Conversa de mãe
Lívia Miller
— Vai aceitar o pedido de casamento de Gregório? — Minha mãe estava encostada na porta do meu quarto.
— Como se eu tivesse muita escolha de negar, né, mãe… — Entro no quarto com o corpo pesado.
Tinha feito um treino intenso, m*l sentia as minhas pernas, mas precisava encarar a mulher ruiva que estava na minha frente.
— Escolha você tem, a questão é que não quer negar. — Minha mãe para na minha frente. — Por que não quer negar o pedido de casamento de Gregório? — Coloco meu celular na cama e a encaro.
— Não posso negar por causa da possível guerra que começará se eu fizer tal desfeita. — Minha mãe ri.
— Ele te ama, eu sei disso. Mas você usar essa desculpa para aceitar o casamento é o que tem chamado a minha atenção.
Às vezes, eu não sei se a minha mãe sabe da verdade ou finge que sabe, mas ela é boa em deixar você tão confuso que acaba lhe dizendo o que ela quer ouvir.
— Como sabe que ele me ama e não que é uma artimanha para convencer meu pai a aceitar tal casamento? — Minha mãe ri.
— Prefiro a primeira opção. Ele te ama, dá para ver… — Acabo rindo sem humor. — Por que ele te afeta tanto? Você parece outra pessoa quando ele está por perto, Lívia. — Olho para tudo, menos para a minha mãe.
Não vou cair nesse papinho. Em breve terei que me casar e essa conversa não vai adiantar de nada. Nunca confiaria em Gregório, nunca abaixaria a minha guarda, mas a minha mãe não precisa saber disso.
— Porque eu não quero me casar, mãe. — Digo meia verdade. — Não é nada contra ele, mas tem muita coisa em jogo nessa situação para negar um casamento. Estou falando da segurança de todos. m*l saímos de uma possível guerra com Durval, agora iríamos brigar com o Dom da Alemanha? A senhora sabe que era para o papai estar lá, sabe que eles poderiam pedir retaliação por tal negativa. No entanto, estão aqui, pedindo um casamento, e, sinceramente, eu não queria me casar, mas se é para dar esse passo, que m*l tem?
— Não foi essa a minha pergunta.
— Não quero me casar porque eu queria ser pilota de corrida, mãe. Sabe que eu queria correr no deserto do México, ser pilota profissional. — Minha mãe suspira.
Tive que contar para ela que eu corria e ganhava prêmios por isso.
— Você ainda pode… — n**o com a cabeça.
— Acha que ele vai deixar? — pergunto, já imaginando o quão triste será a minha vida. — Gregório quer uma esposa troféu, e não uma corredora profissional. — Minha mãe vem até mim e pega as minhas mãos.
— É só você pedir… — Solto as mãos dela.
— Não é tão fácil assim, mãe. — Digo, me irritando com a conversa.
Ela se senta na minha cama e bate de leve para que eu me sente ao seu lado.
— Filha, olha o que eu e suas tias fizemos ao longo de todos esses anos casadas com homens que, na teoria, eram para ser maus e cruéis. Eles são terríveis fora das nossas camas, são cruéis com quem merece, mas são uns doces ao nosso lado.
Meu pai e meus tios de coração eram terríveis da porta de suas casas para fora, mas, dentro, eram homens obedientes às suas esposas. Todas as minhas tias e a minha mãe tinham vidas de rainhas, faziam o que queriam e eram apoiadas em tudo.
A questão é: Gregório seria capaz de fazer tudo isso por mim?
— Não posso sonhar, mãe. Acho que Gregório é somente uma fachada. Ele não é esse lorde que a senhora pensa. — Minha mãe ergue a sobrancelha.
— Você fala com tanta certeza… — Me levanto.
— Porque eu conheço tipos como Gregório. Ele é maravilhoso na sua frente, mas, por trás, ele é terrível. — Minha mãe me olha com mais atenção.
— Vocês já se conheceram antes, não é mesmo? — Desvio o olhar.
— Não sei do que a senhora está falando… — Ela ri.
— Você sempre foi apegada ao seu pai, ele deve saber. Vocês parecem cúmplices em vários crimes que não faço ideia. — E éramos mesmo.
— Está com ciúmes, Dona Pérola? — Minha mãe ri.
— Nunca. Prefiro que confie no seu pai do que engolir o mundo sozinha igual à sua irmã. — Minha mãe me abraça. — Antes que sofra por antecedência, olha debaixo da cama primeiro, filha. Às vezes, o bicho-papão só está na sua cabeça e não debaixo da cama. — Acabei rindo.
O meu bicho-papão tinha nome, sobrenome e já tinha me mostrado o quanto podia ser terrível para ter o que desejava.
Pérola começa a sair do meu quarto.
— Mãe?! — Ela para e me olha.
— Sim?
— A senhora sabe se Gregório tinha outra noiva? — Minha mãe franze o cenho. — Se, antes de vir com esse casamento, ele já tinha outra noiva.
Minha mãe parou para pensar por um minuto, ela e as minhas tias conheciam todos de submundo.
Então se alguém sabia que Gregório tinha uma noiva, era minha mãe e as minhas tias.
- Não, Gregório nunca anunciou qualquer tipo de noivado, ele estava ocupado demais vingando a morte do pai dele e cuidando da máfia. Depois estava ocupado demais tentando conter a sua própria máfia, fazendo acordos e querendo melhorar as coisas por lá. - Minha mãe me olha. - Porque dá pergunta?
- Por nada... - Logo me coloco em estado de atenção novamente. - Somente não quero nenhuma noiva louca por ele no meu pé. - Minha mãe ri.
- Lívia, Você tem cada ideia filha... - Ela sai do quarto e me sinto ainda mais confusa.
Porque aquela mulher teve audácia de virar para mim e garantir que era noiva do Gregório?
Eu nunca me interessei em saber nada sobre isso, mas agora eu sinto que preciso saber o motivo que Cassandra falou aquelas palavras para mim.
Obrigada pelos comentários e bilhetes lunares 🥰