Yuri observava Sofia deitada na cama do hospital com o coração apertado. Ela parecia ainda mais frágil do que era, o seu rosto estava pálido e a suas mãos estavam geladas ao toque. Apesar de saber que a situação dela não era grave, ele ainda se preocupava terrivelmente. Inclinando-se, Yuri depositou um beijo nos seus lábios antes de sair. Tinha contas a acertar com um certo professor.
— Quero um de vocês no quarto com ela, e não saiam por nada. Fui claro? — perguntou ele encarando os seus seguranças.
— Sim, Don. Eu ficarei com a senhorita Sofia — disse Nolan. Ele havia se sentido muito envergonhado depois do que tinha acontecido, o peso da culpa se alojando nos seus ombros. Não era apenas Yuri que tinha confiado a segurança de Sofia a ele; Ricardo também o tinha feito, e ele havia falhado.
— Não quero que a deixe nem por um segundo, Nolan. Se precisar sair para algo, chame Felipe para ficar no seu lugar. Ela não fica sozinha nem por nada, nem mesmo com o médico. Entendeu?
— Entendi, Don. Não cometerei o mesmo erro novamente — respondeu ele.
— Para o seu bem, eu espero mesmo — disse Yuri antes de sair. Nolan era um bom soldado, mas, naquele tipo de trabalho, falhas poderiam significar a vida de alguém.
Yuri ligou para Hideo, que lhe passou o endereço de onde estava. Ele entrou no carro e partiu para uma oficina no centro da cidade. Quanto mais rápido terminasse com aquilo, mais rápido poderia retornar para perto de Sofia. Os soldados de Hideo o levaram até os fundos da oficina. Em uma pequena sala, o professor estava sentado, amarrado a uma cadeira.
— Foi rápido — disse Hideo, que estava sentado em um canto, comendo de forma tranquila.
— Precisei ser. Ricardo está vindo — respondeu Yuri, suspirando.
— Agora você tem um grande problema — retrucou Hideo, rindo da expressão chateada de Yuri.
— Está adorando isso, não é mesmo?
— A parte de Ricardo te dar uns socos, sim. O fato da pequena dama se ferir, não.
Yuri observou a forma como os olhos de Hideo se escureceram ao olhar para o homem desacordado à sua frente. Ele segurava os talheres com tanta força que os nós dos dedos ficavam brancos.
— Hora de acordar o nosso homem — disse Yuri, aproximando-se do professor e dando um tapa no seu rosto. Ele acordou assustado com o impacto e, ao encontrar os olhos de Yuri, vacilou.
— Olha, vocês entenderam errado — disse o homem, assustado, olhando para Yuri e Hideo.
— Então explique o que não entendemos. E seja rápido — disse Yuri. Ele queria o pescoço daquele professor mais do que qualquer outra coisa, pois sabia que ele tinha interesse em Sofia. Só um t**o não perceberia a forma como ele a olhava.
— Eu tinha saído mais cedo naquele dia, mas esqueci o meu telefone na sala. Quando voltei para pegá-lo, encontrei alguém com a senhorita Sofia. Ela estava desmaiada no chão, e a pessoa tentava levá-la. Quando me viu, ele se assustou e fugiu. Então vocês chegaram e entenderam tudo errado. Jamais a machucaria — explicou ele.
Olhando nos olhos do professor, Yuri ficou em dúvida. O que ele dizia parecia verdade, mas algo dentro de si se recusava a acreditar.
— O que você viu quando chegou na sala? — perguntou Yuri, virando-se para Hideo.
— O que ele disse. Mas não confio nessa cara — respondeu Hideo, observando com prazer o medo nos olhos do professor.
— É a verdade, eu juro! Sofia é uma boa pessoa e uma ótima professora. Jamais iria querer que ela se ferisse — disse o professor, desesperado.
Yuri fez sinal para que Hideo o seguisse, e juntos saíram da sala, afastando-se um pouco para que o professor não os ouvisse.
— Tem algo que eu não sei nisso tudo? — perguntou Hideo, encarando Yuri.
— Tem. Fizemos uma investigação sobre esse homem. Há algo nele que me incomoda profundamente — disse Yuri com um olhar sombrio. — Descobrimos que ele possui dois nomes com o mesmo sobrenome, mas não há nenhum registro de ele ser gêmeo.
— Então ele está escondendo alguma coisa. Pedi para o meu pessoal analisar as imagens da faculdade e não encontramos nada. É como se alguém tivesse deletado todos os dados desse dia — disse Hideo. Ele não gostava daquilo. Estava claro que alguém havia sabotado a segurança da universidade.
— Infelizmente, não podemos mantê-lo aqui por muito tempo. Todos o conhecem. Se algo acontecer, vão desconfiar, e não precisamos da mídia fazendo perguntas desnecessárias — disse Yuri. Ele estava frustrado com aquilo, mas não havia muito o que pudesse fazer no momento. Se queriam pegar o professor em flagrante, a melhor forma seria soltá-lo e apenas observá-lo por enquanto.
— Vamos soltá-lo. Posso colocar câmeras e escutas na casa dele. Vamos ver até onde ele vai — sugeriu Hideo.
— Podemos fazer isso, mas ele vai estar esperto depois de hoje.
— Sei disso. Mas ele não terá para onde ir. Isso eu garanto. Vamos pegá-lo em algum momento — disse Hideo, convicto. Ele sabia que poderia colocar pessoas da sua organização ao redor do homem sem que ele percebesse.
— Beleza. Vou deixar isso com você — concordou Yuri.
Eles voltaram para a sala e encararam o professor.
— Você está com sorte, professor. Vamos soltá-lo — disse Hideo.
— Sério? Eu posso ir?
— Sim, mas lembre-se: Sofia é intocável. E isso significa que, se soubermos que você sequer apertou a mão dela, a nossa conversa vai mudar de tom. E acredite, vamos saber — disse Hideo com um sorriso que fez o corpo de Nilton gelar.
— Fique longe da minha noiva. Estou sendo brando com você. Se houver uma próxima vez, não vou garantir isso — completou Yuri, segurando com força o maxilar do homem.
— Eu entendi. Não tocarei nela — respondeu ele, desajeitado.
— Ótimo. Um dos nossos vai levá-lo de volta — disse Hideo, aproximando-se com uma seringa na mão.
— O que vai fazer? — perguntou o professor, apavorado.
— Não se preocupe. Você vai apenas dormir um pouco — respondeu Hideo, aplicando-lhe a injeção. O homem caiu inconsciente na cadeira. — Pode ir. Eu cuido do resto.
Com uma última olhada para o professor, Yuri saiu. Havia alguém que precisava dele, e não era o homem à sua frente.