Fênix IV Yuri

Capítulo 31

Os olhos de Sofia estavam fixos nas costas de Yuri. Ela sabia bem o que eles tinham ido fazer; aquilo era o tipo de coisa que ambos entendiam apenas por um olhar entre eles. O porte de Yuri a deixava fascinada. Ele era alto, forte, e a forma como seus cabelos loiros ficavam despenteados a encantava. Ao que parecia, os cabelos do seu noivo eram tão rebeldes quanto ele.

Havia algo na forma como as tatuagens de Yuri a fascinavam. Ele com toda a certeza não era o que ela imaginava encontrar em um marido. Jamais passara por sua cabeça que o seu futuro marido teria aquele estilo bad boy que Yuri exibia. O pequeno brinco que ele usava na orelha esquerda apenas acentuava essa percepção que Sofia tinha dele.

— Fecha a boca, irmã, está babando olhando para ele — diz Mel, cutucando-a.

— Eu não estava babando — responde, sem graça.

— Estava secando ele de forma descarada, Sofia, mas eu não te culpo — responde Mel, rindo.

— Até parece que você não aprendeu — diz Sofia, arqueando uma sobrancelha.

— Nem me lembre. O Xavier me fez chorar, literalmente — responde Mel, piscando para Sofia.

— Com toda certeza você é incorrigível, Mel — diz Sofia, pegando uma bebida de um dos garçons.

— Sabe que eu não ligo muito para discrição. Você vai sentir essas coisas quando estiver com ele, Sofia. Tenho certeza de que Yuri não te deixará sair da cama por uma semana.

— Mel! — ralha Sofia, corando até a raiz dos cabelos.

— Vamos, Pimentinha, não estresse mais a sua irmã — diz Xavier, aproximando-se e puxando Mel para si.

— Só vou se você me der uma recompensa — diz ela, esfregando-se nele de forma manhosa.

— Pimentinha... — diz Xavier, em tom de advertência. Sofia apenas ria enquanto Xavier puxava a sua irmã a reboque com ele.

Para ela, era curioso ver como a sua família tinha crescido e se desenvolvido. Ver a forma como Xavier era nas mãos da sua irmã a fazia pensar que Mel havia escolhido a pessoa certa para passar a vida. Sofia sabia que Xavier faria até mesmo o impossível por sua esposa e filho.

— Do que está rindo? — pergunta Yuri, sentando-se ao lado dela, com um sorriso relaxado.

— Da Mel. O pobre Xavier é massa de modelar nas mãos dela — responde Sofia.

Yuri olhava curioso, mas sabia bem do que ela estava falando. Também entendia que isso acontecia porque Mel e Xavier se amavam e se dedicavam ao casamento como realmente deveria ser. Aquilo era a receita para o sucesso.

— Não deixe ele te ouvir falar dessa forma — responde Yuri, já imaginando a carranca de Xavier.

— Então não vamos falar sobre isso — diz Sofia, os seus olhos castanhos fixos nos azuis de Yuri. Ela queria entender o que era aquele magnetismo que a atraía para o homem ao seu lado. Sofia se assustou ao sentir a mão de Yuri na sua perna. Os seus olhos se voltaram para ele, sem entender o que estava fazendo. Ele, porém, estava tranquilo, tomando um gole da sua bebida.

— Yuri... — chamou, olhando para ele. Ele, por sua vez, a olhou com um olhar inocente.

— O que foi, querida? — perguntou ele, em tom manso.

— Tira a mão da minha perna — disse ela, tentando manter a calma.

— Tem certeza disso? — perguntou Yuri, arqueando uma sobrancelha e gostando da forma como Sofia o encarava. A mão de Yuri apertou levemente a perna de Sofia, fazendo-a ranger os dentes. Ela o olhou, abismada por ele continuar.

— Yuri... — disse ela, trincando os dentes, enquanto segurava a mão dele e a retirava da sua perna. — Eu não me sinto confortável com isso. Estamos em público, se não percebeu.

Um sorriso abriu-se novamente no rosto de Yuri. Ele percebeu as bochechas coradas de Sofia enquanto ela o encarava.

— Desculpe, querida, mas sempre que estou com você, não consigo me conter. Você é como um ímã que me atrai, Sofia. — Yuri não sabia se estava assustando Sofia, mas gostava da forma como os olhos dela se arregalavam com as suas palavras.

— Vai conseguir apenas problemas, Yuri — respondeu ela, mais tranquila, mas ele percebeu que ela se afastara um pouco.

— Você jamais será um problema para mim, Sofia. E, de qualquer forma, Ricardo está louco para me dar uma surra, então acho que vale a pena o risco — disse ele, piscando para ela.

Sofia ouviu aquilo, incrédula. Ao que parecia, o russo realmente não se importava se o seu irmão lhe desse um tiro. Ela sorriu enquanto Yuri se levantava e se afastava. Sofia gostava quando Yuri estava leve daquela forma, sem a máscara que usava perto dos outros.

— Gosto de vê-lo assim — disse Oksana, sentando-se ao lado de Sofia.

— Eu também — respondeu Sofia, vendo o sorriso no rosto de Oksana.

— Meu irmão precisa, às vezes, se esquecer de que é um Dom da máfia e lembrar que é apenas um homem como qualquer outro — comentou Oksana.

— Sei o que quer dizer, mas, para eles, é difícil desvincular essa imagem.

— Sim, mas sei que ele faz isso com você — disse ela, arqueando uma sobrancelha.

— Acho que sim, e gosto desse lado dele. — Sofia ainda não sabia quais sentimentos nutria por Yuri, mas estava se permitindo estar ao lado dele, sem amarras.

— Precisa vê-lo com os sobrinhos. Nunca pensei que riria tanto na vida — disse Oksana, rindo. — Acredita que ele e Aurélio apostaram quem trocava fraldas mais rápido?

Sofia arregalou os olhos e começou a rir, já imaginando a bagunça que aquilo deve ter sido.

— Posso imaginar.

Ao que parecia, havia muito sobre o russo que Sofia ainda não conhecia, mas que desejava conhecer.