Capítulo 30

1057 Words
Todos tinham olhares preocupados nos seus rostos. Aquilo não fazia sentido, e o fato de duas pessoas conseguirem roubar uma das cargas de Ricardo, que eram bem vigiadas, era outro ponto preocupante. A Fênix vivia um momento de paz, por enquanto, com as últimas ameaças sendo eliminadas. Inimigos eles sempre teriam, mas as guerras maiores haviam parado, e Ricardo não queria arriscar aquela paz momentânea perto do casamento da sua irmã. Se havia uma coisa que a Fênix não evitava, era uma boa briga, mas, se pudessem evitar um conflito maior, eles o fariam. Ricardo esclareceria aquela história no dia seguinte; ele sabia que Xavier manteria aquelas pessoas num lugar isolado, onde não soubessem da localização da organização, garantindo a segurança para que fossem interrogados. — Não gosto disso — diz Nico, pensativo, os seus olhos azuis escurecidos pela dúvida sobre o que os rodeava. — Também não, mas vamos resolver isso amanhã — diz Ricardo, com olhos sombrios. — Exatamente. Hoje ainda temos um noivado para comemorar, meu povo! — diz Aurélio, dando um tapinha nas costas de Yuri. — Isso me lembra algo — diz Ricardo, encarando-o sério. — Vou quebrar os seus dentes se te vir se esgueirando por aí com a minha irmã. Eu não sou cego, russo. Os pelos da nuca de Yuri se arrepiaram. Ele odiava quando Ricardo ficava daquele jeito. Sem poder se conter, ele encarou os olhos de Xavier com uma pergunta silenciosa. — Não me olhe desse jeito; não disse nada — respondeu Xavier, de forma tranquila. — Me dá uma folga, Ricardo! Como vou me aproximar dela se não podemos ficar sozinhos um pouco? — diz Yuri, finalmente se rendendo. Dentro da van, a risada dos outros encheu o veículo; era sempre divertido ver Yuri encurralado por Ricardo. — Pode ficar sozinho com ela, Yuri, de preferência em algum lugar onde tenha câmeras de segurança, para eu ter certeza de que as suas mãos não estão onde não devem. — Não adiantava negociar. Yuri podia ver isso nos olhos de Ricardo. Diferente de Mel, que ele controlava pouco, Sofia era mais suscetível às suas regras e não o deixaria desapontado. — Aposto que você não agia assim com Estela, Ricardo — diz Aurélio, provocando. Em um canto da van, Ricardo observa Vito olhar para ele com olhos sombrios. — Não pense que me esqueci disso — diz Vito, apontando um canivete para Ricardo. — Corta essa, Vito. Quando você apareceu, já éramos casados — diz Ricardo, cruzando os braços, emburrado. A primeira risada que enche a van é a de Aurélio, que segurava a barriga, apoiado em Yuri. — Se eu fosse você, chamava ele pro tatame, Vito. Antes tarde do que nunca — diz Aurélio, com um olhar sugestivo. Todos observaram quando o rosto de Vito se iluminou com aquela ideia. Ricardo encarou Aurélio, querendo arrancar a sua cabeça. — Eu te mato por isso, Aurélio — diz Ricardo, com os dentes trincados. — Eu quero uma luta, Ricardo. Eu e você, no tatame. Você me deve isso, já que casou com a minha filha — diz Vito, dando de ombros. — Não tem necessidade disso, Vito. Já vai nascer o seu segundo neto — responde Ricardo. — Não me faça pensar nisso, porque só de imaginar que engravidou a minha filha duas vezes, eu tenho vontade de quebrar a sua cara. — Os olhos de Ricardo se arregalaram por um momento ao ver a forma assassina com que Vito o encarava. — Você ama os seus netos, Vito — insiste Ricardo. — Amo, mas pensar neles me faz lembrar do processo — responde Vito, fazendo os outros rirem. — Acalme-se, Vito. Guarde um pouco dessa fúria para o futuro marido da Isabel — diz Charles, enquanto chutava o pé de Max em um canto. — Quero ver quem vai ser homem o suficiente para me enfrentar por ela. — O sorriso que se abriu no rosto de Vito fez o corpo de Max gelar. Ele já tinha feito trabalhos o suficiente para Vito e conhecia bem o estilo dele. — É, Vito, acho que não tem homem o suficiente para te enfrentar por ela — diz Charles, rindo da cara brava de Max. — Verdade. Não darei a minha filha a um banana qualquer que m*l sabe usar uma faca. Aquilo irritou Max profundamente. As palavras de Vito o golpearam no peito, em um lugar que ele jamais imaginaria. Quando ia se levantar para responder, Max sentiu uma mão segurar o seu ombro, mantendo-o no lugar. Assim que olhou para o lado, encontrou o olhar sombrio de Ricardo. Ele sabia o que aquilo significava: tinham coisas para resolver, e, se dissesse o que queria, entraria em uma briga com Vito dentro da van. Mesmo chateado, Max relaxou no seu lugar, agradecendo a Klaus por tê-lo parado. Ali não era lugar para aquela conversa, e ele tinha que aprender a não cair nas piadas dos outros ou acabaria morto por Vito. Assim que retornaram, trocaram de roupas rapidamente e voltaram para o salão. Alguns convidados já tinham ido embora, o que os deixou mais aliviados. — Tudo certo por aqui? — pergunta Ricardo a Nerone, ao chegar. — Sim, chefe. Não houve nenhum imprevisto — responde o garoto. — Queria ter ido me divertir um pouco, grandão — diz Síria, enquanto deslizava a mão pelo peito largo de Klaus. — Ainda podemos fazer isso, pequena — diz ele, apertando-a contra si. — Ai, que nojo! Vão arrumar um quarto — diz Aurélio, fazendo uma careta. — É isso mesmo que vou fazer — diz Síria, piscando para Aurélio e puxando Klaus com ela. — Isso é inveja, Aurélio? — pergunta Klaus de longe, sorrindo. — Alguém vai ficar de bolas roxas por um bom tempo — diz Nico, rindo da cara de Aurélio. — Sem graça — responde ele. — Esse é o preço que se paga pelos seus presentes, amigo. Mas relaxa, é por pouco tempo — diz Charles, dando um tapinha nas costas de Aurélio e saindo com Raira. Aurélio gostava de brincar sobre aquilo, mas respeitava Oksana acima de tudo. Durante aquele período de pós-parto dela, ele fazia de tudo para que ela ficasse confortável. Mas ele não explicaria isso aos seus amigos; era um assunto apenas seu e da sua loira russa.
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