Já fazia três dias que Sofia estava trabalhando na faculdade, e aquilo a estava ajudando bastante. O professor Nilton estava ajudando-a com algumas coisas, e ela sempre se animava com as suas aulas. Ela gostava daquela rotina que havia estabelecido e se sentia mais motivada com os seus projetos.
Naquele dia, ela estava na sala de aula com os seus alunos quando uma batida na porta a interrompeu. Antes que pudesse abri-la, o seu segurança o fez, colocando-se à frente, com os olhos fixos nos homens que estavam na porta.
— O que desejam? — perguntou Felipe, encarando os homens à sua frente.
— Temos algumas perguntas para fazer à senhorita Sofia Algustini — disse um dos homens, mostrando um distintivo. Felipe pegou o distintivo e verificou antes de dar um passo para o lado, permitindo que Sofia se aproximasse da porta.
— Esses senhores desejam falar com a senhorita — disse ele.
— Obrigada, Felipe — respondeu Sofia, saindo da sala e fechando a porta com cuidado. Ao lado dela, Nolan permanecia atento a qualquer movimento dos policiais.
— Bom dia, senhorita Algustini. Eu sou Leo e este é Ben — disse o policial, apontando para o outro homem. Quando ele deu um passo em direção a Sofia, estendendo a mão, Nolan entrou na frente.
— O senhor não tem permissão para tocá-la — disse ele, encarando os policiais com olhar sombrio.
— Apenas íamos cumprimentá-la — disse Ben, sustentando o olhar de Nolan.
— Não sem a autorização expressa dos responsáveis por ela — insistiu Nolan, sem sair da frente de Sofia.
Antes que Sofia dissesse algo, Felipe saiu da sala de aula, puxando-a para trás, a uma distância considerada segura. Os policiais olharam intrigados, sem entender o que estava acontecendo.
— A senhorita tem sofrido ameaças ou algum atentado? — perguntou Leo. Em sua cabeça, aquilo era a única explicação para os seguranças agirem daquela forma.
— Não — respondeu Sofia com um pequeno sorriso. — Meu irmão é bem protetor.
— Entendo — disse Leo, sem se prolongar no assunto. — Gostaríamos de fazer algumas perguntas sobre uma das suas alunas.
— Claro, ficarei feliz em responder — respondeu ela. O policial pegou uma foto e o segurança de Sofia entregou-a a ela. Sofia observou a imagem com atenção: uma menina de cabelos castanhos, olhos da mesma cor e pele clara. Não viu nada de especial.
— Quando foi a última vez que a viu? — perguntou Ben.
— Acho que no início da semana — disse ela, devolvendo a foto. — Me desculpe, estou com essa turma há pouco tempo. A professora deles teve uma complicação médica e estou apenas a substituindo.
— Entendemos, senhorita.
— Aconteceu algo com ela? — perguntou Sofia.
— Encontramos o corpo dela em uma área de mata. Ela tinha sinais claros de violação. Ao que parece, foi estrangulada até a morte — disse Leo. Sofia ouviu as suas palavras, chocada.
— Meu Deus! — exclamou, incapaz de esconder o choque.
— Não se preocupe, senhorita. Já estamos cuidando da segurança ao redor da faculdade — disse Leo.
— Isso me deixa mais tranquila — respondeu Sofia.
— Se souber de algo que possa ajudar na investigação, por favor, nos avise — disse Ben, estendendo um cartão que Nolan pegou, examinou e depois entregou a Sofia.
— Claro, ficarei feliz em ajudar no que puder — respondeu ela.
— Obrigado, senhorita. Tenha um bom dia — disse Ben, saindo com Leo.
Sofia examinava o cartão em suas mãos, sem acreditar no que havia acontecido. Aquilo era real. Quando seus olhos encontraram os de Nolan e Felipe, ela já sabia que teria uma guerra pela frente.
— Você vai contar para ele, não é? — perguntou Sofia, suspirando.
— Na verdade, ele já foi informado, senhorita — disse Nolan, com a mesma expressão de sempre. Sofia gemeu ao perceber a batalha que teria com o seu irmão para continuar trabalhando.
— Faz parte do nosso trabalho, senhorita. Qualquer coisa que represente um risco à sua vida deve ser informada — disse Felipe.
— E você já deve ter contado ao Yuri também, não é, Felipe? — disse, cruzando os braços com raiva.
— Desculpe, senhorita, mas o Dom foi claro quando me colocou para cuidar da sua segurança. Como o que aconteceu foi na faculdade, ele precisa saber — disse Felipe, arrepiado diante do olhar de Sofia. Ele não sabia como alguém tão delicada e tranquila podia mudar de humor daquela forma. Ao olhar nos olhos dela, era como se visse um grande buraco n***o pronto para sugar a sua alma. Às vezes, Sofia o assustava terrivelmente.
Sofia observou quando os telefones dos seguranças tocaram ao mesmo tempo. Ela levou a mão à testa, tentando conter a frustração. Eles não precisavam dizer quem era para que ela soubesse.
— É para você, senhorita — disse Nolan, um pouco sem graça. Sofia pegou o celular das mãos dele, chateada.
— Estou bem, irmão, não aconteceu nada — disse ela antes que Ricardo começasse a falar.
— Não me diga que está bem, Sofia! Tem noção do susto que levei agora? Chega dessa brincadeira! Você vai voltar para casa agora! — Ricardo exclamou. Sofia suspirou diante das palavras dele, sabendo que precisaria de paciência para vencer aquela batalha.
— Não posso, irmão. Assumi um compromisso, e é só por mais dois dias — respondeu ela, ouvindo Ricardo praguejar do outro lado da linha.
— Não quero arriscar a sua segurança, Sofia — insistiu ele.
— Eu sei, mas estou segura. Felipe e Nolan estão comigo, ficarei bem — disse ela, firme.
— Não quero saber, você vai voltar!
— Façamos um trato, irmão: deixo você arrumar mais seguranças para mim, e termino essa semana de trabalho — propôs ela, sabendo que ele não perderia a oportunidade.
— Tudo bem, mas apenas até o final da semana, nem mais um dia.
— Certo, eu concordo — disse ela, sorrindo.
— Se cuide, querida. Devolva o telefone para o Nolan.
— Vou me cuidar. Até mais — disse Sofia, entregando o celular de volta a Nolan.
— O Dom deseja falar com a senhorita — disse Felipe, sem graça. Sofia suspirou enquanto pegava o telefone, já imaginando o sermão que viria.