Capítulo 4 - Voltando

1873 Words
Maldito seja você, noticiário imundo. Só pode ser inventado, não tem cabimento, é errado, é imoral! Ver o homem que amo segurando a mão da mulher que compete sério com Mariah, sobre o ódio crescente por mim. E o pior de tudo, sua cunhada, ou como o jornal fala, ex cunhada.  "Ex mulher de Roberto Telles, é encontrada em boate de mãos dadas com o irmão mais velho, o que pode ser interessante, é que caso o  novo relacionamento íngreme Julia não precisará trocar o sobrenome." – A piada nauseante não surtiu efeito nenhum sobre meus lábios.   Derrubo uma porção de gotas salgadas na camiseta do loiro. – Você sabia disso?  – Essa história cabe somente a Thor te explicar...  – Perdi ele Rafael.   Seus lábios se apertam um contra o outro, tentando deixar preso as palavras. Se afasta de mim sem sutileza, andando porta a fora as mãos apertam a cabeça como se qualquer coisa estivesse pronto a explodir e doesse pra caramba.   – Pode deixar aqui as sacolas, já voltamos para busca-las. – Explico a vendedora ruiva, ela assente enxergando meus olhos molhados, e o menino revoltado do outro lado do vitro. – Vai lá... –  Toca minha mão compreensiva, o meu desafeto por ela até então inexistente surge com a simples troca de afeto.    Saio pelas vidraças enfeitadas com adesivos de ursinhos coloridos. A loja me fez sorrir ao entrar, e praticamente chorar ao sair.  Varro o lugar a procura do anjo, o encontro sentado no capô do seu carro. Em passadas lerdas, pensando mentalmente em sua ação, no jornal de fofocas, na perseguição, no meu tratamento, em voltar ao trabalho, tanta coisa ronda minha mente de uma vez só, que naquele instante só quero um pico de paz.  E nessa tormenta ambulante, não encontro nem se quer um raio de luz.  – O que houve Rafa? – Não posso ser um cretino com você, não mais. Só que é dificil doce... – Do que está falando?  – Quando você sumiu, sem avisar Thor pirou, foi até a policia, invadiu a casa de Luiza e por último brigamos. – Gesticula com as mãos, esperando que isso me aplicasse uma calma invisível.  – O que?  Você bateu nele Rafael?    – Lógico que não, ele estava fora de si doce, invadiu a casa te procurando, mas eu não sabia onde você estava, seu telefone estava desligado.    – Eu me desliguei...  – Pois é, mas o homem não sabia, foi um saco tentar controlar o cara. Nós meio que acabamos indo beber juntos.  – O que? – Retumbante foi o brado que dei nessa hora, tomada de euforia.    – Calma nós só bebemos e pegamos algumas mulheres... –  Dá de ombros. E sorri quando recebe socos por todo o seu peito como se os golpes não te afetassem. Conforme aumento os movimentos raivosos sua gargalhada aumenta.  – A parte das mulheres é mentira! – Prende meus braços com os  seus, –se acalme.– Retenho me de seu toque acertando novamente várias vezes em seu peito, com menos força, mas com raiva em evidência, e lágrimas banhando a iris âmbar.  – Você é um b****a, que ódio! – Acabo caindo na risada pela sua cara de inocente – como um dia eu fui gostar de você? – Novamente sou agarrada pelo seus braços. –Bom ouvi da sua boca, que o motivo foi meus lindos olhos –  pisca os cílios convencido me arracando um sorriso que tentei a todo custo segurar. – Se bem que considero o responsável meu pa.u, ah Lay confessa, diz que foi isso.  Tranco o riso com toda força na garganta, minhas bochechas incham tão grande o ar querendo sair por ela em forma de risada, até que não aguento mais.    – Seria muito mais fácil minha vida, se um dia se quer tu me fizesse te odiar.  – Sou bom nisso, já te dei tantos motivos, ainda assim você está aqui! – Deve ser por que gosto de sofrer, além do limite. – As risadas amenizaram o clima ao nosso redor que parecia longe do seus braços os quais aqueciam as células do corpo rechonchudo. – Ou deve ser por que me ama além do limite. – Somos envolvidos por uma nuvem n***a do constrangimento.  Não nos compete trocar declarações de amor.  Eu amei por muito tempo e ainda devo amar, mas só sossegarei o coração quando olhar no fundo do azul de Thor Telles e o próprio declarar da boca bonita, que já não existe esse sentimento entre nós.    – Me leve para Thor? – Imagino o quanto isso deve ter doído em você. Sem pretensão de te ferir mas sabendo que o fazia. Precisava deixar claro que antes de nós, estava ele. Quanto você cresceu longe de mim, eu não sabia, acho que esse novo Austin nunca reconheceria. Maturidade não combinava muito com rebeldia. – Deixe ele explicar o lado dele antes de ataca-lo ok. Conversei tempo suficiente com o cara Layla, estava pronto pra te deixar somente pra ele, até descobrir que carrega um filho meu. Vou lutar por você, quero que saiba disso. Mas sei que é uma pessoa leal, e maldito o dia em que eu desconfiei disso. Joguei pro ralo o único amor que amei. Então não tem mais volta pra mim. – Nem pra mim Rafa. Nem pra gente. – Sela seus lábios nos meus, não nos movemos, apenas deixamos nossos lábios um sobre o outro por uns dez segundos, sem até mesmo respirar.     – Pra gente sempre terá... – Não repita isso.  Abre um sorriso largo e natural. A audácia estava viva em suas bochechas altamente coradas. Pisca o alarme do carro para que eu entre, enquanto busca as sacolas com compras para o nosso bebê. Rafael tocou meus lábios. E foi nostálgico. Porem quando Thor o faz o mundo dele  toca o meu. E eu precisava exatamente disso para conter o frisson na barriga. Em breve teria Telles fisicamente, por que dentro do meu coração ele não sai um segundo se quer. ♠♥ Sei que devia estar pensando seriamente em como Rafael parecia outro homem, talvez até em café quente no frio, ou quem sabe no vento que o outono proporciona...  Tanto faz, pensar em qualquer outra coisa a qual poderia me fazer bem. Se eu pudesse fazer, não teria digitado com tanta loucura o seu número em meu telefone. E dessa vez quem ouviu o recado da caixa postal fui eu. Foram sessenta e oito recados os quais me enviou, não tive forças pra ouvir um nenhum.   As noites foram escuras, e o relógio girando tão rápido me forçou a entender, eu queria partir mas que você ficasse, eu te faço m*l a ponto de m***r o nosso amor? Ah Thor como quer meu coração batendo, sem te-lô? Certa vez entreguei sob os cuidados de Austin que não fez um bom uso, com suas próprias mãos o amassou até virar areia no chão, e foi comparado ao que eu senti na solidão de te ver ao lado de outra pessoa.  Tem desejos que voam e atravessam mares, uma só palavra, e a chama arderia novamente... Eu já morri tanto menino, só queria viver daqui pra frente. Tão unidos e tão separados, cada lágrima a qual eu derramei por você, e hoje nem mesmo elas podem nos consolar.  – Preciso tanto de você, mas não posso te pedir pra ficar.  Nem imagino em quantos pedaços posso sair daqui... mas também posso me refazer. – Disparo o pedido ao estacionarmos em frente a coorporação Telles, o prédio grandioso muito bem planejado, grande parte é de vidro fumê n***o. Não nos permitindo ver nada do lado de dentro.   – Nunca estaremos sozinho em quanto tivermos um ao outro. – Rafael enlaça sua mão na minha – se eu tivesse que viver a minha vida longe de você, preferia não fazer. – Leva a parte de trás até sua boca e deposita um beijo. – Estamos juntos, e isso é o que temos pra hoje.   –Obrigada – murmuro lacrimejante.  Esse novo homem em minha frente parecia tão fácil de amar, te enxerguei como o caminho seguro a se seguir. Tudo que eu tive até ali foi o perigo, por isso joguei mas uma vez minha alma no ar sem nem saber o que realmente tinha lá embaixo no escuro.  Na sua ausência ele levou o vazio pra longe de mim...   Somente seu afeto desnudou as folhas da arvore enraizada a qual me tornei unicamente por você anjo. Os galhos caíram sem você, as raízes murcharam, e não havia o que necessário para renascer, os dias não se passavam, nem mesmo um calendário poderia marcar as datas que se foram sem você aqui...  Sentir sua falta foi o suficiente para me fazer orar e agradecer aos céus, por um dia se quer ter tido o seu amor. Feito brasa viva estou queimada e grifada com suas inciais para sempre. A anjo você foi um marco histórico dentro do meu peito. E ainda assim, você não é o homem que poderá levar o vazio de mim, fecho os olhos e quem me abraça são as memórias dos olhos azuis.   ♥♠ Rafael entra na empresa pelo andar dos acionistas, o que me parece muito estranho, estaciona na garagem particular, e tão automaticamente vejo veiculo n***o de Thor. Ele está aqui, meus batimentos se descompassam por estar tão próxima dele durante todo esse tempo.  Aliso minha barriga por cima do vestido vinho. Posso não estar tão apresentável quanto deveria, mas fiz o meu melhor com apenas um batom nude nos lábios e o rosto limpido. O meu famoso salto alto fora substituído por uma rasteirinha presenteada por Rafael, segundo o menino, foi só uma precaução para que não caísse sob os joelhos e machucasse seu filho.    – Calma doce, isso não é uma entrevista de emprego. – Brinca ao notar as gotículas de suor na minha face. – Quem dera fosse, me sairia muito melhor.     – Você se saíra bem Lay, e se não sair fica com o prêmio de consolação aqui, não sou de todo r**m.  – Ah Rafael só você mesmo, saiba que tu não é um prêmio de consolação coisa nenhuma.  – Tudo bem, não me importo em ser. – S eu sorriso devasso me faz revirar os olhos e rir da conduta leve do ser humano.  – As vezes eu duvido que tu existe sabia? – Um beijo amor verdadeiro, e te provo o quanto posso ser real. – Transpareço a ele minha gratidão.  –Você está sendo o amigo mais fofo que uma mulher poderia ter? – Abraço sua cintura, e deito o rosto em seu peito.  –Ah não –  toca o lugar onde ficaria seu coração –  amigo? Fala sério, isso é doloroso. – Tentei não rir do seu drama fajuto mas parecia impossível, o garoto forçava uma cara estérica com intuito de me roubar uma gargalhada.  Se o objetivo de Rafael Austin foi controlar minha ansiedade. Obteve sucesso, até chegarmos no andar principal, e dar de cara com a ultima pessoa que esperava ver.  Julia Telles donda do deboche. Só uma perguntinha rondou meus neurônios nervosos. Quando essa reencarnação do m*l vai desaparecer da minha frente?    [♠♥♣]  
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