Capítulo 27

1119 Words
Sofia sentiu quando a mão de Yuri apertou levemente a sua. Era a forma que o russo tinha de dizer que estava ali com ela e que nada de r**m lhe aconteceria. Sofia não temia as pessoas naquela sala; sabia que o seu irmão não hesitaria em dar um tiro em qualquer convidado que representasse uma ameaça a ela. — Até que enfim conseguiu o que queria — disse Nico, abraçando Yuri. — Você não sabe o quanto tivemos que aguentar dele, Sofia. — Nico... — respondeu Yuri, com um olhar mortal. — Deixe eles, Nico — interveio Alicia, empurrando-o de lado e puxando Sofia para um abraço. — Espero que seja muito feliz, querida. E, se precisar de dicas para lidar com ele, é só me chamar. Sofia riu das palavras de Alicia. Gostava daquele espírito animado dela e das outras mulheres da Fênix. — Parabéns, Sofia. E não se preocupe com essa cara brava do russo. É tudo fachada — brincou Síria, também a abraçando. — Não diga isso, assassina. Você só vê o que eu quero que veja — respondeu Yuri, arqueando uma sobrancelha. — Corta essa, Yuri. Isso não cola com a gente — disse Charles, aproximando-se deles. — Parabéns aos dois. Lentamente, todos foram cumprimentando o casal. A Fênix estava em festa, e, como em todas as festas, a animação era garantida. Após alguns minutos, Yuri já estava com uma carranca enorme; não aguentava mais falar com ninguém. — Vem, vamos nos sentar um pouco — disse ele, oferecendo o braço a Sofia. Eles caminharam até a mesa e se sentaram. Yuri serviu-lhe uma taça de champanhe enquanto Sofia permanecia em silêncio ao seu lado. — Você está bem? — Sim, só não imaginava que teria tantas pessoas — respondeu ela, tomando um gole da bebida. — Eu queria que fosse algo mais íntimo, mas, infelizmente, não foi possível. Eles achavam que estávamos mentindo por causa do tempo que levou, então precisávamos de um evento mais formal para mostrar que o nosso compromisso é real. — Sofia olhou fundo nos olhos de Yuri. — Para você, o nosso compromisso sempre foi real — disse ela, não como uma pergunta, mas como uma afirmação. Depois de tudo o que descobrira nos últimos dias, sabia que ele sempre havia levado aquilo a sério. Yuri sorriu. Não era à toa que Sofia era considerada a mais parecida com Ricardo; ela era perspicaz em tudo. — Sim, confesso que sempre levei a sério, mesmo que para os outros parecesse uma mentira. — Os olhos de Yuri eram intensos sobre os dela, e Sofia só queria se perder naquela imensidão azul que a encarava. — Não tem medo de se arrepender? — perguntou ela. — Eu me arrependeria se não tentasse, Sofia. Prefiro me arriscar sabendo que tentei do que passar a vida imaginando o que poderia ter sido. — E lá estava, novamente, aquele lado de Yuri que fazia Sofia se perguntar se era realmente ele diante dela. — Às vezes, você me confunde — disse ela, com sinceridade. Para sua surpresa, Yuri apenas riu. — Não sou bipolar, se é isso que quer saber. Mas tenho os meus momentos — respondeu ele, colocando a sua taça sobre a mesa e levantando-se. — Gostaria de dançar comigo? Sofia assentiu e se levantou, colocando a sua mão na dele. As pessoas abriram espaço para os dois na pista de dança. Yuri colocou uma mão na cintura de Sofia, segurando-a firme, enquanto a outra entrelaçava os seus dedos. Sofia sentiu as bochechas corarem com aquele contato; gostava da sensação de ter a pele dele tocando a sua. Uma música suave tocava enquanto os dois dançavam pelo salão. Os olhos de Yuri não se desviavam dos de Sofia. Ele odiava dançar e, em todas as festas, se recusava a fazê-lo. Mas, com Sofia, era diferente. Ela seria sua mulher, e ele só dançaria com ela pelo resto da sua vida. Os olhos de Sofia deslizavam pelo peito largo de Yuri, subindo até as tatuagens que ele tinha no pescoço. Ela as vira poucas vezes e sempre tivera curiosidade de saber o que significavam. As mãos dele também eram tatuadas, com desenhos que cobriam os dedos, braços e abdômen. Sofia se perguntava se ele também tinha uma Fênix, como todos os amigos da sua família. — Você está maravilhosa, Sofia — disse ele, interrompendo o silêncio entre eles. — Queria poder esconder você dos olhos desses idiotas neste salão. Olhando para o rosto dele, Sofia não duvidava. Os seus olhos azuis tinham uma sombra escura, que parecia aumentar sempre que ele percebia alguém olhando para ela. As palavras dele deveriam deixá-la desconfortável, mas não deixaram. Sofia estava acostumada com aquilo; as pessoas que a rodeavam eram muito possessivas com as suas mulheres. — Não pode evitar isso — respondeu ela. — Mas posso roubar a minha noiva por um tempo — retrucou ele, com um sorriso de canto. Yuri puxou Sofia pela mão até as portas que levavam ao jardim do salão. Ali era mais calmo, e o barulho do salão não chegava. Sofia o acompanhou em silêncio; naquela noite, teria que bancar a mulher submissa e não poderia causar cenas diante de todos. Yuri sentou-se em uma poltrona no canto e, para surpresa de Sofia, puxou-a para seu colo. Ela tentou se levantar, mas ele a manteve ali. — Tem medo de mim, Sofia? — perguntou ele, segurando a sua cintura com firmeza. — Não — respondeu ela. Sofia não sentia medo, mas, sim, curiosidade. Para ela, Yuri era um grande enigma. Yuri afrouxou o aperto e moveu a sua mão até o rosto dela, deliciando-se com a maciez da sua pele. Os seus dedos traçaram o contorno da bochecha de Sofia e tocaram nos seus lábios trêmulos. Ele podia ver o modo como ela o olhava, sem entender exatamente o que ele desejava ali, isolados dos outros. — Já beijou alguém, Sofia? — perguntou Yuri, com um traço de irritação na voz. Ele mataria qualquer um que tivesse ousado encostar em sua mulher. Sofia o encarou, com os olhos arregalados e as bochechas coradas, sem acreditar na i********e daquela pergunta. — Não. Papai sempre nos mantinha por perto, e nunca saíamos. Quando viemos morar com Ricardo, ele sempre nos protegeu e nos alertou sobre a importância de não ter i********e com estranhos. — Ricardo fora cuidadoso. Diferente do pai delas, explicara às irmãs o perigo que o mundo deles representava. Yuri sentiu um alívio inundar o seu corpo. Saber que Sofia era intocada em tudo, que o seu primeiro beijo seria dele e de mais ninguém, encheu o seu coração de satisfação. — Então, posso pedir o seu primeiro beijo?
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