeu Hana, fingindo irritação.
Mary sorriu. Dessa vez, foi um sorriso verdadeiro, embora ainda sentisse medo e nervosismo. Olhou para o céu estrelado e sentiu o tempo passar.
— Gente, esse dia foi ótimo mesmo, mas já tá na hora de eu ir pro meu apartamento — disse, já colocando a bolsa no ombro.
Hana, que observava Mary desde que notara o machucado, se adiantou sem hesitar:
— Eu te levo. Estou com minha moto, tá aqui mesmo.
— Ah, não precisa. Eu chamo um Uber — disse Mary, um pouco surpresa.
— Eu levo você. Aliás, você mora quase no mesmo bairro que eu — disse Hana, firme.
Mary assentiu.
— Tudo bem, eu vou com você.
Elas se despediram dos outros. Mary pegou o capacete e subiu na moto de Hana. O caminho até o prédio foi silencioso, mas não desconfortável. Hana respeitava o silêncio de Mary, apesar de querer muito saber o que realmente tinha acontecido.
Por fim, a moto parou em frente ao prédio onde Mary morava. As luzes da maioria dos apartamentos estavam apagadas.
Mas ela avistou um carro que parecia de uma pessoa conhecida. E, em frente ao prédio, havia uma silhueta familiar perto da porta.
Mary percebeu rapidamente de quem se tratava.
Theo.