CAPÍTULO 2

1121 Words
CAPÍTULO 2 - Por que você usa seu cabelo partido ao meio, Analu? - Eu ergo meu olhar do livro e olha para a garota que usa o espelho da porta do armário e se maquia. Louise havia sido legal, de verdade e sem puxar saco. Ela conversava de forma tranquila e era uma boa companheira de quarto, manteve o que disso e isso me agradava. Muito aliás. - Eu gosto. - Você tem lindos cabelos loiros – Ela sorri e olha para mim. - Não quer ir? Vai ser na fraternidade, e o último frevo antes das aulas começam amanhã. - Não curto – E a única coisa que eu digo. Eu não gostava de aglomeração daquele tipo, não porque eu era nojenta ou metida, não entendam assim. Só que podia acontecer muita coisa onde ninguém conhecia ninguém, além disso eu queria focar para o primeiro dia de aula pra poder enfim fazer um cronograma. - Com o tempo vai se soltar e fazer amigos – Louise se mexe no quarto e assim que ela entra no banheiro vejo a porta do quarto se abrir e a figura do cara de dois dias atrás aparece. Meu corpo se encolhe, fico com receio de perguntar o que ele faz aqui, mas o que me dá medo e ele querer revidar aquele dia de alguma forma, está com a camiseta dobrada no antebraço e a calça jeans justa, eu noto o sorrisinho dele e volto minha atenção ao livro, fingindo que não o viu e que não quer problema. Uma bandeira branca agora poderia ajudar. Vejam, eu não gosto de problema é nunca gostei, ainda mais com rapazes com cara de problema, jamais, nunca, nem em sonho eu havia arrumado problema com cara nenhum, eu era praticamente da congregação de paz do congresso da paz ou sei lá qualquer poder de paz maior da vida ou da face da terra. Paz. - Eu estou aqui – Grita e por um segundo me pergunto os laços daquele rapaz com Louise, ele joga na cama da garota, se sentindo a pessoa mais confortável. - Vejo que Louise arrumou um colega organizada, ela é muito neurótica com limpeza, não é garotinha? A voz dele me faz erguer o olhar para ele e o ver deitado de barriga para cima encarando o teto. Ele tinha razão, a garota arrumou cada peça de roupa jogada, lavou, passou e limpou tudo e eu ajudei, com uma satisfação que eu nunca poderia descrever. Era como se eu tivesse achado a tampa da minha panela, o arroz e o feijão, isso já era um passo para minha tranquilidade. Saber da organização dela me animava para ver ela como colega de quarto, mesmo que ainda não a conhecesse direito. Ela era na dela, dava umas risadas divertidas e sempre tentava ser o mais cordial, para que deu alguns ultimatos no começo, mas acho que entendo o lado dela. Sou uma estranha, da mesma forma que ela. Uma novata e uma veterana. Mas, nessa relação de colegas de quarto poderíamos ter impasses, como o cara na cama. Ele não me agradava. - Vai se meter em problemas de novo com a supervisão dos dormitórios – Debocho por um segundo, recolho isso quando ele move seu rosto até me encarar, um olhar sério e depois passivo na minha direção. - Fala de Maria? Ela é um doce, sabe como são essas mulheres da terceira idade, só querem atenção – Ele sorri e noto as covinhas que aparecem e olhos pretos dele, como se fossem mais escuros do que o normal. Então aquilo me relaciona com a colega de quarto e parece fazer sentido. Eles eram parentes ou algo assim. Eram as mesmas covinhas. - Que seja. - Você não me disse seu nome, garotinha – Eu noto o deboche na palavra garotinha e ergo meu olhar. - Pelo visto você não e o tipo de pessoas que vou encontrar fora desse quarto, confesso que me pergunto se devia ter vindo para universidade ou para um convento com esse vestidinho palha que você usa. Fico sem jeito e envergonhada, olho para baixo e me pergunto que m***a foi aquilo. Ele havia acabado de criticar minha roupa? Meu vestido? Ele gargalha e o som da voz dele passa a me chatear, ele estava falando mesmo do meu vestido? Ele nem me conhecia. Encaro meu vestido, sim, era um vestido de tecido leve e de cor palha, com alças finas, era o que eu usava dentro de casa ou para dormir. - Melhor ficar na sua, b****a – Ralho e olho para as palavras da página do livro e tento me concentrar de volta, me sentindo desconfortável nessa atura. - Você me entregou aquele dia, isso é desleal – Eu dou um sorriso. - Eu não dou a mínima, siga as regras e aí você não vai ser entregue para ninguém, na verdade o que faz aqui? É proibido, ainda mais a noite. Ainda não entendi o que está fazendo nesse lugar. - Não dou a mínima – Sussurra e pula da cama. - Mais saiba que sua afronta ainda vai ter troco, sou um belo carrasco. As aulas começam essa semana. Antes mesmo de eu conseguir responder, vejo Louise sair do banheiro e uma surpresa me invade quando encaro ela perfeitamente, com o vestido cinza colado e as pernas torneadas e o cabelo escovado, dou um sorriso e ela da uma voltinha. - Viu, eu sabia que íamos dar certo Analu – Ela se aproxima, puxando uma bolsa pequena e colocando um batom dentro. - Já se conheceram? - Ela e a garota que me dedou. - Eu nem conheço você! – Me defendo e ele sorri, vejo a mudança na postura e ele se aproximar erguendo a mão, noto a tatuagem no braço direito e vejo o leão desenhado sombreado, ele afasta a mão quando eu não do retorno. - Riller, garotinha, meu nome é Riller – Louise se aproxima e o puxa. - Deixa ela em paz, ela não foi com sua cara maninho – Ela pega o brinco e me olha enquanto o coloca. - Esse e Riller, meu irmão Analu – Ela olha para o irmão. - Essa e Analu Ross – O cara sorri e vejo ele passar a ponta da língua no lábio inferior olhando para mim. - Satisfação – Ele desvia o olhar. - Vamos piralha? - Vamos – Louise me encara. - Eu to levando a chave, durma como um bebê e nos vemos depois. Ela some e eu relaxo quando os dois estão longe. Uma garota organizada e bonita, talvez inteligente e agora com um irmão paspalhão. Horas, não é tão r**m. Só devia tomar cuidado.
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