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COMANDO DE FAVELA

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Sinopse: Babi não nasceu em berço de ouro, m*l sabe onde nasceu. Foi criada pela tia e assim que a mesma adoece, seu tio sem condições para manter a tia e os primos, manda Babi morar com outra tia, só que na favela. Ao chegar Babi totalmente despreparada se encontra logo com JR, que comanda o morro.

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PRÓLOGO
Um turbilhão de pensamentos brotava na minha cabeça e eu tinha que decidir se era esse passo que eu estaria dando. Seja ele para o bem ou para o m*l. Eu nesse momento teria que está ciente das minhas atitudes e o que isso acarretaria futuramente. Encontrar-me com o Jhony seria um ato de traição para o JR e consequentemente não poderia subir mais para cá se ele descobrisse, até mesmo seria morta pelo mesmo. Eu estava incerta dos meus passos, incerta dos meus sentimentos pelo JR. Mas agora não era momento para pensar nele, quando a maior parte do dia ele só pensava em mulher e no morro. Peguei meu celular e liguei para o número do Jhony.  Início da Ligação  Babi: Certo, você disse que iria me ajudar a sair do morro sem que o JR ficasse sabendo. Quero as coordenadas e sai daqui sem um arranhão sequer. Jhony: Sabia que não me negaria, Babi. Babi: Bárbara, por favor, e fique sabendo, se isso for uma armadilha você terá graves consequências. Jhony: Eu estou sozinho. Sai da sua casa sem que ninguém te veja. (...)  Fim da Ligação  Quando eu disse para o Jhony que queria sair do morro sem um arranhão sequer ele até que respeitou isso, mas eu também não queria sair do morro toda suja de lama e mato. Tomei muito cuidado para que ninguém me visse. Nesse frio também, não havia quase ninguém pelos becos. Me escondia sempre que percebia que estava vindo alguém até que encontrei com o Jhony parado no acostamento de uma rodovia. Parei do outro lado e ele indicou para que eu atravessasse. Esperei um caminhão passar e então eu atravessei. Eu estava muito nervosa e tremendo de frio. Era agora ou nunca, se fosse para morrer nem com estilo morreria, porque no estado de lama e sujeira que eu estou. Jhony: Você caiu na lama? –Ele riu e eu permaneci séria. Babi: Não estou vendo graça. Jhony: Ok, já percebi que a loirinha é brava. Babi: Não brava, mas sem paciência. Jhony: Entra no carro. Babi: Para onde vamos? Jhony: Eu prometo que nada vai te acontecer. Babi: Certeza? Jhony: Absoluta. –Ele assentiu e abriu a porta do seu carro para mim. Babi: Assim espero. –Entrei no carro toda suja assim mesmo, ele que se virasse pra limpar depois, não mandei me tirar da minha cama. Ele entrou em seguida, ligou o carro e deu partida-. Me adianta o que você tem pra falar. Jhony: Não prefere chegar lá? Você toma um banho, te dou roupa limpa. Babi: Vamos para a sua casa? Jhony: É escondido, não está frio lá e ninguém vai nos achar. –Ele virou para mim e deu um sorriso. Engoli em seco rezando mentalmente para que eu não me metesse em furada. O clima estava mais pesado do que a minha roupa suja de lama e molhada. Eu não queria conversar com ele a respeito de outras coisas e bom que o Jhony entendeu bem o recado. 10 minutos de agonia dentro daquele carro, o Jhony pegou uma estradinha de terra e eu comecei a ficar nervosa. Babi: Para onde você está me levando? Jhony: Para o endereço que te disse. Babi: Que merda de lugar é esse? –Olhei para toda aquela escuridão pela janela. Jhony; Bárbara, eu dei minha palavra de homem para você, não vou encostar um dedo sequer em você. Apenas iremos conversar sobre as coisas que você precisa saber. –Apenas assenti e olhei para o lado de fora. Vi que uma casinha simples se aproximava e ele parou o carro perto da entrada. Descemos do carro e silenciosamente entrei com ele. Ele ligou a luz da sala e ela tinha um jeito acolhedor, porém sem muitos detalhes. Um sofá, mesinha de centro e uma TV. Babi: Que casa é essa? Jhony: Minha. Babi: Pensei que morasse no morro. Jhony: E moro, mas venho pra cá quando não aguento mais meu irmão. –Ele disse e jogou as chaves em cima do sofá-. Vem cá que eu vou te amostrar um lugar pra você tomar banho, a água é gelada, só pra deixar bem claro. Babi: Ta né. –Era isso ou ficar imunda. Ele me mostrou o banheiro e até que estava limpinho. Ele trouxe uma toalha e umas peças de roupa limpa. Tirei minha roupa suja e entrei no Box. Tomei um banho me limpando toda e terminei uns 15 minutos depois. No banho eu pensava ansiosamente qual seria o assunto dessa conversa e em que fim daria. Sai do banheiro e vesti a roupa que ele havia me dado. Ele me deu um short feminino, mas a blusa era de homem. Juntei a minha roupa dobrada em um canto do banheiro e depois pediria uma sacola para poder levar pra casa. Sai do banheiro, andei pelo corredor escuro e cheguei até a sala. Ele estava sentado no sofá. Babi: Pronto. Jhony: Senta aqui. –Sentei ao lado dele, com uma distância considerável e olhei pra ele. Babi: O que tem para me falar? Jhony: O que foi que o JR falou pra você? –Ele cruzou os braços me analisando. Babi: Não viemos aqui para falar sobre o JR e sim sobre o que você tem para me contar. Jhony: Mas antes eu preciso saber o quanto você sabe. Babi: A única coisa que eu sei é que você e o seu irmão querem me matar. Jhony: Se eu quisesse te matar já teria feito. –Ele debochou rolando os olhos e eu me senti estúpida-. E pode ter certeza, ninguém ficaria sabendo. Babi: Érr... Jhony: Chega Bárbara, eu quero e preciso saber agora sobre o quanto você sabe. O quanto o JR te falou. Babi: Me falou do que? Jhony: Sobre o seu pai e a sua mãe. Babi: O que tem meu pai com tudo isso? Você nem conhece meus pais. Jhony: Não conheço, mas sei mais deles do que você aparenta saber. –Ele levantou do sofá e ficou andando em círculos pela sala. Esse andar dele me deixava nervosa e eu estava procurando as palavras certas. Babi: A única coisa que eu sei é que querem me matar. Jhony: Motivo? Babi: JR. Jhony: Ele é bem i****a mesmo. –Ele coçou a cabeça dizendo aquilo para ele mesmo-. Escuta, isso não é apenas um jogo qualquer. Meu irmão passou a vida inteira atrás de você, o maior erro da sua vida foi ter saído do buraco onde te esconderam. –Ele me fitou aparentando preocupado. Babi: Não estou entendendo. Jhony: Claro, claro que não está entendendo. Ninguém te contou nada? Você não fez questão de questionar o motivo de está nesse mundo? Você é burra assim mesmo? Babi: Não me chama de burra! –Levantei do sofá brava-. Eu não tenho culpa de nada. Jhony: Não tem, realmente, mas você contribui para que tentem. Se o boato que o Playboy espalhou pelo povo não fosse tão recente, você já estaria morta. Seu pai não era uma pessoa boa e quando ele morreu deixou muitos inimigos. Seu pai deixou uma coisa que todo mundo quer e eles acham que você deve saber. Ou que pegando você o JR vai ceder. Babi: Eu não sei de nada! Eu ao menos conheci meus pais. Jhony: Se acalma, Bárbara. Babi: Como me acalmar? Não é a sua cabeça que querem? Jhony: Você acha que eu não estou me arriscando em está te ajudando? Babi: Você não me ajudaria a troco de nada. Jhony: Realmente. –Ele balançou a cabeça-. Uma mão lava sempre a outra. Babi: Eu penso em te ajudar depois que você me esclarecer tudo isso. Jhony: Senta ai. –Eu sentei e ele sentou na mesinha de centro de frente pra mim. Então olhando nos meus olhos ele começou a contar coisas que eu jamais desconfiei, coisas que o JR nem se deu o trabalho de contar e que com certeza ele sabia-. O morro onde fui criado era parceiro do morro onde você mora. Meu pai era amigo do seu pai. Eu não sei muito dessa história, mas o meu irmão contou umas coisas para mim, ouvi umas conversar e então fui filtrando tudo até chegar numa linha de pensamento que faz bastante sentido. Beleza, a sua mãe antes de se começar a se envolver com o seu pai, se envolveu com o meu pai. Ela teve o Playboy escondido de todo mundo... Babi: Peraí, está me dizendo que o Playboy, o seu irmão é também o meu irmão? –Disse confusa. Jhony: Sim. –Ele assentiu e minha mente se confundiu toda. É muita informação para uma pessoa só-. Só que a sua mãe teve uma briga com o meu pai e ela foi embora, sem nem querer saber do Playboy. E como ela já morava anteriormente no morro do seu pai, foi lá que eles começaram de treta e nesse período que começou os problemas com o meu morro. Tudo por culpa da sua mãe e do filho que ela sempre negou. O meu pai envenenou muito a cabeça do Playboy e ele cresceu revoltado. Então quando sua mãe engravidou de você, foi mil amores por você, sua mãe parecia ter ouro na barriga. Mas seu pai fez uma merda com uns colombianos, então ele mandou sua mãe para o interior do RJ pra ter você e ficar longe de perigo Cada pessoa diz de um jeito quem foi que matou seus pais, até porque isso não é uma coisa que todo mundo costuma entender. E eu tenho certeza que até mesmo o JR não sabe disso direito e se ele sabe está te escondendo. Um tempo depois que você nasceu, sua mãe voltou para o morro sem você. Seu pai havia roubado um dinheiro dos colombianos, muita grana mesmo, estou falando de papo de milhões. —E na época que saiu esse boato todo mundo ficou de olho nesse dinheiro, claro né? Meu pai ficou sabendo da sua mãe de volta pra essas beiras de cá e o Playboy já era metido nos negócios do morro. Agora eu não sei, se foi o Playboy junto com o meu pai que matou os seus pais... Ou se foram os colombianos ou se foram algum bandido de interesse naquele dinheiro que seu pai tinha roubado. Babi: Caralho... –Passei a mão no rosto sentindo meu coração bater muito forte. Minha cabeça estava dando mil voltas e eu não sabia se aquilo tudo era verdade ou era puro veneno saindo dele. Se for ele ou o JR que estavam certos. O JR nunca me contou quase nada dos meus pais a não ser o quanto eles se amavam demais e que estavam mortos-. E onde eu entro nisso? Jhony: Essa vida de bandido só tem homem burro e ganancioso, meu irmão é um desses que está cego pelo veneno que meu pai colocou na mente dele. Ele acha que a culpa é sua por você ter sido trocado, pela mãe dele nunca ter amado ele e ter amado você. Mas também, ele quer o dinheiro do seu pai e ele acha que o JR sabe onde está esse dinheiro. Babi: Mas se o JR sabe onde está o dinheiro, será que ele já não gostou? Jhony: É isso que eu penso. O Playboy não sabe que eu sei dessas coisas, ele me conta as coisas superficialmente e quando quer alguma coisa de mim, mas presta atenção Babi, ele acha que te matando vai deixar o JR vulnerável. Ele tem um informante valioso dentro do seu morro que até mesmo eu não sei. Babi: E pra quê você está me contando tudo isso? Jhony: Eu quero sair dessa vida, Bárbara. Isso não dá futuro nenhum, aqui é o único lugar que o Playboy não me achou, mas é por pouco tempo. Eu to preso a ele. Babi: E por que você não o mata? –Falei como se fosse óbvio. Jhony: Mataria seu próprio irmão? Babi: Meu irmão quer me matar. –Falei com o mesmo tom novamente. Jhony: Mas é diferente, vocês não foram criados juntos. Babi: Você é irmão do Playboy por parte de pai só né? Jhony: Sou sim. Babi: Isso é muita loucura. –Disse sentindo minha mente pesar e deitei a cabeça no meu joelho. Jhony: Você não deveria ter saído do interior e ter ido direto para o colo do JR. Babi: Ah você fala como se eu soubesse! Até pouco tempo atrás eu nem sabia que meu pai era bandido. Jhony: Podemos formar então uma parceria? Babi: Eu ainda não entendi como eu posso te ajudar. Jhony: Eu posso tirar você do RJ, já estava fazendo uns planos de fugir para o Nordeste. Você pode vir comigo. Babi: Fugir assim do nada? Jhony: É isso ou tomar um tiro “assim do nada”. Babi; Isso é muita loucura. Jhony: Seu tempo está contado, Bárbara. Ele não vai apenas te dar um tiro, ele vai torturar você, ele vai destruir a sua vida, como ele pensa que a vida dele é destruída. –Ele falou com tanta convicção que me fez arrepiar. Babi: Eu só preciso me despedir, pelo menos da Fabi. Jhony: Que Fabi? Babi: Minha prima. Jhony: Irmã do Pezão? Negativo. Se ela souber vai ser fácil a fazer falar. Babi: Como eu vou pegar minhas coisas e sair do morro? Não é tão fácil assim. Jhony: Vamos dar um jeito. –Olhei fundo nos olhos dele e eu sentia que tudo aquilo era mais pura verdade. Eu estava quase certa de que ir para o Nordeste com o Jhony seria uma nova chance, mas é aquilo né? Como eu vou confiar em um homem que eu m*l conheço? Eu estou cansada de decisões precipitadas e m*l pensadas. Babi: Como faço pra confiar em você? Jhony: Não quero sua confiança, porque até mesmo eu não confio em você ainda. Mas eu quero uma nova vida. Babi: Como vamos fazer então? Como eu vou pegar minhas coisas do morro sem que ninguém veja ou saiba? Jhony: Eu só preciso que todo dia você encha uma mochila com suas coisas e leve pra loja onde trabalha. Vou arrumar uns parceiros para irem pegar com você na porta dos fundos da loja. Quando você esvaziar a mochila, só a encher com outra coisa. Babi: Certo. –Assenti com a cabeça e tremi. Não era só de frio, mas de medo. Eu estava arriscando minha vida e tentando me salvar. Mas isso me levaria para a salvação ou para o colo da morte? O Jhony conversou comigo sobre muitas coisas, sobre a casa que conseguiu comprar no Nordeste e de como faria pra gente se manter lá. Suas palavras eram convictas e cheias de esperanças, seus olhos em nenhum momento vacilaram ao falar as coisas. Ou ele era um mentiroso ou um bom homem. Ele me levou de volta para o morro e fiz aquele mesmo caminho cheio de lama. Pelo menos dessa vez não escorreguei em nenhuma lava. Na pontinha do pé entrei em casa, porém fui surpreendida pela Fabi e eu tomei um susto. Meu coração batia acelerado e eu olhei assustada pra ela. Fabi: Onde você estava? Babi: Érr... Na rua. –Disse nervosa e completamente sem graça. Fabi: Na rua? 5 horas da manhã? Estava com o JR né sua safada? –Ela riu safada e deu um tapa na minha b***a quando passei por ela. Babi: Sabe que é difícil resistir. –Mordi os lábios e abri um sorriso. Fabi: Está ficando muito safada ein. Babi: Não tenho culpa. –Ri e fui para o meu quarto. Foi por pouco e ela não desconfiou de nada. Fui para o meu quarto, nem troquei de roupa e deitei na cama. Eu estava elétrica e não conseguia dormir. Muito ansiosa para a realização do plano com o Jhony. Peguei meu cel, abri no w******p e havia uma mensagem do JR. Antes de responder abri sua foto e fiquei namorando aquele sorriso. Sabia o que eu estava fazendo significava alta traição para o JR e pensando agora isso estava pesando o meu coração. Não contaria para o JR o que o Jhony havia me revelado, não tinha absoluta certeza que aquilo era verdade.  Conversa on  JR: Loira, você ainda quer seu dia de paz e calma? Babi Mendonça: Por quê? (Ele demorou uns 10 minutos para responder) JR: Acordada?  Babi Mendonça: Acordei para ir ao banheiro e vi sua mensagem. JR: Volta a dormir. Babi Mendonça: Mudou de ideia? JR: Não. Babi Mendonça: Então é o que? (Ele enrolou pra caramba pra responder) JR: É que tava pensando na parada na casa do Piu-piu, eu estava muito puto aquele dia e fiz a coisa que eu mais odiei em toda minha vida que foi ter relado o dedo em você daquela forma. (Fiquei sem reação do que responder) Na boa mesmo, um tiro dói menos do que achar que você me traiu com o meu maior inimigo. Desculpa ter surtado daquela forma. Você não está errada de achar r**m e de querer ir embora, mas eu só não quero tu longe. Ir embora não adianta nada, fugir muito menos.  Babi Mendonça: JR eu preciso ir, me desculpa. Eu preciso ter a minha vida, preciso me formar, eu quero construir a minha família, quero ser como aquelas mães corujas, quero encher meus filhos de frufru. Meu maior sonho de infância era fazer uma apresentação na escola de dia das mães para a minha mãe, só que a minha mãe não estava lá. Você pode roubar o que for menos a minha vida e essa vida de crime não vai tirar a minha liberdade. JR: Eu te entendo  Babi Mendonça: Será que podemos nos ver antes de eu ir? JR: Já achou o lugar? Babi Mendonça: Já sim. JR: Pra onde vai? Babi Mendonça: Vou guardar segredo disso. JR: Não brinca loira. Babi Mendonça: Não é brincadeira, eu preciso realmente me afastar de tudo isso, inclusive de você. JR: E quando você vai? Babi Mendonça: Quando eu for eu vou. JR: Nossa  Babi Mendonça: E olha, isso é segredo nosso. Não vamos envolver a tia e a Fabi nisso, porque elas ainda não enxergaram o risco nisso e querem me prender aqui. JR: Se eu pudesse faria o mesmo. Babi Mendonça: Posso confiar em você? JR: Beleza, Babi. Babi Mendonça: Posso te pedir mais uma coisa? JR: Claro. Babi Mendonça: Vamos fazer alguma coisa amanhã à noite? JR: Final de semana. Amanhã tenho muita coisa pra fazer. Babi Mendonça: Então final de semana. JR: Sábado e domingo, vou te levar pra um lugar bacana. Babi Mendonça: Ta bom n**o, vou voltar a dormir ta? JR: Ta bom loira. Sonha comigo. Babi Mendonça: Claro que sonho.  Conversa off   Narração por Babi. Como eu posso ser feita de refém pelo meu coração? Quando foi que eu me joguei aos pés do JR e não percebi? Eu estava colocando ele a cima do que era racional, do que me faria bem. Fora que o Jhony queria ir embora o quanto antes conseguirmos e sabia que passar um final de semana com o JR iria complicar tanto as coisas. A semana correu muito pesada, eu realmente fui juntando minhas coisas e entregando para um parceiro do Jhony pelas portas do fundo da loja. E no final eu enchia minha mochila com papelão ou plástico bolha. O Jhony me ligava todo dia de noite, mas não era nada demais. O que estava revirando minha mente mesmo era esse final de semana com o JR, eu e ele não nos vimos quase nada a não ser a distância. Sexta-feira à noite, eu cheguei do trabalho e a Fabi me olhou sorrindo. Já sabia que dali não vinha coisa boa. Babi: Por que está me olhando assim? Fabi: JR está lá no seu quarto. Babi: Fazendo o que? Fabi: Esperando você. –Ela abriu um sorriso e eu fui direto para o meu quarto. O JR estava sentado na minha cama e abriu um sorriso lindo ao me ver. Ele estava todo arrumado e muito cheiroso. Ele levantou da cama e veio a minha direção pegando logo na minha cintura. JR: Boa noite. –Ele disse tão gostosinho e de um jeito encantado. Eu abri um sorriso de orelha a orelha, esquecendo todos os problemas da minha vida e até o cansaço do trabalho. Estava desmontada nas mãos do JR. Babi: Boa noite. –Respondi e ele beijou o topo da minha cabeça. JR: Vai se arrumar que nosso final de semana começa agora. Babi: Eu arrumei uma bolsa pequena de viagem, dá né? JR: Claro que dá. –Ele alisou minha bochecha com as costas do dedo e me deu um selinho de leve. Babi: Vou tomar um banho e me arrumar, pode esperar lá fora? JR: Claro. –Ele demorou um pouco pra se soltar de mim e saiu do quarto. Eu tranquei a porta assim que ele saiu. Meu guarda-roupa estava semi vazio, mas antes de começar levar as coisas para o Jhony, eu arrumei a mala pra poder passar o final de semana com o JR. Escolhi uma roupa para me arrumar agora a altura do JR. Peguei minhas peças íntimas, nécessaire, toalha, o vestido e então fui para o banheiro. Lá eu tomei um banho de 20 minutos, lavei os cabelos e me depilei. Coloquei minhas peças íntimas e o vestido, dei uma ajeitada na sobrancelha, peguei minhas coisas e voltei para o meu quarto. Sequei meu cabelo, fiz uma make bonita e sem exageros, coloquei os acessórios, passei hidratante, coloquei meu salto e estava ótima. Dei uma olhadinha no espelho e senti-me a menina mais linda de todas. Abri a porta do quarto e gritei a Fabi. Logo ela apareceu correndo. Babi: E ai prima, como eu estou? –Sorri e dei uma voltinha. Fabi: Que linda! Sua vaca você está muito linda. Babi: Obrigado. Fabi: JR está louco de ansiedade lá fora. –Ela riu-. Para onde vocês vão? Babi: Eu sei lá, JR é maluco e não quis me contar nada. Fabi: Aproveita, amiga. Ele nunca fez esse tipo de coisa por mulher nenhuma. –Senti meu coração pesar de culpa de logo depois ter que abandonar o JR. Pensando durante essa semana, considerando o que o Jhony me contara sobre meus pais, eu não me sentia nenhum pouco como a minha mãe. Via que ela não tanto a mulher que demonstrava ser nas fotos. Eu me sentia mais perdida e confusa cada vez que pensava nessa história. Sorri para a Fabi, peguei minha mala, coloquei no ombro e sai do meu quarto. Quando cheguei a sala, o JR parou de falar com o Pezão e seu olhar parece se perder em mim. Sorri timidamente para ele, o JR andou até a mim e pegou na minha mão. Eu olhava pra ele e esquecia todos os problemas, esquecia-se da favela, do Playboy, do Jhony, esquecia-se até mesmo de mim. JR: Vamos? Babi: Vamos. –Ele pegou minha mala do meu ombro, colocou no dele e pegou na minha mão. JR: Coroa to levando ein. –Ele falou um pouco mais alto para a minha tia ouvir. Patrícia: Vão com Deus! Cuidado vocês dois. –Ela saiu da cozinha e nos olhou sorrindo. JR: Cuida ein mano. –Ele olhou para o Pezão e fez um gesto com o dedo indicador apontando para cima. Pezão: Pode deixar. –Ele riu, mande um beijo pra Fabi e saímos de casa. Babi: Para onde vamos? JR: Oh eu não manjo muito dessas paradas não, mas conversei lá com a Babi e ela disse que tu ia gostar dessas paradas e iria te fazer bem. –Ele falou enquanto terminamos de descer as escadas. Perto do carro do JR havia umas motos com uns caras. Babi: Eles vão também? JR: Vão ter que ir loira. –Ele balançou a cabeça e entramos no carro dele-. E, aliás. –Ele chamou minha atenção para ele segurando meu queixo levemente e fazendo nossos olhares se encontrarem-. Você está linda demais. Babi: Obrigado. –Ele selou nossos lábios, mas não investiu em um beijo. Sentamos direito ele ligou o carro e deu partida. Três motos desceram na nossa frente, enquanto havia mais duas atrás-. Posso ligar o rádio? JR: Só tem funk ai. Babi: Nem aqueles seus pagodinhos safado? –Dei risada e ele riu sem graça. JR: c*****o ta me tirando mina? Canto na moral pra tu e você fica nessa. Babi: Desculpa. –Alisei o rosto dele. JR: Pega ai no porta-luvas um pen drive azul. –Fiz o que ele mandou e coloquei pra tocar. Começou a tocar uma música que eu não conhecia, mas o JR sabia cantá-la toda. Ele dirigia cantando e de vez em quando acariciava minha coxa, deixando-me arrepiada. Depois de uns 20 minutos dentro do carro, o JR entrou no estacionamento de um restaurante. Os meninos nas motos seguiram direto. Babi: Vamos jantar? JR: Claro né loira, não vou deixar você cheia de fome. –Ele riu, após colocar o carro na vaga, saímos dele. Fui à direção do JR e ele pegou na minha mão. Entramos no restaurante e ele era lindo por dentro. Estava vazio e foi ai que percebi que só havia uma mesa arrumada no centro do restaurante. A iluminação estava naquele clima romântico, música ambiente e relaxante. Babi: Não acredito que você fez isso. –Sorri envergonhada. JR: Acho que é um bom jeito de te pedir desculpas. –Ele sussurrou no pé do meu ouvido. Um garçom veio nos recepcionar, fomos até nossa mesa e o JR pediu pra trazer champagne pra gente. Babi: Estou me sentindo a mais gostosa. –Ri brincando. JR: Pode se sentir, nenhuma outra mulher teve esse prazer comigo. –Ele me olhou e mordeu levemente os lábios. Admirei o restaurante por sua beleza e disse para o JR o quanto estava agradecida por esse carinho que ele estava tendo comigo. O garçom nos trouxe o champagne e eu o JR erguemos as taças pra brindar. Babi: Brinde ao que? JR: O brinde poderia até ser para mim porque eu sou um máximo por ter pensado em tudo isso. –Ele riu se gabando, e eu o chutei por debaixo da mesa-. Ai amor. –Ele fez cara de magoado e eu ri. Babi: Anda Biel, fala sério. JR: Um brinde a você, por ser a loira mais roceira e ignorante que cruzou no meu caminho. –Ri e então brindamos. Provei do meu champagne e ele estava uma delícia. Tomamos quase a garrafa inteira de champagne, então trouxeram a entrada do jantar, depois o prato principal e por último a sobremesa. Isso tudo em um clima muito gostoso, aquele ali era o Gabriel e não o JR. Ele ria, brincava, me divertia e eu nem ligava mais se estava tudo bem ou tudo r**m. Depois da sobremesa eu estava tomando uma taça de vinho enquanto o JR estava só me observando. Babi: O que foi? –Perguntei sorrindo. JR: Te admirando. Babi: Estou bonita? JR: Muito. –Ele sorriu sem tirar os olhos dos meus. Babi: Você tem um poder sabia? JR: E qual seria ele? Babi: De fazer uma mulher se sentir única mesmo ela não sendo. –Ele parecia não esperar que fosse esse tipo de resposta, então passou um tempo pensando no que diria de volta para mim. JR: Eu não tenho culpa se sou safado e você é imparcial na nossa relação. Babi: A imparcialidade me faz forte. Você é imparcial quando deita na minha cama, depois sai da minha casa atrás de outra imaginando que eu não me incomodo, mas acontece que isso me incomoda e muito. Mas do que adianta eu dizer? Do que adianta eu me entregar completamente pra você? Você já jogou na minha cara que tem todas as mulheres que quiser. JR: Eu posso ter todas, mas nenhuma me dá o valor que você me dá. –Ele colocou os cotovelos na mesa e apoio o rosto nas mãos como as crianças fazem-. Tu mesmo disse que não quer ter o mesmo futuro que a tua mãe, eu apenas estou te deixando ir. Babi: Deixando-me ir fazendo a coisa mais linda que nenhum outro homem fez em toda minha vida? –Senti as lágrimas chegando e eu senti todo o peso dessa semana. Toda armação, mentira, fofoca, tudo. JR: Loira, não faz assim, não era pra você chorar hoje. Babi: JR eu gosto de você, eu gosto de ficar com você, eu me sinto bem com você. JR: E por que então estamos complicando as coisas? Vamos descomplicar, loira, não vai embora não. Eu prometi que iria resolver o problema com o Playboy, você continua no teu trabalho, faz tua faculdade, tem o teu dinheiro, mas com aquela condição de você ser a mãe dos meus pivetes. Pra quê a gente precisa seguir um pra cada canto se a gente pode ter os dois? Eu posso ter o morro e você pode ter a tua vida, bora descomplicar loira, é só tu aceitar, mas não vai embora. Você falando que vai embora acaba comigo. Babi: Certeza disso? –Ele pegou na minha mão por cima da mesa. JR: Claro mulher. Babi: Me dá até domingo para decidir? JR: O tempo que você quiser.

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