A semana de Sofia havia passado voando, e o tempo que ela passou com a família foi maravilhoso. Agora, estava animada para retornar à sua casa. Durante a semana, tinha recebido uma ligação da faculdade; queriam que ela substituísse um professor por alguns dias. Sofia ficou tão animada que aceitou a proposta imediatamente, o que deixou Ricardo carrancudo. Ele imaginava que, agora que o curso da irmã havia terminado, ela retornaria para casa definitivamente.
Sofia se lembrava de Yuri insistindo em levá-la, mas, depois do que aconteceu entre eles, ela se recusou veementemente. É claro que não explicou o motivo ao irmão, dizendo apenas que queria ficar alguns dias a mais. Embora Ricardo não acreditasse totalmente nas suas palavras, foi cavalheiro o suficiente para não insistir no assunto.
Assim que Sofia entrou em casa, encontrou os olhos animados da sua governanta, Nora, que sempre a recebia com um largo sorriso no rosto.
— Fez uma boa viagem, senhorita? — perguntou Nora, pegando o casaco de Sofia enquanto ela entrava.
— Sim, Nora, foi bem agradável — respondeu Sofia enquanto calçava as suas pantufas de coelho. Ela não gostava de usar sapatos dentro de casa, preferindo algo mais confortável.
— A senhorita tem algumas mensagens — disse Nora ao retornar, entregando um bloco de anotações para Sofia.
As mensagens de Sofia quase nunca eram importantes, mas ela gostava de verificar. Um sorriso iluminou o seu rosto ao perceber que uma das mensagens era de um professor da faculdade, alguém que ela admirava bastante pelo trabalho árduo, o que apenas a animava ainda mais pelo tempo que iria trabalhar com ele.
— Também chegou uma encomenda — disse Nora, um tanto apreensiva. Sofia apenas a encarou, esperando que continuasse. — Está endereçada à senhorita... da parte do seu noivo.
Sofia suspirou. Não esperava um presente de Yuri e compreendeu o olhar hesitante de Nora. Afinal, a governanta não sabia que ela estava noiva de Yuri.
— Está tudo bem, Nora. Deve ser do meu noivo, Yuri — respondeu Sofia, fazendo os olhos da governanta se arregalarem.
— A senhorita está noiva!? — perguntou Nora, surpresa. Ao perceber que talvez tivesse sido rude, abaixou a cabeça rapidamente. — Desculpe, senhorita, não foi minha intenção.
— Tudo bem, Nora. Noivei na semana passada — respondeu Sofia com naturalidade. Ela não se importava em contar aos outros que estava noiva, pois sabia que, em breve, todos saberiam de qualquer forma, e Yuri não era alguém que ela pudesse esconder das pessoas a sua volta, afinal, ele chamava atenção por onde passava.
— Que notícia maravilhosa, senhorita! Meus parabéns! — disse a governanta, animada. Nora trabalhava para Sofia desde o início e conhecia o amor que Ricardo tinha por ela. Por isso, duvidava que ele tivesse permitido que a irmã escolhesse alguém r**m.
— Obrigada, Nora — disse Sofia, distraída, enquanto verificava o tablet nas suas mãos. Haviam chegado vários pedidos de transcrição para os próximos dias, algo que a deixava muito animada.
— Aqui está, senhorita — disse Nora, colocando uma pequena caixa diante de Sofia.
Sofia pegou a caixa, curiosa. O que será que Yuri havia lhe dado? Era uma caixa quadrada com alguns centímetros de altura. Ela a abriu lentamente, revelando outra caixa com a inicial do seu nome entalhada. Sofia abriu o trinco e ficou boquiaberta ao ver o conteúdo.
Ao lado dela, Nora arfou ao ver o presente. Jamais imaginaria que a sua delicada patroa receberia algo assim. Os lábios de Sofia se curvaram em um sorriso enquanto a suas mãos pegavam a delicada pistola, acomodada em um tecido de cetim cor de sangue.
— Acho que não era bem o que eu esperava — disse Sofia, examinando a pistola com curiosidade. Mas ela tinha que reconhecer que o presente na suas mãos era lindo.
— Meu Deus, senhorita! — exclamou Nora, assustada.
— Não sei por que está reagindo assim, Nora. Confesso que estou surpresa, mas, considerando o que o meu noivo faz, faz todo o sentido — disse Sofia, tranquila, deixando a governanta ainda mais perplexa. Todos que trabalhavam para ela eram pessoas da Fênix escolhidos a dedo para estar ao seu lado, então sabiam bem o que o seu noivo fazia da vida
Sofia encontrou um pequeno bilhete de Yuri, no qual ele prometia ensiná-la pessoalmente a atirar. Isso a fez rir ainda mais. Parecia que Yuri havia esquecido que ela já tinha tido aulas com Síria no tempo em que estava com Ricardo. Ele teria uma pequena surpresa ao tentar ensiná-la.
— Preciso que organize algumas roupas para mim, Nora. Estarei trabalhando fora na semana que vem — disse Sofia, enquanto guardava o presente de volta na caixa.
— Vai viajar novamente, senhorita? — perguntou Nora.
— Não, vou trabalhar na faculdade em que estudei. Será só por um tempo.
— Tudo bem, vou organizar tudo. Senhorita?
— Sim? — perguntou Sofia.
— Não encontrei aquela écharpe azul-marinho que usou semanas atrás. Sabe me dizer se a deixou em algum lugar? — indagou Nora, preocupada. Sempre cuidava de tudo com atenção e não queria ser acusada de perder algo.
— Não me lembro, Nora. Mas, de toda forma, é só uma écharpe. Provavelmente a deixei na faculdade — respondeu Sofia, dando de ombros.
Sofia subiu para o quarto com um sorriso no rosto. Yuri havia conseguido surpreendê-la com o presente. Por mais que ela não tivesse o estilo de uma "garota fatal", gostou da pistola. Aos poucos, estava se acostumando com a ideia de ter um russo enorme como noivo. Só de pensar nele, o seu corpo se arrepiava. Yuri não era apenas bonito; era másculo, com uma aura de perigo que a fazia se sentir atraída.
Quando se lembrou da sensação da mão dele sobre a sua perna, sentiu um arrepio no ventre. Yuri iria acabar enlouquecendo-a daquele jeito. Sacudindo a cabeça, entrou no seu quarto e foi tomar um banho, achando que isso ajudaria a esquecer o que Yuri despertava no seu corpo. Doce engano.