Capítulo 26

980 Words
Yuri não conseguia tirar da cabeça o encontro com Sofia no corredor, naquele dia, na mansão de Ricardo. Ele sabia que estava brincando com fogo, mas havia se cansado de agir como um cavalheiro. Sofia sempre teria o melhor dele, e, por ela, ele tentaria ser gentil e delicado. Contudo, não esconderia mais a sua verdadeira natureza. No dia em que conversou com ela, decidiu isso. Sofia havia lhe dito que não queria um casamento de aparências, e ele realizaria o seu desejo: permitiria que ela visse com exatidão quem ele realmente era, assim como a intensidade do desejo que sentia por ela. A sua semana foi um verdadeiro inferno longe dela, mas não havia nada que pudesse fazer a respeito. Ele, ao menos, esperava que ela escolhesse a universidade na Rússia para que pudessem ficar mais próximos. Já tinha tudo planejado. O quarto que Sofia ocuparia na sua casa já estava preparado e decorado de acordo com o que ele sabia que ela gostava. Ele não permitiria que ela ficasse longe dele, não mais. Parado no salão, Yuri aguardava que o amor da sua vida entrasse pelas portas. O seu coração disparado no peito o fazia ficar inquieto. Qualquer um que olhasse nos seus olhos pensaria que ele estava zangado, mas apenas quem o conhecia sabia que, na verdade, estava nervoso. E ele preferia assim — ninguém poderia ver a sua fraqueza. Quando percebeu as pessoas se levantando para receber Ricardo e Sofia, Yuri se agitou, ansioso por vê-la naquela noite. Sabia que qualquer coisa ficaria linda em Sofia, até mesmo um saco de batatas, mas estava curioso para saber como ela se apresentaria. No momento em que os seus olhos cruzaram com os dela, ele sentiu uma onda de calor invadir o seu corpo, deixando-o fascinado. Sofia estava linda, mais que linda; estava fantástica, uma verdadeira deusa vestida de princesa. Yuri encarou os olhos sombrios de Ricardo e observou como as pessoas evitavam o olhar dele. Era sempre assim quando Ricardo estava por perto, e, naquela noite, ele deixava claro que Sofia não era para os olhos de nenhum outro homem no salão. Isso tranquilizava Yuri, pois ele não queria terminar a noite em um banho de sangue por causa de alguém incapaz de controlar os seus impulsos. Os olhos de Sofia encontraram os de Yuri, e ele a observou com atenção. Percebeu nela a mesma expressão impassível de Ricardo; Sofia tentava ser indiferente enquanto sorria apenas para as mulheres que a cumprimentavam ao longo do caminho. Isso era bom. Yuri não queria que Sofia visse o que o seu ciúme era capaz de fazer. Antes que piscasse, Ricardo já estava diante dele com Sofia ao lado. Ricardo virou-se para os convidados, e alguém lhe entregou um microfone para que ele desse início ao noivado entre uma das maiores máfias do mundo e a maior organização de tráfico de informações. — Boa noite a todos. Obrigado por estarem aqui para presenciar o compromisso entre a minha irmã, Sofia Algustini, e Yuri Yvanov — anunciou Ricardo, sem mencionar os nomes das organizações. Com tantos repórteres circulando naquele dia, era melhor não correr riscos. — Hoje eles selam o seu compromisso de unir as nossas famílias e negócios diante de vocês, as testemunhas. Tudo na máfia precisava ser transparente; não podiam abrir brechas para dúvidas. Era isso que Ricardo deixava claro com a presença de todos ali. Ele estava afirmando que o compromisso entre Yuri e Sofia era real, sem mentiras ou farsas. — Yuri aceitou este compromisso com a minha irmã, segundo os meus termos. Quero deixar claro que qualquer ofensa à minha irmã ou ao seu noivo será uma ofensa pessoal a mim, já que agora eles são minha família — afirmou Ricardo, enquanto muitos sorriam, cientes do quanto ele era protetor. — E Yuri sabe que qualquer coisa que a minha irmã sofrer sob os seus cuidados será paga com o preço que todos vocês já conhecem. Na máfia, honra se lavava com sangue, e Ricardo deixava claro que, não importando quem Yuri fosse, ele pagaria caro se errasse com a sua família. Então, Ricardo se virou para Yuri e assentiu, dando-lhe a palavra. Yuri pegou o microfone e voltou-se para Sofia. — Senhorita Sofia Algustini, aceita casar-se comigo? — perguntou ele, com a sua voz grave e sem traço de emoção. Todos esperavam que ele agisse com indiferença, mesmo que, por dentro, o seu coração saltasse de alegria. — Eu, Sofia Algustini, aceito o seu pedido de casamento — respondeu ela, com voz delicada. Todos assistiram enquanto Yuri retirava do bolso uma caixa de joias, revelando um anel simples de diamantes. Ele sabia que Sofia não gostava de extravagâncias e preferia os clássicos. O anel era comum, mas com um detalhe especial: uma mensagem gravada no seu interior dizia: "Receba este anel e o meu coração." Assim que colocou o anel no dedo de Sofia, Yuri se aproximou e beijou a sua testa, enquanto as pessoas aplaudiam o noivado. — Em breve, todos receberão os convites para o casamento. Espero que aproveitem a noite — anunciou ele, enquanto a banda começava a tocar ao fundo. — Cuide bem do meu tesouro russo. E não se esqueça: ainda estou tentado a dar um tiro em você — murmurou Ricardo. — Você sabe que vou cuidar bem dela, Ricardo — respondeu Yuri, estendendo a mão para Sofia, que a aceitou. As pessoas se aproximaram para parabenizá-los pelo noivado. Sofia mantinha a cabeça baixa ao lado de Yuri e cumprimentava apenas as mulheres que vinham abraçá-la, mantendo distância de qualquer outro homem presente. Ricardo a havia alertado sobre isso: todos esperavam que ela mantivesse distância dos homens. O seu irmão não se importava com o que ela fizesse em privado, mas, diante da sociedade arcaica de outras máfias, Sofia precisava manter a imagem de submissão ao seu futuro marido.
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