Capítulo 67

1102 Words
Yuri tinha voltado ao hospital com a cabeça cheia, mas precisava deixar aquelas coisas de lado para cuidar de Sofia. Os seus problemas ele poderia resolver depois, mas sua mulher precisava dele naquele momento. Os soldados estavam a postos em todo o hospital; havia ao menos uns cinco na porta do quarto de Sofia. Quando Yuri entrou, encontrou Nolan e outro soldado dentro do quarto. Ao que parecia, Nolan estava tentando se redimir do seu fracasso passado. — Alguém entrou aqui? — perguntou Yuri, seus olhos fixos em Sofia, que estava deitada na cama. — Apenas as enfermeiras e o médico Don, mas verificamos tudo o que eles fizeram e os medicamentos que foram aplicados nela. — Aquilo agradou Yuri. Era bom que os seus homens tivessem entendido o que ele desejava. A segurança de Sofia sempre seria sua prioridade. — Podem ir, vou ficar com ela — disse ele, dispensando-os. Eles saíram em silêncio, deixando Yuri sozinho com Sofia. A cada passo que Yuri dava em direção à cama onde Sofia estava deitada, o seu coração disparava. Ao olhar para Sofia, Yuri viu que ela já estava mais corada; aquele aspecto pálido de mais cedo tinha desaparecido. Um tanto relutante, Yuri estendeu a mão e tocou o rosto de Sofia. A sua pele suave sempre o encantava. Ela era linda, a mais linda aos seus olhos, e no seu coração ela sempre seria a mais bela, sua pequena teimosa. Aquilo era um sentimento diferente. Sentir que poderia perdê-la o fez ficar mais apreensivo. Ele sentia a sua raiva e o seu medo se agitarem. A sua vida jamais seria a mesma sem ela. Na verdade, a vida de Yuri tinha mudado na primeira vez que vira Sofia: aqueles olhos castanhos tão expressivos que sempre o surpreendiam. E, na primeira vez que ele a viu sorrir, o gelo que havia no seu coração se derreteu totalmente. Yuri não conseguia se afastar de Sofia. Ele não podia. Ela já estava tão enraizada no seu peito que, mesmo que lhe custasse a vida, ele não se afastaria dela. Yuri segurava a mão de Sofia, admirando o quão linda ela ficava com o seu anel no dedo, a prova do compromisso deles. Ele estava perdido em pensamentos quando sentiu a mão dela apertar a sua. Yuri ergueu a cabeça rapidamente, encontrando o olhar confuso de Sofia sobre ele. — Yuri? — perguntou, confusa. — Graças a Deus! — disse ele, levantando-se e puxando-a para seus braços. — Nunca mais faça isso comigo, Sofia. Não suporto ficar sem você. Sofia piscou, ainda tentando entender o que estava acontecendo. Os braços de Yuri estavam firmes ao seu redor, e ela sentiu o peso da sua preocupação em cada movimento. Ele a segurava como se tivesse medo de que ela desaparecesse novamente, como se estivesse tentando provar a si mesmo que ela estava ali, viva, respirando. Yuri se afastou e segurou o rosto de Sofia nas suas mãos. Quando Sofia encontrou os seus olhos marejados, perdeu o ar. Mafiosos choravam? Talvez. Mas, olhando para Yuri diante dela, sem máscaras, sem palavras falsas, ela entendia que sim: o seu mafioso chorava. Os olhos dele eram tão intensos sobre ela que Sofia pensou que poderia sufocar naquele mar azul que tanto amava. Sofia via dor, tristeza, tudo ao mesmo tempo rodando naquelas íris hipnóticas. E as palavras dele... quão doces eram aquelas palavras aos seus ouvidos. Mas, da mesma forma que Sofia estava surpresa com as suas palavras, ela tentava entender o que tinha acontecido. Forçando a sua mente, lembrou-se do momento exato em que pensou que ficaria sem a sua família, seus amigos e, principalmente, sem o russo enorme que a olhava com tanto amor naquele momento que fazia o seu coração derreter. O coração dela batia descompassado, não só pela confusão do momento, mas pela intensidade das emoções de Yuri. Nunca o vira tão vulnerável, tão exposto. As palavras dele, ditas com um misto de alívio e desespero, ecoavam na sua mente. Ela levou a mão trêmula até o rosto dele, tocando-o com gentileza. Yuri fechou os olhos ao sentir o toque, como se precisasse daquela confirmação de que tudo estava bem, de que era realmente Sofia o tocando. — Eu estou aqui, Yuri. Já passou — respondeu, em um sussurro. Yuri a puxou de volta para si, segurando-a com força contra o seu peito. O calor de Sofia era tudo de que ele precisava para se acalmar. Ele tinha permanecido forte durante as horas que se arrastaram, pois Sofia precisava dele, da sua proteção e cuidado. Mas agora que a sentia, ele podia dar vazão àqueles sentimentos que o estavam corroendo por dentro. Yuri se afastou de Sofia, envolveu as suas mãos no rosto dela e a puxou para si, colando a suas bocas em um beijo desesperado. Ele apenas desejava senti-la e tentava, através daquele beijo, transmitir todo o alívio que sentia por ela estar bem. Yuri esmagou os lábios de Sofia com os seus. A sua língua era exigente na sua boca, explorando, sugando, exigindo mais. Aquele beijo não era delicado; era duro e rude, mas, de certa forma, libertador. Quando Yuri se afastou de Sofia, encarou os seus olhos arregalados. Então, voltou a si, e o pensamento de tê-la machucado encheu a sua mente. — Te machuquei? — perguntou, tocando o seu rosto, examinando-a com atenção. — Não, Yuri. Eu... apenas não esperava — respondeu ela, corando e desviando os olhos dos dele. Yuri respirou aliviado. Dando a volta na cama, ele se deitou ao lado dela, puxando-a para seu peito largo. Sofia tensionou a princípio, mas logo relaxou. Era Yuri quem estava ao seu lado, e ela sabia que, enquanto ele estivesse lá, ela estaria segura. — Sei que não quer falar sobre isso, mas preciso saber o que houve — disse ele, enquanto alisava o braço dela, tranquilizando-a. — Eu sei, mas não queria me lembrar daquilo — respondeu. Yuri olhou nos seus olhos e viu o quanto ela estava apreensiva. — Eu tenho medo, Yuri. Aquelas palavras fizeram Yuri ranger os dentes. Era o tipo de coisa que ele jamais desejou ouvir dela, mas ali estava ela, passando por coisas que ele deveria evitar. — Não tenha medo, Sofia — disse ele, acariciando o rosto dela. — Você me tem, e enquanto eu estiver aqui, nunca mais permitirei que isso aconteça. Olhando nos olhos azuis-gelo dele, que antes eram tão frios e penetrantes, mas que naquele momento estavam repletos de calor, Sofia se sentiu segura. Os braços dele eram como uma prisão à sua volta, da qual ela não desejava sair.
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