Capítulo 3

2607 Words
Fecho meu caderno ao escutar o irritante sinal tocar. Mas dessa vez, não acho ele irritante, e dou glória por ele ter tocado. Odiei o professor de Física. Mas que tiozin Chato. Oh my God Guardo meu material na mochila e me levanto, conferindo se o celular tá no cós da calça. Me sento na carteira, observando todos os alunos saírem da sala. Saio da sala e sigo para a saída da escola. Vou caçar um ginásio por aqui para treinar, não suporto ficar sem treinar mais. Me encosto no muro do lado de fora do colégio e pego o meu celular, e vejo que há mensagens do meu pai. Sorrio com isso, mas não abri a conversa. Ao contrário abri o aplicativo do Google e pesquiso pelos ginásios dali. Pelo menos aqueles que permitam a prática de vôlei também. – tá fazendo o que aí na solidão, novata? – Escuto a voz da Paloma e pelo canto de olho eu vejo ela sozinha. E eu acho isso uma raridade, pelas poucas horas que passei no mesmo ambiente que ela, da pra notar que ela não anda sozinha. – procurando algum lugar que eu possa praticar vôlei. Respondo ela sem me importar de falar isso com a mesma. Já vi que ela é de confiança. Certo que eu conheci ela hoje, mas deixa isso de lado. Mas a resposta sai espontânea, eu nem pensei na possibilidade dela contar pra alguém, eu so falei. – Tem um lugar que treinam alguns esportes, se quiser ...– ela para de falar, e penso que ela vai completar o seu diálogo. Então aperto em um site qualquer e escuto – Pode me acompanhar. Olho pra ela e confirmo com a cabeça. Também tá certo que ela não tem certeza nenhuma se lá onde ela vai tem oque eu quero. O jeito é seguir ela, se for pra acontecer alguma coisa – tipo morrer, ser atropelado, sequestrado, torturado ter meus órgãos arrancados – que aconteça. Com a minha confirmação ela começa a andar e eu a sigo. Apago a tela do meu celular e o ponho no bolso da minha calça jeans. – Joga Vôlei? – ela pergunta e eu mantenho meus olhos no chão – Mesmo se negar, da pra saber. Sua postura denúncia. Eu já sabia disso. E pela minha altura, alguns denunciavam que eu praticava o basquete ou o vôlei. E eu? Sempre deixei eles na dúvida entre os dois. Eu jogava os dois esportes, sempre gostei deles. Mas eu sempre me dedicava mais ao vôlei, e só as vezes eu praticava o basquete. Sei lá, desde criança eu gostava de ver os jogos. Meu pai odiava, pois ele sempre queria assistir os jogos de futebol e eu tava lá, assistindo – como ele diz – esses jogos insuportáveis. Levanto meus olhos e desvio de um poste. Gente, eu ia bater de cara no poste kkk – Eu pratico boxer. – ele diz. E eu noto que ela tava querendo puxar assunto e eu até puxaria se soubesse. Mas como eu não sei... – Eu Luto desde os meus... Olho pra ela e a vejo franzir o cenho, olho pra frente e não vejo nada, então tiro a conclusão que ela está tentando lembrar de quando ela começou a praticar. – Eu não lembro – ela diz rindo e eu sorrio, pelo menos ela não inventou só pra por um tempo extra. – Eu acho que foi quando eu tinha uns cinco ou seis anos. Olho pro chão e desvio de uma pedra. – Eu pratico dois esportes – eu digo e chuto uma pedra pequena que apareceu no meu caminho. – Porém o vôlei é o principal. Escuto vários carros buzinando, e vejo o carro da minha mãe lá no meio. Respiro fundo e jogo meu cabelo na frente do meu rosto. – E você tem cara de quem pratica algum estilo de luta. – digo e pelo canto de olho eu vejo ela sorri – eu cheguei a querer praticar, mas não dava. Depois das palavras ditas por mim ela me olha totalmente surpresa. Totalmente – e por que não dava? – ela diz e eu apenas desvio os olhos de novo para o chão. – Eu já arrumava briga sem saber lutar direito, imagina se eu soubesse. – falo e levo a mão ao meu pingente – aí meu pai foi e desistiu de me colocar. Sim meu pai. Nessa época meu pais estavam juntos e eu era a criança mais feliz do mundo. Mas sempre sofria um bullying básico na escola. Aí eu revidava, porém não verbalmente. Eu batia no filho sem mãe. – É por isso que o Yago não deixa eu andar sozinha. – arqueio a sobrancelha ao escutar. Eu nem sabia o nome das pessoas da escola ainda. – Oque abraçou a Esther no refeitório. Aah. Lembrei dele. Mas não entendi o por que dele não deixar que ela fique sozinha. Afinal ela tá sozinha comigo, não tá? – Ele e os outros tem medo de eu entrar em encrenca. – Entendo agora o por que da Wendy ter saido de perto quendo ela chegou perto medrosa – Diz ele que o meu soco é forte e que ele é um perigo para a sociedade. Não consigo evitar a risada, pelo visto parecia que ela dava medo em qualquer um. – Ele também luta. – ela gostava de falar dos amigos, notava-se isso de longe, já que seus olhos brilhavam. – na verdade todo mundo do g***o pratica algum esporte. Ela olha pra mim e espera eu falar algo. Mas como eu não digo nada, ela continua a falar. – O pessoal, com certeza estão vindo já. E nisso eu olho pra trás e vejo que eles realmente estavam vindo, mas ao me virar eu trombo com uma senhora. E acaba que as coisas que ela tava carregando caíram no chão. – Perdão – me abaixo e começo a pegar tudo, colocando novamente dentro das sacolas. – perdão senhora. – Sem lroblema querida – Termino de juntar tudo e me levanto com as sacolas na mão e entrego pra ela, me perguntando se aquilo não estava pesado pra ela. – Obrigada minha filha. E assim ela vai embora e eu a observo enquanto ela atravessa a rua. – Você ta bem? – Paloma pergunta e eu assinto com a cabeça – você não é muito de falar né?! – É uma mania minha, na verdade adquiri ela pra não falar m***a pra minha mãe – falo a última parte baixo, porém foi o suficiente para a garota escutar. Ela parecia estar curiosa pra saber o porquê, mas não disse nada e eu a agradeço por isso. O fato é que desde que meus pais se separaram, a minha mãe não dava aquela atenção extra pra filha. Agora ela só finge se importar comigo. E eu preferia mil vezes estar com o meu pai. [...] Aquilo era parecia mais uma escola do que um lugar que treine os esportes. Era enorme, parecia ser maior do que o colégio que eu já julguei grande. Se lá é grande, isso aqui é totalmente grande, mega grande, hiper grande. Não... a palavra certa pra isso é: enorme. – legal né Paloma que estava até então parada do meu lado – me vendo paralisada com o lugar – diz e eu olho pra ela, aí ela aponta para as placas que estavam penduradas. Mostrando a direção de cada ligar que pratique o determinado esporte. 10 placas Agora tá explicado que aquele lugar é enorme Para a minha sorte tem o voleibol, então eu olho na direção que a placa aponta. – Bom, eu vou indo naquela direção. – Paloma diz e eu assinto com a cabeça. – qualquer coisa pode ir lá. Nesse meio tempo que ficamos paradas – eu no caso – os amigos dela seguiram por diferentes direções. A garota segue a direção que mostra ser a do box e eu começo a andar para o lado do vôlei. Eu nem sabia onde é, só segui a placa Olhei pros lados e olho para a direita vendo um cartaz enorme – que eu não vi, quando passei – escrito VÔLEI. Tô me sentindo uma cega, sem brincadeira nenhuma. Adentro o local que estava um pouco vazio, mas tinha uma galera treinando. Humm então o bagulho é misto? Gostei – Procurando alguém? – Escuto uma garota dizer e olho pra ela. – o treinador – falo olhando pra ela. Ela é um pouquinho baixa, porém sua altura é boa. Depois da minha resposta ela aponta para o homem que estava sentado e observava o jogo. Mas eu tô é um susto quando a mesma garota grita – Treinador – juro que me segurei pra não por a mão no ouvido. Ou dar um t**a na garota . Será que ela canta Ópera? – tem gente querendo falar com senhor. E assim ele levanta da cadeira, mas antes diz pra galera lá, continuar o treino. – em que posso ajudar? – diz me olhando de cima. O tiozin é mas alto que eu, bem mais alto. Então eu apenas olho pro lado. – Quanto que é pra fazer a inscrição? – Digo e ele me olha com a sobrancelha arqueada. – Depende de que escola você é. – E com isso eu tiro o meu cabelo da frente do emblema da escola na minha camisa, permitindo que o mesmo olhe. – Tem como pagar a inscrição? A sua escola é um dos patrocinadores desse lugar, então você não paga mensalidade. Ainda mais se mostrar que tem desempenho no esporte. Arqueio a sobrancelha ao ver uma garota fazer o levantamento errado. E desvio os olhos. Um dos dedo dela com certeza vai doer. – Aceita cartão? – digo e pego o meu celular e retiro da capa o cartão de débito que o meu pai me deu. Na verdade, por ter que pagar pensão, ele me deu um cartão e depositava o dinheiro. E uma das certeza dele, é que a minha mãe não iria me entregar o dinheiro. [...] Fiquei um tempo lá no ginásio, aprendo as regras. Os horário e sobre quando que eu iria poder participar dos campeonatos. Ainda iria dar três horas. E tô com v*****e nenhuma de ir pra casa, minha mãe provavelmente deve tá sozinha lá. A Paloma disse que eu poderia ir aonde ela tá treinando, então eu vou. Ninguém mandou ela me chamar. Paro na entrada, e observo as placas e sigo na direção do box. Dessa vez eu vou olhando pra todos os lados, já que eu fui praticamente uma cega ao não ver aquele cartaz. E ao avistar o letreiro – não é cartaz dessa vez – escrito Box e anda tinha dois bonequinho fazendo a simulação de luta. Paro na frente da academia de box. Fico parada e empurro a porta e a primeira coisa que eu vejo é Paloma batendo num cara, encima de um ringue. Olho ao redor e vejo g***o dela, e Esther também me vê. Que ela não grite. Desist de ficar, me viro e Começo a andar para a saída e ao sair eu olho pros lados. E saio daquele lugar. Amanhã eu volto e fico treinando até tarde. E para não sentir as mesmas dores na pernas que eu senti hoje quando cheguei a escola. Irei correr a noite. Começo a andar em direção a casa do Meu padrasto. Depois de umas meia hora eu chego lá e abro a porta, e vendo que realmente tinha alguém lá. Só deixam a porta aberta quando a minha mãe ou o Marco tá em casa. E com certeza é a minha mãe, já que o Marco trabalha na empresa dele. Ponho a minha mochila em cima do sofá e vou até a cozinha. Preparo alguma coisa pra mim comer. Como e lavo as louças que eu usei. Volto pra sala e pego a minha mochila. Mesmo depois de semanas, morando aqui, o silêncio dessa casa me assusta. Subo as escadas e ao terminar de subir eu sigo até o meu quarto, abri a porta e a fecho em seguida, tranco ela. [...] Fecho o livro que eu estava lendo e olho pra janela do meu quarto. Já estava escurecendo. Vou no banheiro e amarro o meu cabelo em um r**o de cavalo. Vou ao closet e pego uma calça leguin e uma blusa qualquer. Me visto e calço um tênis de corrida. Deixo o meu celular no quarto e saio do mesmo. Passo pelo corredor e desço as escadas. Nunca fui muito fã do silêncio, mesmo que eu o amo. O fato é que eu odeio o barulho, mas não gosto do silêncio. Entendeu. Paro no meio da sala ao ver a minha mãe, sozinha na mesa no canto. Ela estava perto de uma garrafa de vinho – que só de olhar da pra ver que foi cara – E uma taça com vinho é claro – Vai aonde Nathallie? – Escuto ela falar, e eu apenas volto a andar na direção da porta de entrada – eu sinto que o motivo de você estar assim é por minha causa. Mordo a minha língua, pra não correr o risco de respondê-la de uma forma nada educada. – Você se afastou de mim, e eu quero que você saiba Li, que eu sinto muito. – fecho os meus olhos, sentindo as minhas barreiras querendo se desfazer quando ela me chama pelo apelido que ela só me chamava quando ela mesma sabia que tinha feito m***a. A olho por cima do meu ombro e vejo ela virar o conteúdo da taça de uma vez. Bebeu como se fosse água. – Vou correr – a respondo enqusnto me virava pra ela e me aproximo tampando a garrafa de vinho. – E pare de beber, senão vai ficar bêbada. Pego a garrafa e coloco na adega de Marco. O vinho ainda é antigo. Meu deus, Daniella quer ficar bêbada mesmo. Mas eu sabia que ela só bebia quando ela queria falar algo, e não conseguia falar quando sóbria. E eu não suporto vê-la beber, por que ela fez isso para se separar do meu pai. Ela nunca conseguia tomar uma decisão sem estar com pelo menos uma partícula de álcool no sangue. – Sinto que todos me odeiam nessa casa – minha mãe volta a falar, e eu não sei oque falar. – os funcionários, o Tayler e até mesmo a minha filha. – E nisso lágrimas começam a escorrer de seus olhos. – E o que dói, é não saber oque eu fiz para ter esse ódio. – Daniella olha dentro dos meus olhos e eu desvio os olhos. – Eu não lembro quando foi a última vez que você me chamou de mãe. Outra coisa sobre mim: eu não sei lidar com as pessoas quando elas estão chorando. Na verdade eu não sei lidar com ninguém. Acho que eu me lidaria melhor com um gato, já que ele não fala. Só mia, mas não fala. Escuto barulho da porta se abrindo e, olho ora trás, vendo Marco entrando na casa. E ao ver ele a minha mãe se levanta e vai abraça-lo e eu, bom eu passei por eles em completo silêncio e saí da casa. Agora mesmo que eu preciso correr. Eu gosto de correr, mas não é pra manter meu corpo em forma. Tá, também, mas o principal motivo é pra espairecer a mente. Por os pensamentos em ordem. Já que foi, exatamente isso que a minha mãe fez a minutos atrás.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD