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1283 Words
Naiara Marcos pega na minha mão e me arrasta até a sua moto. Subo na garupa, fixo melhor meus sapatos e Marcos vai com toda velocidade. — Aonde está me levando? — Questiono enquanto reconheço a rua. Vejo seu sorrisinho brotar no retrovisor e balanço a cabeça em negação — Só apronta — Falo alto por conta do movimento e ele levanta os ombros. — Chegamos — Fala assim que encosta a moto em uma calçada e descemos da moto. — O que você quer dessa vez, Marcos? — Cruzo os braços em frente as portas do shopping. — Te alimentar — Beija minha cabeça — Vem — Me puxa até o Parmê. Me julgue, mas troco qualquer refeição por pizza. E disso o Marcos sabe bem. — Se pensa que vai me comprar com comida... — Aponto o garfo em sua direção enquanto termino de mastigar. — Eu ganhei — Sorrir convencido e dou de ombros. — Agora fala sério, Marcos — Me ajeito no assento. — Só queria te trazer pra comer antes de ir trabalhar, Nai — Arqueo a sobrancelha — Sério — Concordo com a cabeça. Nos enchemos de bastante pizza e sorvete. Marcos me levou até o trabalho e me despeço dele com um abraço, mesmo ele insistindo por um beijo. — Não vai me dar um beijinho, Nai? — Bato em sua testa — Crueldade com um nenê desses — Estala a língua com divertimento. — Nenê enviado pelo capeta, só se for — Rimos. — Se precisar, não pense duas vezes em me ligar — Pisca e sorrio — Tchau — Me abraça e sobe na moto. Entro pelos fundos na lanchonete e já vejo a loira aguada me fuzilar com o olhar. — Acha bonito ficar de pegação na hora de trabalho, Naiara? — Começa a me atacar. — Boa tarde, gerente minha que tanto amo — Sorrio forçada com ironía na voz — Cheguei dez minutos antes. Então não estava em hora de trabalho, e mesmo se estivesse, você não tem nada haver com a minha vida — Pisco pra mesma que fica em silêncio. Troco de blusa, visto meu avental e vou pro balcão ajudar a outra funcionária. — Naiara — Milena me chama e a olho — Pode me ajudar? — Manda — Sorrio. — Atende aquele cara por mim? — Aponta pra um rosto meio familiar com corte baixo. — Você recusando homem? Algo de estranho tem — Brinco com ela que faz momice — Eu atendo — Me abraça e agradece. Caminho até a mesa do mesmo e tiro meu bloquinho pra fora — Boa tarde. Vai querer alguma coisa? — Se estou aqui, óbvio que irei querer algo — Suspiro bem fundo. Calma, Naiara. Você só tem esse emprego. — Entendi. O que vai querer? — Forço um enorme sorriso. — Porção de batata da grande e uma coca — Anoto. — Mais alguma coisa? — Me olha com desdém — Entendi — Pisco e saio na maior pressa entregando o pedido. — Como foi? — Milena me pergunta. — Tá falando sério? Qual é a desse cara? — Ele é um cliente péssimo. — Agora que notou isso? — Mas é um gostoso do c*****o que eu sento e ninguém me tira. — Um ignorante desse, não sei quem é a doida de sair com ele — Aponto. — Muitas pagam p*u pro gostoso do Caio, Nai. — Tem que ter muita coragem. Ele é um ignorante desprezível. — Estilo badboy americano, que garota não quer? Ele parece ser agressivo, imagina na cama — Rir maliciosa e balanço a cabeça em negação. Pego o pedido assim que fica pronto e levo até a mesa do mesmo e saio sem dizer uma palavra. Termino o meu turno, troco a roupa e me despeço de todos. Ajeito minha mochila nas costas e saio pelos fundos. Vejo um carro estacionado e o dono dele sentado no capô fumando. Ignoro o cliente de mais cedo e passo direto até sentir uma mão gelada no meu braço. — Aonde está indo? — Me pergunta e arqueo uma sobrancelha. — Deve estar me confundindo — Ele rir e me solta — Não tem graça — Apresso meus passos e sou puxada pra seus braços — O que você quer? — Me solto dele. — Eu vi como me olhou. Você se interessou e resolvi te dar essa oportunidade — Sorrir convencido. — Outras meninas te querem, e eu não faço parte do grupo dessas malucas. — Você não quer ficar comigo? — n**o com a cabeça — É o que vamos ver — Me da as costas e sigo meu caminho sem entender nada. Naiara Acordo me arrastando, tomo um banho gelado pra tentar despertar, visto uma calça jeans preta e um cropped qualquer. Arrumo a mochila no ombro enquanto prendo meu cabelo em um coque desarrumado. Corro pelas escadas e na recepção dou de cara com quem menos queria. — Já arrumou o dinheiro, Naiara? — Bom dia pra senhora também. Mais tarde arrumo o seu dinheiro. — Se não me pagar hoje, é rua na certa. Tudo que te pertence, estará fora daqui. — Tá,tá entendi — saio do condomínio e vou para o ponto pegar minha Mercedes-Benz. Aturo como qualquer outro dia com a lotação com brinde de cheirinho de cachorro molhado. Acho que até os cachorros cheiram melhor do que trabalhador às sete horas da manhã. Desço no ponto da faculdade e ando até a entrada. — Garota, vai aonde? — me puxa pelo braço e fecho a cara. — O que tá fazendo aqui, Nicolas? Devia estar na escola. — Escola o c*****o. Bandido não vai pra escola — estala a língua. — Bandido sabe ler e escrever. Mas no teu caso é bandido burro mesmo. — Me ajuda com umas coisas ai. — O que ganho em troca? — Quer verde ou branco? — sorrir de canto. — Dessa vez eu quero o branco — ele me entrega disfarçadamente o pino — O que tenho que fazer pra cumprir nosso acordo? — Vende vinte pra mim e tá feito — me entrega uma sacola preta. A abro vendo ser drogas e olho pra ele. — Tá querendo me fuder, Nicolas? — me aproximo dele e arregalo os olhos — Se eu sou pega vendendo essas porras aqui... — Dá em nada, Naiara. Nessa faculdade está cheio de filhinhos de papais que pagam pra usar essas porras. Você vende, me da o dinheiro e tudo fica tilindo. — Por que não vende na favela? — Tenho que vender isso pra pagar uma dívida do outro lado. — Só se envolve em furadas. Por que eu te ajudo mesmo? — Porque você ama demais o seu irmãozinho — pisca e balanço a cabeça em negação. — Por quanto? — Iria por dez, mas pode aumentar pra você tirar um lucro em cima. — Melhor irmão do mundo — o abraço — Na hora da saída vem aqui? — Claro. Te deixo me passar a perna não, vagabunda — brinca e lhe dou um soco no ombro — Bruta do c*****o. — Se eu for pega, enfio essa p***a no teu cu — o ameaço. — Tu é esperta. Não vai cair no bueiro — beija minha testa — Vou indo, tenho muito o que fazer. — Fumar maconha e jogar vídeo game é muita coisa — debocho e Nicolas fecha a cara virando as costas pra mim — Também te amo, Bambi — grito e ele vira pra me dar dedo do meio e segue seu caminho. Rio e entro na faculdade. Como vou fazer pra vender sem ser descoberta?
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